Quando acontece que te és
te expandes aos céus
porque afinal guardas
em ti tudo o que de negro
recebeste deste mundo.
Em termos de cores
há muitas
e alguma dentro
e outras fora.
Todos nascemos com a mesma dose de luz e cores.
Uns vestem-se de negro para as guardar dentro
outros soltam as cores para fora ficando por dentro escurecidos.
O que há na vida somente é equilíbrio,
equilíbrio de tudo.
Assim quando vês demais de algo
é porque por dentro disso ou dessa pessoa existe o oposto.
Compreendendo isto se pode compreender o mundo,
a Natureza e ser mais perspicaz na inteligência de viver em paz.
Há sempre luz
e há sempre escuro
a questão é saber onde nivelar a balança
do Eu.
E o eu perdido tem luz no negro
e negro na luz
porque além de centrado em algo improdutivo
ele se cansa em procurar solução nesse problema.
Ora, toda a alma racional
compreende que a solução está fora do problema
e o problema é muitas vezes o próprio eu
- principalmente quando este perdido e desorientado.
Sempre me demoro a encontrar depois de me intensamente partilhar...
Sou perfeccionista e vejo os erros
os "ses", os "porquês" e tudo o mais.
Parece que estou a ganhar anos
estando perdido numa ideia de quem sou
sendo que sempre duvidei dessa mesma ideia
sabendo perfeitamente ser, a cima de tudo, silêncio.
Aquele silêncio da alma em calma e em comunhão
com a Natureza e tudo que a rodeia.
A beleza de tudo isto é continuar escrevendo,
criando (além escrita) e sabendo que isso nunca perco.
Quando a vida está torta
entorto-me para dentro
vivendo sofrendo calado
o que inventei de tormento.
Quando isto resolvido
eu saio para fora e conquisto
tudo o que me antes atormentava
e alinho-me com a vida à luz.
Depois, esgotando essa luz,
encontro novamente uma sombra que me atormenta
e me obriga a fechar-me então, outra vez,
à vida e dar-me absolutamente à arte.
Fecho-me e expando-me tal universo,
tal coração,
tal respirar.
Isto, creio que para manter sincronia
com os astros
e para, a cima de tudo,
manter independência em relação a este mundo
contemporâneo.
Vivo de perder e ganhar
e meu sonho sempre foi
encontrar a doçura da mais insuportável dor.
Tornando-me assim imune à dor,
ao sofrimento,
à vida enfim.
Ver com olhos de águia, lobo,
urso e leão a vida em plena criação.
Dói esta visão.
Posso dizer isto porque a já tive
por várias fases desta vida mortal.
É como se o próprio corpo e sentidos
vivessem perplexos
com a fenomenal consciência
da identidade que os detém
- como tal conhecimento e estado de consciência
fossem um vírus, um impossível
aos dados da Natureza corporal e física.
Viver o impossível em primeira pessoa.
(Tudo isto sem ninguém ao redor se dar conta:
Invisível)
Isso sim é arte em vida,
isso é poesia andante e vivente.
Sem comentários:
Enviar um comentário