sábado, 29 de outubro de 2016

Tanto sol ou bruma só conhece a doce alma que se verga à vida completamente.
Já tive nestas vidas alegrias que nem alegrias são mas absoluta comunhão com tudo e todos
nesse preciso e continuado momento, parecendo e sendo deveras eterno, infinito, deus, etc.
Depois e antes disto tive infelicidades de me julgar o único ser que sofre o inimaginável
de não ver solução alguma e sentir mais que demais tristeza de ser eu, e ser assim, frágil,
sensível, pequeno e magrinho.
Antes e depois disto senti felicidades, novamente, de outro este mundo
que compensam todo o esforço de meu - parecendo - inútil sofrimento.
De momento sinto-me enclausurado,
perdendo o espaço vital que tenho na mente.
Mente essa que tenho sempre de exacerbar ao infinito
para me livrar de demónios e realidades que não são.
É que atrás e à frente e de lado de tudo o que sinto
sei, perfeitamente, (sei lá eu como!) quem sou e porque estou vivo
e qual é deveras o meu destino, como homem, como ser humano e como vida sentida e vivida.
Não sei mas creio que meu coração está amaldiçoado com alguma incapacidade
para resistir à pobreza, cobardia e tristeza deste mundo, meu mundo.
A única coisa que sinto poder fazer e ser é exacerbar-me num outro,
mental, consensual e como que sensual.
Matemático também,
porque a cima de afectos, amor e sentimentos
só a física quântica do que se verdadeiramente sente ser.
Vivo neste embalo ridículo da vida se julgar
merecedora de meu recíproco gesto.
Perfeccionista do equilíbrio impossível de ser humano
e ter sentidos e sentimentos.
Toda a minha ordem é uma outra que ninguém conhece.
Eu sou o futuro de meus pensamentos e projecções de agora.
A absoluta desorganização
da organização que me guarda
e aprendi a respeitar.
Porque sem ela sou alma perdida neste mundo,
fantasma da cena,
sendo visto sem conseguir ver,
falar e não me conseguir ouvir.
Trágico espantalho que espanta a vida que o quer,
procura o nada que nem sabe que o é.
Vivo na maresia de saber ter casa
sem me nunca sentir em casa.
Vivo a palermice de me conhecer e sabotar
a todo o momento.
Se não disciplinado disto
me corrói-o sem fim
e sem respeito.
Vive o diabo no meu peito
e deus no meu cérebro.

Só o impossível me conhece...

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Obey the Troika / Work Like a Slave


Caracol da Graça

*

uma foto antiga do Caracol


parece o Rio de Janeiro!

Banksy?


perpendicular à rua Poço dos Negros


A Beleza deFende-se



Campo das Cebolas


Jardim da Graça


um abatanado descafeinado se faz favor

deus e o diabo têm conversas interessantíssimas aqui dentro

deus pensa que tem tempo e é metódico

diabo não tem paciência e brinca com as coisas da criação

deus fala baixo e com muita tranquilidade
o diabo fala um pouco mais alto e com alguma exaltação

o apaixonado, sem dúvida, é o diabo
deus está a tentar agradar o equilíbrio das coisas

há equilíbrio deveras(?) pergunta o diabo
deus diz que há sempre

o diabo sorri
deus fica sério a olhar para ele

grandes amigos são eles


no fim de cada grande e vasta conversa dão um aperto de mão de respeito
- o aperto de mão chama-se vida


terça-feira, 25 de outubro de 2016

Cada momento
é a vida
- toda a vida,
toda Uma vida.

Se te esqueces disto
orienta-te.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Oh, palavras de alto a baixo
são serenatas a Deus
ou devo antes dizer à Deusa.

Componho pelo som das letras
maravilhas intelectuais
que tocam os dons sensoriais
- até de quem os julgou perdidos.

Faço da vida uma fantasia
roubando a ela a veracidade
e meto nisto que escrevo tudo
o que demais chamam realidade,
isto é, vida.

Artista da criação,
brinco a deus esta flor na mão
e quem me cria
crio eu por aqui,
sem dor, sem medo e sem pudor.

Oh, que sou ateu
e sei deus ser mais que eu!

Ou o mesmo?

Hum...

Palavras são maravilhas
encruzilhadas
que dizem coisas a mentes caladas
- exacerbando elas à desconstrucção necessária
à real e absoluta e pura contrucção individual
e assim, singular e mais ainda então espiritual,
infinita, eterna.

Então deus é chegado ao próprio
e uma conversa de mesa,
entre amigos é possível.

Pela alegria da loucura
e muita escola em ousadia de humor
e amor e muito de não de todo isso,
se faz a escada que antes para cima
e agora...
para baixo?

Quem sabe...

É tempo de olhar o céu
e receber dele a luz.

Colher o que se pode
e viver humilde a mente
que mente
mas já se assim sabe
e portanto se sabe,
ao menos, um pouco da verdade.

Escrevo influenciado,
é claro.

Eu sou vento,
ar e mar.

Quando me enclausuram em ideia de ser apenas humano
me todo tinjo de negro e, mais tarde ou mais cedo,
rebento para fora
- fazendo do medo de outrora matéria-prima bruta
e crua que chega aos mais altos dos a cima de não tanto,
porque o além é na verdade aqui mesmo, em ti.

Procuro um pouco de exaltação de momento,
se é que me entendes.

Quero explodir um pouco por entre linhas
nobres e elegantes.

Quero matar com delicadeza,
fazer amor com selvajaria,
tudo o que não tem a ver junto,
unido,
feito ferro fundido
de minha alma viver em corpo
e querer-se livre.

Nado o tempo de meu corpo
em promessa de um dia ser nenhum
mas um todo.

domingo, 23 de outubro de 2016

Be wilderness.

The raging wolf looks at night
the sky falling by side
and eyes mind the creator
with opinions of its own.

I call the winds of the making
and summon the dark knight.

Need of rage and death
to make the bright new day light
shine on this treasure that is life,
new life.

I know the giants
and I know the small men,
I know the wars and peace
that can be in this land.

I call on the winnings of believing
and I pray to them to hear me.

Such desire to know and be
and see what the winds want of me.

Such love for the knowings
and feeling being god
by just letting it all be.

The sky cries at the street
and the moon, like a good mother,
looking at the wet son
that's inside warm and dumb.

Go to the streets and feel the water
on your skin,
feel cold and suffer.

Feel, let it be felt!

There is an uncertainty in this life.
Being on the center of it
is the only solution.

Not trying to avoid it,
fear it,
getting away from it.

Come my son,
let the father teach you to be man again.

The wolves to protect your blood
and the eagle to be your thoughts and prayers.

Fly high on the air of life.

Let the spirit find you.

If suffering,
let it suffer
and then push forward
to conquer.

I know the dark nighted feelings...

Let it be
and be with them stronger
and unbearably wiser for the world
to know the vengeance of creation.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Andar a suspeito do passado
chamo futuro à ordem grande
que me chama feito pedestal de destino
meu.

Logo tropeço em passo meu
e caio no lodo do desdém,
esquecer o presente ser aqui
a todo o momento
e o prezar a Única real profissão
que tenho e prezo.

Olho a janela e só me vem
diurna insatisfação de correr e correr
e não ver andar a coisa de me chamar
e eu só ouvir a canção de mim a me ser
e guiar pelas ruelas do futuro.

Falo à pedra e me não ouve,
falo à ave e nem a vejo,
falo a mim e não sou.

Porque só me encontro no apocalipse?  
Porque só sou feliz quando não tenho nada
e nada tenho a ser?
Porque não posso estar com noção de ter lugar?

Guardo as pedras do caminho,
(todas!)
e elas me pesam.

Tenho de mandar à cara dos que passam por mim,
os que são deveras inutilidades impessoais.

Sou espírito,
não me canso de dizer!
- fala o velho meu
de bengala e cachimbo na boca
e mão.

Minha criança,
onde está nosso amor?

Quero te ver solta de pressupostos
e ver-te correr louca minha vida
gozando com ela a toda a força
fazendo de mim um idiota adulto que sorri.

É que é na loucura que encontro minha vontade,
certeza e alegria.
É na loucura que vejo meu caminho aparecer
por meio de física quântica cerebral
que tão prezo mais que o demais real.
É na loucura minha - e não dos outros -
que sinto poder existir em pleno,
sem nada a empatar, sem nada a parecer
só ser.

A calma cansa-me,
o conforto mata-me.

Tenho tudo
mas sinto que esse tudo me pesa.

E pesa porquê? 

Porque sou assim,
me habituei assim a ser,
idiota que gosta de se queimar
e só assim gozar seu sofrimento em alegoria de viver!

Imaginar-me morto
correndo física a vida
e ver os outros - julgando-se vivos -
com suas preocupações tão banais
à morte.

Pois morte junta,
junta tudo e aceita,
aceita tudo.

A morte é o meu amor.

Como a noite,
não gera sombra
- te deixa como és, sombra e luz interior,
tudo, tudo interior!

E o que sai é consequência,
é desinibição, é palermice,
é bebedeira e cegueira da vida e dia
serem demais para tanta imaginária fantasia
de sentir.

A vida ser simples e quotidiana
é uma canseira.

Preciso duma faca no peito
para me pôr a mexer,
a sofrer,
para criar e dar
e pouco receber.

Mas do pouco faço caminho!
Elaboro destino. 

O pouco sempre foi muito para mim.

Sempre dele inventei metástases
que se tornam símbolos e depois
estrelas-guia de meu trilho.

Quero um pouco de nada,
poder estar no nada,
não sentir nada,
nem ser nada.  

Só um pouco.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

É tarde ao cheio, carregar folhas de meu enleio
que singularmente são leves e desprovidas de importância
mas já que as guardo todas pesam como uma baleia azul.
A brisa passa-me ao lado e pouco a sinto,
a morte me está impedida por estar meio
que revoltado comigo e com a vida.
A coisa não passa, o tempo fica cheio,
conversa me não abre só descansa momentaneamente.
Oh, desgraça!
Que gosto de ser roda do tempo
brincando as seriedades da vida como uma criança
que não teme, não teme sua própria existência.
Falei ao avô de ontem a avó estar a morrer
e nisto me ele sorriu e disse que ia ter com ele.
Ok, isto de ser católico tem os seus prós:
quando morrer vais para o céu e lá te encontras com os teus.
Eu não, eu nem baptizado fui
e orgulhoso disso vivo minha vida querendo-a morrer
para tão demais a perfeitamente viver;
vibrando este acto como sobrenaturalidade divina e honrada.
Sei que o que me falta é escrever e acender
esta fogueira que me sempre tratou de todos
os mal-tratos nesta vida.
Ser sincero comigo aqui escrevendo
e me depois sendo,
relatando e imaginando vida ou morte
e sentindo-a perdida por aí
sem ter quem a compreenda
e nisto me sentir finalmente livre
- como ser alado  -
porque por demais que me dê,
e me pensem conhecer por aí,
me muito mais conheço eu,
por becos, travessas, escadarias,
ruas e ruelas de meu ser.
Percebes?
Preciso que não me conheçam.
Ou melhor, preciso de me conhecer melhor
do que o que me dou a conhecer.
Quando me fico demais exposto por aí
parece que o outro me intercepta
e toca na ferida
de eu ser a cima de tudo um livro aberto,
uma alma em corpo,
uma idiotice física e pensada,
bem pensada.
Portanto deixai-me viver o norte,
a morte, o medo e a frustracção
pois estas as únicas coisas que guardam
deveras a real razão.
Afectos e amores são muito bons
mas se meu canto obscuro
não está sob controlo meu
são só chatices que querem entrar
e me acalmar
não acalmando
antes me fazendo fugir para mais longe
dentro de mim,
até me mais não conseguir chegar
e assim nunca disto me livrar.
Parece que sei do que falo, não é?
É que escrevo desde que me soube interior,
mente que fala recto e sem pudor,
inocente e ingénua também.
Quero as ordens maiores a cima
das dos outros e do mundo,
quero me sentir regente disto tudo
e depois - só depois - me deixar levar.
É que a vida é coisa que não me atinge
se eu não estou equilibrado aqui dentro.
Sei de quem morreu na vida e se levanta
e vai trabalhar ainda.
Sei que é muita gente
e que as próprias coisas de agora -
tecnologia, televisões, smart phones -
querem-te vidrado neles e não em ti.
Mas eu não quero ser assim...
É a minha única luta na vida, na verdade:
não me deixar levar por essas coisas que me impingem
e que desde pequeno sinto serem mentira, abstracção, perda de tempo.
Daí criei meu mundo e lá sou feliz.
Mas a ele não chego agora e isso me deixa perdido.
Perdido tenho de ir ao encontro
do encontrado que há em mim.
Dar-lhe a mão, ver-lhe a face
e sê-lo novamente
em honra de ser maior.
Em honra de ser apenas,
na verdade.
A vida e o mundo perturbam
esta e outras visões
mas são elas que nos mostram o caminho
à plena - insatisfeita - satisfação.
Porque o que eu procuro é a guerra,
a guerra de me sentir a viver.
Agora me sinto perdido
porque de demais conforto
pareço não ter de ser ou provar nada a mim
ou ao mundo.
Não se queira a calmaria.
Só a guerra guarda a paz da vida.
Só a tua, e só tua guerra.
(Larga os cães danados e deixa-os fazer merda,
não tenhas medo deles nem do que eles fazem,
eles te levarão a ti.)

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Self-Love
/
Self-Empowerment
:
Self the Love Out of You
-
Love Yourself and Let the World See You
(Be True to Yourself)

Quando eu era vagabundo

...e tudo me sorria porque não me pertencia
e tudo me era continuação porque não me identificava.

Tudo era tudo porque eu,
eu não queria ser nada.

Ser vagabundo é ser do mundo,
vê-lo ser sem querer interferir
porque ele é e eu o sou
só por vias do olhar e do sentimento.

Ah, tenho pena de já não ser vagabundo.

Viver a rua como minha casa
e o desconhecido como amigo.

Agora tenho casa, moto e amigos,
até namorada
e o que ambiciono mais
é ainda, ser vagabundo.

Porque o vagabundo parece não ter nada
mas sente ter tudo:
sente.

Como um índio a palavra ter,
o objecto de posse, não existe.

Tudo vai e vem mas a identidade fica,
uma identidade que não é questionável
pois não há esforço a isso mas disciplina
e vontade.

Ser vagabundo é ser feliz
porque se sabe mas não se diz,
o que dói ou faz feliz,
porque tudo parte de o mesmo,
como uma experiência esotérica
aqui na terra, bem física.

E o cão vadio, o vagabundo real,
a gaivota e a pomba
são meus efectivos irmãos.

A desgraça alheia
guarda por trás uma enorme liberdade
que só quem se sente encurralado pelas ordens da modernidade
sente.

Sorrio à morte então
desgraça minha
e mundo meu.

Sou feito de ar e recreio mental,
a alma dança a violência e o amor,
dança a vida porque aceita a morte.

É infinita eterna
e assim deve ser.

Conquistas e derrotas
só notas desta existência total.

Tudo ensinamento de uma vida
que se quer mortal
por vingança ancestral, astral e espiritual.

Cai ao céu a terra e
acredita ao ponto de desaparecer
pensamento.

Olho os olhos do vagabundo
e vejo eu o mundo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Enfim, nada de novo aqui.
Sou rei e sou mendigo,
vivo feliz por nada
e infeliz por tudo.
Em causa está o meu cérebro e coração,
o mundo nada é a isto
mas os representa e assim turva minha visão.
Consigo vislumbrar ainda
brechas de luz mas rápida a mente
se turva em ilusões de desilusão
que procuram só a mente escuridão.
Fosse eu feito de racionalidade
como meus muitos conterrâneos
e tudo isto se evaporava rapidamente talvez.
Mas sou feito de algo espesso que ama a luz
mas ama mais a sombra.
Daí, quando disciplinado, me envolvo nela
para que não me ela entre por aí,
por espaços que desconheço
por este mundo a fora.
Estou negro meu irmão
e infelizmente nem tu, nem ela
me podem agora ajudar.
Percorrer caminho para pisar isto.
É tempo de tempo e com tempo
se encontra finalmente espaço.
(Hoje no fim de algo interessante
escrever ali num jardim público
senti o vento como único ente
 - e essa sensação, esse vazio que causa,
que lembra a morte e o sozinho que se está
neste mundo, fez-me realizar existencialismo
importante a mim.)
Eu sou um buraco negro
que se se pára se come a si mesmo.
Encontro o dom da vida em coisas pequenas.
A minha subtileza, destreza e elegância
não estão.
A fluída ida da vida está tensa,
parada.
Tenho de mandar este pântano
à cara da vida,
ao mundo e aos inimigos do futuro.
A obrigação da descoberta.
O à vontade de poder sorrir
porque se sabe rosnar.
A alegria de dar, tocar e amar
porque se tão mais sente ódio
pelo que se não gosta
e é grotesco, feio e passivo.
O céu está lá,
a lua, as estrelas, o rio,
as velhas à janela,
as gaivotas, os sinos da igreja,
as cervejas nocturnas e suas conversas loucas
com amigos, os carros, as pessoas,
a maravilha de estar vivo a cada momento
e sabê-lo e sê-lo como uma dádiva
e como tal, como uma obrigação.
Não quero mais ser assim.
Estou perro, o universo de minha alma
está perdido.
O trabalho não engraça comigo.
Não consigo dar a quem me tão quer.
Estou perdido.
Sangue tóxico de meu caminho a queimar
e das cinzas abençoar feroz caminho
que tive a capacidade de perdoar.
À noite lembro isto.
De dia outras coisas
mas enfim, sei o que digo e sinto.
São certezas que a escrita me diz,
sem escrever não sei pensar.
Assim tenho disto me entender,
desenvolver e ser.
Na sombra do caminho estará destino
e ver-te luz disso é ilustre à coisa da vida.
Quero prezar isto.
Este entendimento.
Esta coisa de vivermos
e nos entendermos,
a cima de tudo.
Esta coisa de viver
e ser vivido pela vida
e o mundo. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Quando de pequeno se reconhece o grande
e se sai à rua descobrindo - nu - toda a coisa que aqueça
não o corpo mas a alma.

Quando é o frio que não chateia mas o demais quente
que cansa a vontade de liberdade que nasce do desconforto
tão certo de apenas, pura e simplesmente, ter nascido.

Quando se teima em não estar bem com a vida
porque afinal se está tão bem.

Quando de ter tudo querer ter nada
para poder sofrer sozinho e sem razão
a desgraça de saber da felicidade máxima
ser encontrada ali, deitado no chão.

Quando se vive a correr para não distrair o ser
que pensa por nós
coisas lindas e distantes
nunca alcançáveis mas quase,
quase caralho!

Quando se vive tanta merda na cabeça
que a única coisa que apetece é dar um tiro
neste orgão idiota que só imagina e imagina
e fantasia coisas que não existem
mas se sentem e mentem mais que tudo no mundo.

Quando se quer ir para a cama,
por cansado estar,
mas o ideal de não ter lugar
e ter de o sempre, a cada momento, construir
nos faz adiar e adiar,
depois de muito cigarro e cerveja.

Quando se escreve tudo isto
e mais aquilo e nada, absolutamente nada
satisfaz esta alma que quer destruir tudo
para renovar, criar e sorrir ao mundo novo.

Quando tudo o que quero é aquilo que não procuro,
aquilo que não pode ser procurado
porque na verdade não existe
- necessita minha percepção, interpretação e realização.

Quando se é criador de si mesmo
e tudo o que há de riqueza primeira
é o passado, o sonho e o desejo.

Quando se vive nesta ânsia de a vida não chegar.



Precisa dar-se à morte o seu - pleno - lugar.
Lugar esse no centro da Vida.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O vento que eu invento
é mais forte que o tempo.





(É?
Finge ser.)
A vida é uma invenção.

Inventa-a.
Only I know where I get the Forces that enable me to see and be as the light Is.