sábado, 28 de janeiro de 2017

Realmente algo novo!

Realmente coexistir com a mudança de o tempo avançar
e querer estar nesse outro próximo lugar
como novo,
sem passado que marca mas gera nova vida.

Toda a célula de meu corpo querendo a entrega à lua,
ao sol, ao desconhecido afinal.

Querer-me perder novamente
por onde já tanto desbravei:
sendo a Natureza ou a bebedeira desconhecida
e completamente gratuita e sem previsão alguma.

Falar, realmente falar com alguém, nos olhos
e ver que de tempo sendo se evapora todo o medo
do mundo e a revolução é tão pequena e grande como isto.

O isolar só serve o medo de dar...

Dar se dá e tira-se daí só mais dar.
E no dar está intrínseco o receber se a alma
for a condizer.

Realmente viver cada segundo
com a gratidão de um mestre na gruta da montanha mais alta!

Não é o espaço que te oprime mas a tua mente
que tentada à perversidade mata o desejo
e a alegria de apenas ser o momento.

E a loucura do Momento!

Tão pouca gente sabe que é o Momento
que existe, nada mais.

Tudo o resto é passado e futuro,
dores e tensões obtusas à vida
que se nova respira sim,
a cada momento.

Assim, verificar as válvulas do motor eu
e afiná-las ao Momento
para ser a cada tempo
O tempo,
a ligação de passado com futuro
sem controlo ou medo.

Assim do tempo faremos deus
e deste a vida é e só pode ser
perpétua revolução.

Serra de Montejunto

















quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Há um espaço entre o chegar e partir
espaço esse onde gosto de existir.

Aguardo a ida com fervor
mas fico com essa dor aqui
regenerando-a em força de ir
por aqui, ficando no indo.

Qualquer coisa de intermédio.

Quando se não pode,
por alguma razão,
ir
então que se vá
ficando aqui.

Uma espécie de viagem dos pobres,
viagem constante da mente,
entre espaço algum e todos
ao mesmo tempo.

Se não existe viagem
a vida cansa-se de quem a pensa.

O gozo é ficar no meio,
parecendo que se está absolutamente aqui
mas só assim parecendo porque
na verdade se está a imaginar o outro lado
constantemente.

A arte ajuda,
a imaginação cria.

Há que ter espaço na mente para isto
e não perder tempo com erros do passado
ou maneiras de ser demais agarradas a algo físico.

E quando aparecem exigências ao crescer
é que acontece a frustracção perpétua
para a alma que Sabe disto.

É preciso ter cuidado meu amigo...

Crescer sim mas com calma
e sem pretensão.

Mete-se tudo na corrida ao dinheiro
e estabilidade económica e tal
e esquecem-se da paz de espírito
e singular maneira de estar de cada um.

(Pois creio que se nasce para se ser quem se nasceu.)

Um pouco cansado do mundo
mas creio que é do meu mundo.

Um mundo repetitivo onde não encontro saída,
saída de mim.

Quero me encontrar com o mundo
e aprender humildemente a ser eu
novamente.

Uma enorme tensão dentro de mim.

Não sei o que fazer com isto
apenas escrever
porque é barato
- é grátis! -
e só precisa de tempo.

Dêem-me uma revolução,
uma guerra sincera,
algo que me distraia desta coisa de ser eu.

Quem me dera ser como os meus colegas de trabalho
que acreditam no que fazem e o dizem detalhadamente
como fazer e o que os chateia e alegra nisso.

Eu sorrio a tudo isso.

Estou sempre além,
além de tudo
e demais perto de mim.

Tirem-me daqui!

Mas a questão complicada
é que só eu me posso desmultiplicar
para poder, finalmente, absorver o mundo.

Velocidade é a arma
mas não a sei agora.

Perdi-a num amor dengoso 
e demais querido
que me fez acreditar
que parado estar se encontra.

Ai, mas eu, com o parar
só encontro obstáculos e fico cansado
de os desbravar ou desviar.

Sou uma alma cansada
que só com velocidade
encontra a jovialidade
de amar a vida a todo o custo.

Com isto, não me posso dar ao luxo de amar só Uma
pois tenho essa coisa de saber amar a vida.

Coisa sagrada a vida.

Coisa que está esquecida
e eu mesmo a esqueço agora
mas aí está a necessidade
de um recomeço.

Para quê estar prostrado no passado
se a vida se encontra aí,
agora, em tudo e em todo o lado?

Explorei já tanto com a mente
que as frustracções que me surgem
não têm qualquer possibilidade de compreensão
racional.

São coisas completamente loucas
em correspondência com a minha natural busca
pela inimaginável complexidade da vida e mundo. 

Esta vontade de Saber
é perigosa,
muito perigosa,
se não tiver direccionada
na direcção certa.

E é isso que amigos e namoradas
nem sempre ou nunca
podem entender.

A vida é só uma
como eu só um.

O feminino e o masculino:
o meu amor pela vida.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Eu como que não consigo!

Tento prestar auxílio ao meu destino
mas com grande entre-parêntesis está.

Queria matar alguém,
fazer um absurdo,
perder tão completamente
que a única coisa que tinha
era me levantar e Começar a andar.

Eu sou maluco de longe
mas de perto sou a coisa mais pura
que não tem tantas forças para resistir
à coisa automática de hoje.

Se me pressionam nascem-me demónios do passado
feitos caras deste tempo
e - amplificando  -
me destroem toda a coerência que tanto,
tanto prezo.

Quero me matar ou dar alguém o meu lugar.

Quero descobrir que além de mim
existe um outro por onde descobrir vazio
o tudo que nada mais amo neste mundo.

Dar a alguém a minha cabecinha
para poderem saber o que é sofrer
- sofrer sem razão as coisas mais irracionais
de outro mundo que torcem a naturalidade à maior perversidade.

Estou maluco,
estou maluco,
porque não dizê-lo?

Se tivesse duas vidas!

Se eu soubesse que haveria outra
- só mais uma, para tentar Aquilo que procuro!

Uma vivia eremita, longe do mundo,
sozinho, calado e profundo.

A outra vivia contigo Mulher,
sem sombra de dúvida,
rebentava com toda esta ânsia de querer saber por mim
Tudo - sacrificando-me pleno a ti.

Mas não sei.

Vivo múltiplas sempre vidas de nunca
para desbravar a alegria de tê-las todas
sendo que nunca, se calhar, tive nenhuma
efectivamente.

É que o dom de escrever
é um dom mágico
que me faz fazer do perder
um ganhar, como que, "tântricamente"
Espiritual.

Tentei ser sóbrio e coloquial
- naturalmente coloquial, devo acrescentar -
mas logo algo neste mundo desagradável
me ficou no ouvido, como um zumbido,
a me flagelar coração, ideias, sentimentos,
imaginação, destino e intuição.

Assim, quero perder tudo novamente
para saber Apenas o meu espaço.

Espaço esse que sei Fazer digno da vida.

É curioso como sou escravo deste cérebro
que me imagina e soletra pensamentos
que demais imperfeitos são, de uma estranha forma, certos.

(Ou fá-los certos também o coração.
- esse que tão adora sofrer!)

Barda-merda a isto tudo!

A única coisa que aprecio verdadeiramente
neste mundo é a coerência do espírito,
a alegria dos pensamentos gritantemente reais
que se só manifestam em mim perfeitos
- longe do mundo dos outros e assim.

Mas é preciso continuar,
enquanto o corpo anda
é preciso sofrer por aí
e trabalhar.

Mesmo e especialmente quando se nada tem de razão nisso.

Coisa estranha...

Se eu fosse para o campo agora ficava bom,
é simples.

Um pouco de tempo só
e sozinho,
os pássaros e o silêncio,
a alma e o vento:
ficava bom.

Mas há que trabalhar e férias
não as existe na precariedade doentia dos mundos actuais...

Normalmente vivo de férias na cabecinha
mas esta agora está doentinha e
assim queria era mesmo sair daqui.

Mas não dá.

Nos fascículos da vida
se morre e nasce
muitas vezes
se o sentimento e o momento
querem-se absolutamente reais
- isto é, eternos, infinitos e toda essa coisa.

Eu vivo até ao limite,
até me queimar
e depois uma chatice acontece
e sei que vai durar
o sofrimento e a dualidade
do prazer e sofrer serem faces da mesma moeda.

Mas assim é a vida
e dessa eu creio me entender.

Devia, talvez, entender menos
que era para me não demorar nestas instâncias
de pensamento e sofrimento.

Mas, como já diz o famoso português:
"não se pode ter tudo".

E, como o sou, digo o mesmo
(embora parte de mim abomine esta raça!)

Sou inglês, chinês e venezuelano,
sou macaco até
ou rato mas é.

Aliás eu nem sei sequer se sou humano,
vê lá tu a minha questão!

Porque sei que nasci de um sentimento de perda
de um ganho que adiei ao infinito.

Sendo a minha vida mortal
um testamento somente a esse facto,
de alguma forma, irreal.

A vida do corpo é uma
mas a do espírito,
meu amigo,
essa é outra toda vida...

Concorrer a tudo isto ao mesmo tempo.

Saber de loucura e sobriedade
com a calmaria de um velho na montanha
e coração de uma pequena e vulnerável criança.

Ai deus, porque me fazes ser isto?

Criar é destino
e inventar
cortesias de pensamentos cobardes ou obscenos.

Porque há que ser como a vida quer,
há que tentar ser digno dela a todo o doer.

Dói o corazon e a alma
mas de uma maneira quase ridícula
mantenho a calma.

Não sei.

"São cenas" como já dizia o meu irmão.

Cenas, apenas cenas que são agora
e depois serão direcção
(esperemos).

Já não tenho as forças de puto para me revoltar
com tudo isto e com a vida.

Agora, ausculto com perseverança tudo aquilo que não entendo.

Já tive a raiva em mim
e tenho-a aqui.

Dar-lhe voz agora não consigo.

É outra coisa que preciso...

Esquecer-me e lembrar-me simultaneamente
e assim sucessivamente
até não mais ter a ser
que estar e ficar
hirto mas sereno de meu próprio
único lugar.

Ser tu mesmo é a coisa mais difícil
e por isso há que ser apenas essa coisa.

(que é uma "coisa")
 

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Sou todo dissimulação.
(para ser verdadeiramente sincero - comigo)

Tudo em mim é um jogo de sentidos e personalidades.

Pois, demais sensível,
quero absorver tudo
e como só um é possível
imagino muitos
conhecidos e desconhecidos:
a perspicácia absoluta da perspectiva "sensasorial" da vida.

Agora, ser feliz e ser efectivamente, talvez não seja
pois me invento a cada segundo sentimento e compreensão.

Analiticamente me vivo
e o que sinto
sinto imensamente
mas com o espaço seguro
da imaginação.

E querendo viver,
viver mesmo,
é difícil
pois se não mexe a mente
tem de mexer o real.

Tem de sempre algo mexer
e ser infinito.

O outro lado pode estar quietinho
mas algum tem de estar livre
absolutamente
para eu me tolerar existência.

(se nada mexe
então me prendo num qualquer medo
e faço-o crescer ao maior pesadelo.
daí sei que meu sonho nada mais é
que a fuga à vida, fuga à morte,
fuga à certeza de estar vivo e não
tão certamente o compreender:
há que te entreter...)

domingo, 15 de janeiro de 2017

Meu coração sofrendo os infinitos de nunca compreender o amor e seus relacionamentos...

Que arma Maior quando alinhada
e que arma mais destrutiva quando desrespeitada.

Sei de mim perfeito a mente
quando esta mente e eu apenas sorrio
sabendo seus jogos sujos.

Agora estou eu num jogo sujo de desorienta acção
que nunca encontra antes desvirtua tudo o que sente e não é.

É preciso a disciplina do trabalho meu caro.

É preciso a verdadeira porrada da vida
para desbravar essência sua.

Acontece que cada noite cai
e o dia se segue.

Acontece que a vida é todo um esforço para algo
que se só concebe na cabecinha.

Creio chegar querida
mas tarde,
sempre tarde...
A pobreza guarda uma riqueza de fim.
Nada é tudo para mim
porque só o tudo me dá a universalidade
que me prende à descoberta,
isto é, ao passo em frente,
só existindo acção!

sábado, 14 de janeiro de 2017

Quando a noite chega ao fim e tudo o que conheces
é a lembrança da manhã, a luz do dia e o calor da vida.

Quando de te teres chegado ao fim
reconheces o principio e aprendes com isso
a te perspectivar em almas várias de uma só.

O grito do índio floresce a tua floresta mental.

As grandes planícies encontram-te aqui na cidade
onde foste mas não és feliz.

Amanhã parece demorar porque tenso
procuras te segurar a algo.

Qual coração magoado encontra pouco
quando se não está entretido a criar
e inventar a maneira de ser tudo em todo o lugar.

Ser universal só possível quando não estando se é
plenamente.

Como uma alegoria vivida na cabeça
em plena faculdade de todas essas faculdades.

Matar e nascer a cada segundo,
reinventar a invenção para que te nada chegue a tocar.

Mais rápido que o caminho
voar ao céu
a terra pesada jamais é.

És espírito então.

Toda essa doença de seres "aquele"
passa perto mas não te atinge
porque o ego guarda rancores que o espírito perdoa
- rápida mente.

Encontra quem de ti te faz ser Eu
e caminha nesse sentido
sabendo que o infinito é destino
e o calor e o frio são faces da mesma moeda.

Tranquiliza o menino que vive em ti.

Sê pai dele.

Depois, quando protegido o menino,
ele te guiará a deus de ti:
união de sábio.

Aí sim, poderás realmente amar,
tocar, querer, beijar.

Não deixes que o mundo te diga quem és.

Tu és desde que a tua mãe te deu à vida,
à luz.

Tu és a razão de que o dia nasce
e a noite cai para inventar, com tempo,
de novo, o dia.

Tu és quem de ter olhos,
mente, coração e pila
faz o mundo girar
e encantar ao encantamento
tudo o que mexe e não mexe.

Pois a vida está viva até e principalmente
também na morte.

Concorre a perder e ganhar aqui na terra
pois só os fracos têm medo do céu...

Afinal, o que é a terra e esta vida mortal
senão a exposição vitral de teu espírito imortal?

É isso.

Aceita os teus medos como frutos maduros
de algo que quer e tem de morrer
para que o novo, que és tu mesmo
na continuidade do tempo,
nasça de tua realização obscura
da luz que sentes agora.

Aprende a morrer
para tão bem saber e querer viver.

Nasce-te sóbrio
e sê maior
pela disciplina de seres apenas
tu.
Concorrer à loucura da vida para poder
além barreira prescrever a sabedoria do nada
compreendendo tudo. 

Existo na escrita
tudo o resto é loucura.

Se o meu antro mental
está impecavelmente limpo 
eu chego a ser infinito,
impenetrável, inquebrável
porque, na verdade, não existo
antes me escrevo existência
querendo absorver tudo
como sabedoria do viver.

E estando a viver
tudo é analisado e sentido
com fim no infinito,
isto é, absolutamente.

Assim o poeta vive em harmonia
com o cosmos
e concorre à vida como um objecto
quase exterior,
como de uma competição se tratasse:
quem anda mais rápido,
a vida ou tu?

Inventa-te superior
e faz de teus medos e vertigens
sabedorias e luzes
para que te ensines livre
e talvez ajudes os outros
a sê-lo também.

Tens essa obrigação como ente
deste e de todos os outros mundos.

Universa-te.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Ler
não é estar atento ao que se lê
mas estar desatento ao pensamento
e deixá-lo finalmente se entender por si
sem nossa intervenção.

Ler então sim,
é uma espécie de meditação.
Sendo que o que eu queria era paz de espírito e absoluta coordenação mental...

Raios a ser assim confuso meu filho.

A travessa de meu pranto cortada a meio
e os furos no pão que deixam passar o tempo
a meio de ser.

Quero ir à rua espalhar meu canto
mas torto dentro
não encanto.

Queria matar este sofrimento
mas me não consigo chegar a ele.

Coração, gostaria que morresses
que estorvo és a esta vida espiritual
e também material.

Confundes tudo e não entendes
que dentro das dificuldades há a vida
e que alguma saída pode ser profundamente
sentida.

Quero adormecer comigo só no universo infinito
de me saber existir e me deixar disso perder.

Quero desconhecer o que conheço para conhecer verdadeiramente isso.

Quero fazer reset na cabeça
e conhecer finalmente, novamente,
a simples e singela,
maravilhosa e tão valiosa
vida presente.

Perdido em pensamentos de arrependimento
não desdobra a vida ao dom do perfeito acontecimento.

O natural.

Somente isso:
o natural.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Nem tudo se perde quando se encontra.

Convento dos Capuchos de Almada












Miradouro da Costa da Caparica











Que lugar maravilhoso que ainda não conhecia.
Ao lado de Lisboa todo um horizonte de terra, mar, rio, serra e mais.



A invenção do tempo.
a questão é saber mover-se mais rápido que o tempo
O coração tem só um ritmo natural.

É bom que o sigas e o respeites
pois se o esforças ele vai para trás
querendo encontrar o seu próprio
e único ritmo.

Aprende a respeitar esse ritmo
sempre.
A velocidade é a arma do espírito sensível.
Nada é para sempre
tudo é em frente
até que a morte nos separe da vida
e nos ilumine ao desconhecido.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Oh, sempre que estabeleço o começo
logo de fim me entretenho
chegando a não fazer
sequer ser.

E na pressa de querer e querer
me estorvo tanto
que canso maneira de ser
deixando de o saber.

Quero encontrar oxigénio que me mame a vida
perdida.
Tento-a a encontrar
- perdido que estou sem meu próprio amado lar.

A minha cabecinha,
oh, a minha cabecinha está maluquinha...

Quero saber de novidades do mundo,
cair-me ao chão da realidade pura e crua
e olhar, de olhos abertos, vida nova!

Oh, que pena que tenho de saber
que sou assim,
obsessivo e ressentido,
escravo do comboio rápido
que me leva sempre a nenhum lado:
tudo!

Saí ontem,
oh, saí certamente!
Bebi bem e conversei loucuras
e conversaram-me a mim também.

Noite de loucos serena,
com alegria e alguma fantasia,
descobrimos entendimento e
relativamente feliz fui para a cama.

Mas tendo de acordar cedo
para estar na roda dentada desta economia deficiente
tive uma ressaca de infernos,
culpabilidades e estranhas coisas do passado
que ainda remoinham minha cabecinha.

Porque, meu amigo,
se eu não estou a fazer algo efectivamente
então minha mente me mata em prol de sua ânsia de criação.

E querem que arranje melhor trabalho,
melhor ofício para o futuro
mas eu, de momento,
meu querido amigo,
vejo tão pouco esse futuro...

Quero e quero
mas sem disciplina
amanso em lodo de preguiça
sem crença,
sem ânsia.

À porrada vive a minha mente.
E se não uso essa porrada para a arte
- disciplina da loucura -
a porrada me vem a mim,
concreta e tão certamente a mim,
no âmago de mim,
na profundeza do meu coração
de criança homem
que chora o saber demais
para poder ser apenas
e feliz.

Minha voz,
meus olhos e minha crença
são e devem ser honras a um tal deus
que não sei mas sinto ou senti.

De momento,
perdido,
encontro sofrimento
e como ele se mantém sempre que dele tento fugir,
decido ficar nele.

Qual a solução?

Estou sempre tão cheio de morte dentro
que a única solução é gritar violentamente vida.

Mas a violência fugiu-me meu amigo.

E sem violência não fala
a doce alma neste mundo.

Porque a doce alma só pode existir e persistir
naquele que de violência fez defesa metafísica
para o espiritual.

Porque é o espírito que é.

E se se perde ele ou isso
o que é de nós?

Espantalhos que recebem e gastam dinheiro,
fogem ao que têm medo e adiam a verdadeira sua voz.

Cansado de tudo isto,
cansado afinal de tanto me ter de dar
para me sentir, enfim, feliz aqui.

E quando me cansam
eu me canso
e o cansaço
todos sabemos
não levar a nenhum lado.

Prezo a violência porque é
a única que rebenta com as fraquezas
que nascem de ser meramente sensível.

Minha mãe fez-me assim.
Meu pai orgulha-se de mim.
Mas não estando eu orgulhoso
desprezo tudo isto e mais aquele todo:
afectos e carinhos.

Estou venenoso.

E sei que assim sou
quando não satisfeito comigo,
quando não perspicaz e rápido,
insensível às fraquezas de me dar todo ao mundo.

Eu quero a comunicação pah!

Eu quero perceber-te
e contactar com a alegria de saber
que o momento que se vive Agora
nunca mais vai ser.

Eu procuro saber
mesmo que tu estejas
na desgraça de viver uma vida excessivamente material.

É que eu sou espiritual
e só assim me prezo.

Quando entra a desgraça do mundo actual em mim
e quebra as sintonias nítidas e lindas de minha cabecinha
eu fico louco pah,
louco caralho!

Porque o que é o mundo
a tudo o que eu já inventei,
soube, sei?

Fiz e faço de minha existência
plataforma de inteligência universal
de vivos e mortos,
música e ciência,
cultura e religião,
família e amigos e desconhecidos familiares:
raça humana!

Porque sei sermos todos um!

Sei ser esta coisa de minha cabeça idiota
uma mentira instintiva para eu não continuar
meu caminho diabólico de nos conhecer a todos
Agora!

Sabias que vais morrer?

Entendes isso?

Hoje, amanhã ou depois
tu vais morrer.

É curioso...

Tive absolutamente consciente disso
durante bastante tempo ainda
mas depois caí-me em orgulhos e egos
e perdi-me.

Perdido meu irmão.

Quero amor mas não o consigo deixar sentir ou vir.

Estou venenoso,
já o disse...

Admiro todo o ser humano que vive com habilidade,
medos e ansiedades.

Quero ser como vós
mas estou perdido num cansaço antigo
que talvez hereditário e tal
mas é meu,
agora também.

O quanto gosto de ser
- quando consigo -
como vós!

O quanto admiro todo o ser humano que vejo mover-se
e, não sabendo, estar a ser (para mim).

Como um grande palco a vida se me evidencia
e isto que vejo e sinto e escrevo e sou
não quero perder
- não posso perder.

Daí a minha ânsia de querer estar por aí
vivendo cada momento até ao ínfimo detalhe.

E o resto?
E o resto...

O resto é o resto.

Minha vida é sagrada
e toda a vida o é.

Não querer perder essa crença na vida
é como gloriosamente se pode e deve ser.

Até amanhã.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

E quando oiço aquele brasileirinho do Vinicius,
Tom e Powell,
Elis, Caetano, Gil e João,
a gente toda da Tropicália,
os Novos velhos Baianos,
fico como que enternecido
por o apenas estar vivo
e ter o enorme prazer
de me assim sentir vivamente
por causa deles todos.

Toda a frustracção da vida
se torna ar
dançando com um samba novo
da velha bossa e mais.

Minha companhia querida
de ser, mais que pessoa,
emoção artística.

Que chatice seguir vivendo
o que queriam e querem que seja
quando mais tão feliz sou
no meu enleio sozinho
acompanhado só com minha música,
ideias e imaginações.

A arte de viver vivendo
é coisa que nem sempre fácil
quando se tem um ego que se magoa.

E magoado menos tem a dar,
isto é, receber.

Graças a uma esperança estranha no além
sempre creio que a solução é voltar a mim,
a esta praça de solidão
onde o tempo não é
e o espaço,
oh, o espaço sei lá - nem é uma questão!

Porque o que tenho dentro,
dentro,
bem dentro,
é um mundo minha querida,
é O mundo se quiseres.

E querem que salte para fora,
para ser mais daí,
mais do mundo dos outros...

Mas os outros não existem
ao meu mundo crente e em frente
sempre persistente.

Mais este mundo que decadente
procura colher quem crê
para o despedaçar em profeta
morto.

Só amo o mundo
quando meu amor
grande
está perfeitamente
enternecido de ódio
- consequência de seu amor interior -
por quem não acredita.

Pois acredito,
sempre sigo acreditando.

É a minha chama,
só morrerei quando por morte física,
até lá vou seguindo
ainda que torto.

Não sei.
Agora só sei que o Brasil sabe de mim
nestas coisas.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Tenho pena dos ricos.

Nas suas poltronas de individualidade
regem-se tão além do que é e pode ser real.

São vítimas de sua própria cabeça e estrato social
nunca vislumbrando a real sabedoria da pobreza e
até desgraça impessoal, isto é, de outro lhes desimportante.

São cansados da vida e ávidos dela
porque nunca lhes põem os pés nus,
antes os calçam com algo caro e - consta - bonito,
só depois pisando ela com todo o ego em defesa.

São pobres os ricos.

E, poderão dizer que isso é coisa de mártir,
religioso, socialista e tal
mas sempre senti isto em vida passada,
seja na rua de noite (ou dia),
seja no trabalho me concedendo
a possibilidade de ver tanto o rico como o pobre
agindo ou não.

O pobre, por mais que sofrido e humilde,
sempre carrega tocha humana e,
como que, "não sozinho".

O rico parece tão mais sozinho...

Vivendo numa espiral de preconcepções dos outros
virando o eu a inimigo de si mesmo.

Tristes criaturas...

E o curioso,
é que este mundo idiota e decadente,
está a fazer de nós todos
pretensos seres candidatos a esse posto.

Infelizes criaturas humanas
que se lavam em fezes de outras menos humanas
- mas mais ricas - e nisto se vive um snobismo fétido
em toda a sociedade.

A politica é economia no dia de hoje,
já viste?

A Democracia é a mão habilidosa do neo-liberalismo
por todo esse mundo "civilizado".

E não o sendo ainda
se quer espalhar essa tão formidável "civilização"
ajudando os "desgraçados" que ainda vivem na barbárie.

Triste mundo do dinheiro e dos ricos
e discípulos disso...

Vivei na sua cabeça só
e nunca vislumbrarás tu o mundo.
The need for spiritual meditation in times of insane fears and doubts.

Know that everything is beyond what you think or see.

Learn to let go of your assumptions
and let the wind flow till their womb
and make it into air.

Simple.

(funny that my religion is from a land
I've never step and never met their people)

domingo, 1 de janeiro de 2017

só um pouco mais desse impossível mente possível
"Não se pode ser sábio e enamorado ao mesmo tempo"
O amor sempre destrói uma identidade.

Não se pode amar e dar a companhia,
vida e tolerância individual
sem ser posta esta em causa.

Aí a dificuldade do amor para muitos...

O que se perde.
O que se ganha.

O que, a cima de tudo, se não compreende.

Troca-se de vestes.

Ela um pouco mais forte, determinada e "acentuada"
e tu mais dengoso, tranquilo e afectuoso.

A arte do amor está em manter alguma distância
dentro dessa absoluta partilha.

Mas não há coerência alguma
em partilhar a vida, cama e pensamentos
com outra querida que te abre a mão à vida.

E o mundo que temos leva tudo
se não tivermos as defesas e precauções devidas.

Eu, eu deixo-me levar,
deixo ela me levar por onde não sei
e ainda não tenho lar
- quero conhecer
essa impossibilidade!

Sou tão preciso e destemido
no meu pequeno ninho
que o mundo sempre responde
às minhas previsões.

Ora, no amor, meu amor,
tudo isso se esvai
e entras na correria da vida
se tornar imensamente nítida.

Para o bem
e, se correr mal algo,
para o mal também.

Ser forte é coisa antiga
mas coisa que gosto manter nova.

Mas ser forte e forte durante muito tempo
cansa a fragilidade poética de todos nós
- ou de mim só.

Sempre fiz com que a vida fosse uma consequência
de minha arte, escrita, poesia
- isto é, de meu feito destino intuitivo e crente.

Quando, por alguma razão, isso não se sucede,
entro numa espiral que só vai acabar em fim
- e o sei logo que acontece.

Fim de tudo: da relação e até de mim.

Vontade de morrer e essas coisas trágicas
de uma mente que sente sempre obrigação
de prosseguir conquistando batalhas pequenas
que na sua pequenez individual são maiores.

O amor é perder e ganhar identidade.

Queria-te e peco por não ter conseguido te manter
mas a verdade é que tão feliz sou em me simplesmente
ser e ver-me ser e ver os outros a ser com tranquilidade.

Ainda agora, numa esta noite de feriado e domingo
(que não sinto como domingo)
fui-me à rua buscar um vinho verde
para aclarar ideias.
Fui passear pela rua lisboeta
mas na verdade fiquei sentado ali,
olhando o Martim Moniz e o Castelo
enquanto pensava meus pensamentos
em tom de meditação.

Disse um poema a mim mesmo
- daqueles que não ficando escritos
para a eternidade são mais eternos
porque os leva somente o vento.

E senti-me bem,
soube quem sou e essa coisa toda de viver a mente
como perfeito universo crente.

De momento, frustrado e perdido
de ter sentido perder o que me custava a ter,
cansado de um trabalho que me não leva a ser,
tento o próximo,
tento a próxima,
tento manter a vida em subsistência,
magoando-me ligeiramente
para não magoar os demais.

Sou um pouco idiota nestas questões do sofrimento,
um pouco cristão e tal.

Porque quando magoado, cansado e frustrado
não peço ajuda
mas antes fico envenenado com isto tudo
e venenoso para os outros me queridos
se puxarem a corda que já no limite está.

Eu quero é falar pa!

Quero estar contigo e contigo
e não ter este zumbido no ouvido da mente
dizendo que falhei e que sou um falhado cobarde
e assim.

Se me entra um pouco de sofrimento
pelo antro de meu palácio criativo
eu me farei sofrer até ao umbigo da questão
sem qualquer prazer mas tentando alcançar alguma razão.

Mas não há razão,
meu filho.
Eu sei meu pai
mas deste-me este cérebro maluco
que quer saber e perceber tudo...

Se soubessem o quão difícil é ser eu
talvez me deixassem em paz.

Mas a vida e o mundo são mesmo assim.

As pessoas queridas, o amor e a alegria totais
podem e, normalmente, geram também as maiores
loucuras de sofrimento e angústia.

Porque na verdade se está completamente aberto
nesses momentos.

De resto a vida se faz a ferro,
a correntes de escravidão
para que o coração não ande aí
a dizer das suas e a sofrer.

Trabalha diz a disciplina.

Trabalha filho da puta
e mete toda essa desgraça emocional
em papel ou no papel digital deste blog.

Se és mais que os outros
prova-o trabalhando e não sofrendo
como um patético cristão que afinal és.

E o judeu de ti também:
usa-o para inventar o que de sofrimento
é antes ar e arte
de tua vida,
sendo mortal,
ser tão mais afinal espiritualmente vivente.

Faz disto que sentes
uma ode ao crescimento dos demais
que te hão de ler quando morreres ou antes disso.

Que escreve ele?

Já está com as megalomanias...

Opa, arranjo um amigo com quem falar,
bebe umas cervejas
e olha quem de olhos é teu futuro:
mulher de filhos, mamas, rabo e tudo!

Faz de mim teu discípulo mulher
que eu farei de tentar ser teu homem
nesta pequena e infinita vida de alegorias minhas.

Sempre que chego a casa encontro o meu medo...