quarta-feira, 29 de outubro de 2014



Oh, ultima jornada de verão
num dia mais que belo.

É lua agora e aviões
a passarem por cima da cabeça
como se fosse nada.

A tecnologia recorda
e eu recordo com ela
o antes dela.

Era bonito...

Mais simples,
quem sabe, mais ingénuo.

O cristo ali,
a ponte ao lado,
a sirene atrás de mim.

Fica noite tão rápido...

Daqui a nada faço anos
e são anos de "verdade":
27 turnos.

Visto a camisola do Outono e vou por aí.

Quem me chamar
já não aceno,
antes dou um passou-bem, um beijinho.

Tentar a coisa,
percebes?


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Vejo a vida chamar
aqueles que me perto
estão longe.

Vejo a vida dizer coisas
sem entardecer caminho outro
que horizontou tais precipícios catastróficos...


Parece que só mesmo a vida.

É, só mesmo a vida.

Pois, por mais que se queira saber
- para não perder - quem mete o pé
é quem sente, e mais do que saber,
vive a vida.

E a arte é tão enganadora...
(Não é não!)

Schhhh, cala-te!


Sabe lá da vida
o que de imaginação colhe direcções.

Só uma há.
Aquela que de individuo se torna una
com o todo de ele se expressar e ser.

Sofrer?

Que delícia!

Sem sofrimento jamais há decisão
ou contemplação
- regozijo dos Deuses sentida
por esta pobre pessoa.

Mais do que saber
há tocar, chamar, sentir,
envergonhar o de nós antes
que o depois é que é amanhã.

Fora os passos
a decisão que faz de passos
idiomas, ritmo e cantigas de amigo.

Pois viver rege-se humilde,
cuidadoso,
como que sensual.

Tempo do descobrimento
enaltece passado quente
em chamas de nenhum prazer
- e no entanto Tanto o haver!

É olhar ao lado e ver com outros olhos.

É ter perspectiva
sem mais demais perspectivas.

É andar.

Ai, tão somente andar!
Hoje sentei-me ao lado de um gordo
no miradouro.
O gordo, no miradouro,
só tinha mãos e olhos
para o touchscreen do seu smartphone.
Tossiu ao primeiro bafo
de cigarro que expirei.
E pensei:
que será mais saudável;
olhar e ver o que o miradouro
a oferecer,
com um cigarro na mão direita
e cerveja na mão esquerda
ou ser pesado e fechado
na sua inteligência tecnológica
(não necessariamente sua porventura)
desprezando o que acontece,
a vista e a vida.
 Cheguei à conclusão
que quase são a mesma coisa
porque, tendo vontade de escrever,
logo peguei no telemóvel
para o transcrever.
 Clássico ou moderno
a tecnologia é outra
mas o fim o mesmo?
 Pode ser...
Prefiro não guardar ressentimento
à sentida dispersão dos nossos tempos. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Pela estrada enxada dentro,
dentro do coração incha
matando razão,
enlouquecendo a emoção
- qualquer delas uma -
a um estridente grito de libertação.

Chato pensamento
que sem libertar
torna-se tormento,
viver o saciar desse funil
que sempre dá menos que o que recebe.

Estar por ter de
e ouvir cantar quem se não.
Falar, ouvir e mexer
só porque tem que ser.

Dado trabalho de formiguinha
que não chora nem queixa,
assiste sua dor
até com um certo humor.

Porque esse há-o sempre
- mostra a tese do silêncio
que reflecte inteligência.

Um dia por dia
e que a maresia salte sol e sal,
chamando à razão o coração. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014




Um buraco chão
que cai a perna minha 
que segura caminho.

Oh dela
me cair
agora que travo destino.
Me perde ela ritmo.

Ter de nadar em terra que descobri pensar.

Falar de quê
quando só me surge imaginar?

Foi de tão longe 
que soube daqui 
e agora me vou,
tenho de ir.

Caminho me chama,
e avança, 
e se não vou 
deixo de ser, sou.

Sou quem do vento vim.
Assim me sinto
e o dos outros não sei,
nem sei se sabem eles também.

Parentesis chato
o acordar num charco e não no mar.

Oceano com tanto,
tanto lugar onde furtar terra,
palmeira sombra e luar.

Sol seca.

Que venha a chuva que chora
- nisto dando vida.

Nasce um menino,
uma mulher.

Colhe a flor que caiu 
com mais alma vaguear.

Extensa.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Autoridade é tudo para quem sofre dela.

E autoridade é saber dela.

Sabendo-a se pode ser dono dela.

E ser dono dela é ser rei e mendigo
com a paz de quem de inteligência reconheceu deus.

domingo, 19 de outubro de 2014


Doce dia que deus cria.

Doce dia ao ar quente
que cheira, espalha alegria.

Dá vontade de espalhar asas
e dar à vida o que ela induz.

Maresia de Verão em Outono precário.

O tempo muda e muda o tempo,
escolhe o espaço do começo e continua,
mais que crente, praticante.

Nasce daí a coisa que faz
deste dia um dia doce,
quente e, como que, alado
por sinal.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

There's something so sad
about people who try to find
their own safety in smiles of supposed liberty.

Really is a sad view
to find in those smiles fear
- so much fear and desolation -
rather than liberty and commotion.

Had my share of community living
and, must admit, it wasn't the greatest of that kind of living...
But, living "in" shouldn't mean living "out"
- out of society like there was another ground.

Such a sadness I feel in those that are trying
to go beyond fear...

It's like they're searching for themselves,
not finding, so they throw up on you their search,
for you to find.

That's nice maybe when you, yourself, are also into finding...

I found, my dear friend,
and ok I am in being alone, in that so.

Cause I found I'm not alone...
All the world people know about this.

And it is your little graveyard of talking peace and liberty
that seems to me to be so little and sad and lonely.

People that are running away from something of their own,
not from the world. Grow hair and dreadlocks,
and piercings and tattoos, and think they've found a way
to not so feel alone...

Well, for me you are the most alone people in the world!

Know why?

Because you need those things to change the way
society thinks of you - consequently the way you think about yourself.

Need a bath and a bed of yours,
your body and dreams only
to caress your fears and feelings.

Then you'll know that you are on your own
and all of us with you.

Same journey,
same home,
same destination.

Isn't that greater?

(Greater than appearing to be different
rather than being the same
with different ways?)

Thinking...

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

De salto alto pergunto o chão
e se me ele explode
será que tenho razão?

Bato à porta da velha vesga
e recebe-me uma alentejana donzela.

Perdido, corro o canto ao apaixono
mas isto longe dela - te lembro.

Coisas do coração ser feito de ar
e a razão de betão frio
que une ideais sem os deveras fecundar.

Somos todos Homens, Mulheres.
Todos parte dum Todo coitado
que nos olha ressentido
por tal desprezo feito vida.

Na sirene da ambulância
vejo o sistema funcionar.

Há quem trabalhe
e bom disso nos lembrar.

Coisa frita que é estar aqui a pensar,
melhor dizendo, escrever
- porque pensar, pensar
me mói mais dele o medo.

Aquele medo sem razão,
insuficiente esperança e nenhuma tesão.

Será o medo masculino ou feminino?
Aí pousa a questão.

São dos outros um
e o de mim se perde por aqui,
em paredes mansas
de quem não canta mas
escreve como vestinhas a Ela desse.

É tudo Ela
e Ele que se dane!

Homem nasceu para construir,
a Mulher persevera o que não cair.
e porque não dizê-lo:

O Feminismo é Machista.

O quê?

Bom, talvez não
mas
fica bem escrito
e como ideia
dá que pensar.

(Ó Mulher sabes o que quero dizer!)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Na rua expando pela internet
que me falta ela em casa
dado o dinheiro - em falta - que me a permite desfrutar.

Tempo a tempo
largo as asas,
outras os pés
e no chão ou céu
caio como um raio
de ter de nascer.

Coisas a fazer,
coisas a fazer...

Há tempo a ver.

Coisas do quotidiano,
coisas de ter trabalho e querer outro.
Ter quarto e querer outro.

Coisa de nem tudo depender
de quem aqui sente.

Coisas a prever...

Internet faz falta em casa.
Mas não faz falta na rua,
digo eu.

Deve haver limites a coisa tão infinita.

Deve haver sim
porque o de estar aí
requer calor e saber,
arriscar para conhecer.

Vou ali e já volto.

sábado, 11 de outubro de 2014

Gosto do Outono.

Dá espaço à vida
 - vida essa que tenho dentro de mim.

O Verão é soltar
que, demais sentir, viver é uma extrema necessidade.

Mas esta, de tão efervescente,
não soletra as cores de meu ser.

Outono, mais calmo:
mais de contemplar,
agir só se bem sentida vontade de dar.

Correm as vestes,
casaco e meias,
botas para a chuva talvez.

Mais quente esse frio afinal.
Nasce o quente de nós,
coisa mais quente que o quente do sol actual.

É ter sol cá dentro.

Coisa que não ilumina mas descansa a atenção,
descontrai o afecto a ser coerente e não fugidio.

Certo é viver momento como final.

Então sim, gosto do Outono
como há tempos gostava do Verão.

Mas passando, há outro.
E tão bom que é um novo
- de sempre -
ao tempo ser o tesouro de quem nos guarda em silêncio...

Amanhã, Ontem e Hoje
são coisas de agora,
são coisas de sempre.

Falo ser do momento.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Pela paisagem tu agora
de cheio ao sítio
parte a pluma da coerência
especifica.

Fica tudo fora então.
E no fora me não encontro não...

Há, ou haverá, encontro fora disto que sinto?

Só tempo para me responder.

Sempre aceso
demais apagada vertigem;
colhe-me outra alma que assista voo
ou estadia,
ninho maresia.

Volto logo
seja hoje ou amanhã.

O raio me corta a garganta
e sou só silêncio que grita em chamas.

Naquilo de saber
prolongo saborear de nada passado em mente
mas, na verdade, na frente,
frente de mim te mantens.

Há que ser assim.
Que ser assim ao tempo de ser sim.

Curiosas passagens
e contrapontos e contratempos
que inauguram o teu e meu tempo.

Qual de ligação progredir?

Há tantas...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Oh, o céu nublado me encontra fechado em casa
vendo filme, espreitando a vida pelo canto
deixando crescer tempo
espremer o sentimento.

Depois da comida
há uma, duas cervejas de rua
e cheio, vazio (o que interessa?)
há amanhã e afins de fim que não há ainda aqui.

Porventura me desleixo
acredito no fecho e não na abertura
mas voz que me sai atrai e retrai;
lembra o outro, lembra-o de mim
que esqueci (sim?).

Momentos agora
dia de folga
e a esperança em algo
que de delicado mete angústia no molho.

Não assim choro
pois demais habituado acordo ao lado do que sinto
interpretando(-o).

E entram-me olhos pelos olhos,
afectos feito raios pelo coração a dentro,
como se tudo, de alguma forma, importante,
ridiculamente visceral.

Não ter o que fazer...
Só pode ser.

Ontem havia caminho sem dele saber;
era só fim, fazendo meio.
Hoje o fim sou eu e o meio me há de querer,
e quer e quer...

Gaivota no meio dos pombos,
gato a olhar.
O cego os ouve
só.

Há mar.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Dela a pele. Pele a minha que nela cede.
Cela a mais de espaço carinhoso.
E come o chão e tudo ar, voar esperança - tocar.
Falar doido para descansar,
penetrar fundo para amar.
Feita de pele, és feita de pele.
Eu de osso. Feito para me roer.
Rói-me tu se quiseres.
Eu fico.

sábado, 4 de outubro de 2014

Palavras ao canto de desaparecer pelas ideias aparecer.
Conter para manter depois crescer.
Foi dali ao lado que me ocorreu sentado
descobrir consensos outros que não lembrem daqui.
Assim fugir sem tanto de ir
porque ir implica coisas e o descobrir vontade só.

A rua salta.



É a Avenida Almirante Reis!

É o ver Chineses, Russos, Indianos, Angolanos,
Japoneses, Ucranianos, Nepaleses, Brasileiros,
Moçambicanos, Paquistaneses, Guineenses
e demais gentes juntos no mesmo saco,
mesma rua!

É andar na avenida da cidade, que me viu nascer,
e sentir-me estrangeiro.

Olha vou à Índia e já volto!
...comprei um caril decente para o jantar.

É andar pela rua e não me cansar de Portugalidade doentia,
mesquinha e tão modesta, humilde e pequena...

É a crise!

Não, não é a crise.

Na minha rua não há crise,
há mundo!

E o mundo sabe de si.

Com escola em simpatia, tolerância e distância
se faz um novo mundo
- no mundo da gente portuguesa.

Ah, e não é tão bom?

"Lá fora", fora desta rua e zona,
a coisa vai andando,
vai passando.

Aqui a coisa anda afinal!

Vai devagarinho, com muitos carros a parar
na avenida, obstruindo o transito habitual
mas:
sempre dá para passar.

Carlos Cândido dos Reis 
é o nome do tal Reis
que era Almirante
e agora uma Avenida
- da qual aqui expressamente falo.

Parece que era rebelde...
E assim também é e será a sua Avenida
em fresca memória de sua partida.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

If you can't stop you can move,
if you can move you can't stop.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Não faço a mínima ideia de quem sou
mas se tu me disseres eu vou.
Might the wind find the body on my skin.
Relate to those the thought of the finding.
Not the stone but the bird yelling.
Air and sun may be the ones not to complain.
About the pain I gain wisdom and so it remains the same.
Smiling like a young baby with dark, natural beard.
So called night when not sleeping awakes the morning I forgot.
So it goes, shall go till it falls: another to carry all.
Beginning is old, continuing is maturing, feeling and doing.
Get together with the no one and build the world for all.
Meet the new with the old and realize this song.