domingo, 28 de setembro de 2014

Por de baixo do laço solto da camisa
me dança a cama de eu a ela.

E na pequena saída
me lanço de alto cheiro,
tresandar a sexo!

Fogo à alma e choro de criança na esquina,
cantigas de amigo na avenida!

Mexem-me as pernas
o som das escadas dela,
saltos altos e mais.

Parafusos na cabeça
e tremenda a doença da carência
construir catedrais em honra de sei lá quem!

São urros e porrada,
suor e sangue na calçada.

Cavalos se agitam os homens
e as mulheres assistem
descansadas o cigarro na boca,
olhos de lua meia.

"Faz favor não sair daqui menino" -
faz favor que sim.

Dei o braço à Oliveira
e deixei o abraço por dar a quem venha.

São lados jogados ao centro
e chãos de céu que havistam mar.

São palavras que tenho para cantar,
saber ouvir -
discernimento do Ir!

Corre as pegadas da sombra
que acha as achas de luz,
fogueira de outrora,
sol de amanhã - por agora.

Mexe-te filho pai
que a mãe abre-se!

sábado, 27 de setembro de 2014

A grande "Arte" serve para desviar a atenção de quem a cria.
A pequena "arte" serve para chamar atenção a quem a recria.

(ideia momentânea)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Need the same of everything to
get beneath and feel the unfeelingly heart.

Details know more...

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

É incrível o nervoso que fico com a mudança.
Prestes a me desafiar numa ida ao cinema
e todo o meu corpo se mexe em discordância plena.
Nem vou pelo filme - pois nenhum de qualidade sensata -
mas pelo desafio óbvio que me dilacera a tão querida estabilidade.
Gasto ao cão das sombras, alargo-me. E "largado" me socorre o mundo?
Não creio, socorro-me eu também. Ver de estado além, enquanto aqui perdido
no desígnio de ser eu e pronto. Mas a mais quero dos outros, ser dos outros,
ser outros e no final apenas um, vida singular que grite plural.
Bom, há que ir, mesmo - e principalmente - à mais ridícula coisa que nos mete medo.
Não vou ao cinema há tanto!
Vou hoje porque é promoção coincidente ao meu dia de folga então.
Não sou rico!
Paga parte a minha operadora de telemóvel que me rouba enquanto pode.
Mas isso detalhes...
Vou ao cinema e já volto!

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Li há bocado um escritor Sul-Africano
- Breyten Breytenbach - dizendo que
os "turistas matam tudo". Disse ainda que lhe
era difícil compreender que os turistas,
além de serem turistas, eram também
pessoas normais.

Vem a propósito ler tal coisa vinda de quem não eu
pois há uns dias que pensei em escrever sobre esse fenómeno
um tanto macabro: o do turismo actual.

Lisboa está coberta de turistas,
são mais eles que vivem a cidade
que os seus trabalhadores
que mais assistem aos sorrisos deles.

Como uma nuvem de água que molha
e vai embora, secando as águas com sua rápida ausência.

Espevitam a economia e o empreendedorismo
mas estes vindos de fora, vindos de quem não é daqui (ainda).

São almas que não conhecem nem reconhecem espaços
nem maneiras, tudo lhes é igual porque tudo é diferente
ao que lhes é nativo - lá na terra deles.

De maneira nenhuma condeno o turismo por si só
mas o excesso dele; não tendo como o combater
com questões culturais daqui, gente daqui
que trabalha a cidade, vive-a diariamente.

Ser de Lisboa também longe está de significar ser Português
já que este espaço de terra é habitado há milénios por mil e um povos
e hoje mistura, tão bem, faces, cores e línguas de todos os continentes do mundo.

É do turista que se fala.
Ainda mais do turismo.

Lisboa e Portugal estão perfeitamente em baixo,
plenitude de desesperança colectiva e extensiva.

Tudo que resiste aqui, fica por aqui.
Sem voz e sem saída,
ganha calos e dores,
medos e pavores,
angústias desconhecidas
porque não vindas ao propósito
de Lisboa estar em festa.
É das cidades mais Fascinantes do mundo
para visitar em 2014!...

Quem usa e faz funcionar a cidade?
O trabalhador.

O turista é apenas quem compra,
quem apesar de tudo abre possibilidade
à abertura de empresas que afinal se centram
e concentram - apenas - nele, no turista.

O turismo é uma invenção,
viajar não.

Quando uma cidade se foca no turista
perde o olho ao seu comum cidadão.

Com o turismo e essas belas publicidades
- perfeitamente artificiais e perversas mesmo -
que ele fomenta, a roda de baixo
- do cidadão trabalhador - vai andando
como que para o turista, para o turismo.

Não é forma de gerir uma cidade,
um país, uma cultura...

A sincera revolta ou reivindicação de direitos
é obstruída pelo sorriso fácil e despreocupado
de quem visita o que não sabe
e sabendo esquecerá rapidamente.

Falo com velhos de Alfama, Santos e Alcântara
e todos me falam do "Antigamente".

Claro que esta conversa surge sempre
mas não parece tão mal esse tempo
em que os bairros todos de Lisboa
estavam vivos e cheios com gente daqui
e acolá a viver junto, na mesma rua,
mesmo prédio.

Até eu, estando longe,
deixei-me seduzir por essa publicidade,
alucinatória, do turismo da cidade de Lisboa.

E aqui estou.

E a verdade é que gosto disto,
gosto disto porque conheço isto
e sei que há tanto ainda por conhecer aqui.

domingo, 21 de setembro de 2014












As he walks the broom washes dust to the side
and the dog sits and gives his eyes to him.

He's disturbed about life.
Nothing too much,
he's like that,
always in that confused area.

Cigarette on the lips,
next a beer on the Indian shop
and time to withdraw some feelings,
peace maybe.

Calls a friend
but working,
has to be for tomorrow.

Lost on solitude
life seems and feels immense
but it's just feelings flying
and no touching can be or be felt.

Looking at the sea, the sky,
massive clouds and brutal sounds
of lightnings at afternoon
- make him feel alive.

A bicycle ride
by the river Tejo,
seeing with new same eyes
the Expo 98 "afterwards".

Nice place,
modern and spacious.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Caminhos ao cego
encontro o cão velho
que me acalma tesão própria da idade
precoce à fenomenal razão.

Adormece perto de mim,
fada tão grande, tão longe,
tão longe sim.

E quando acordo
sou outro
e a pedra que encontro
é mole e recheada de verde fresco musgo.

Esponja então
para sorver a razão.

Chama-me ela
sem ser chamada
e assim nem ela
nem eu
- turbilhão de andar a horários
e pescas que pescam civilização.

Dinheiro quero eu dizer...

Ao fundo um lago para contemplar.
Ao perto alguém que não me quer.

Nisto lembro o bem-me-quer
e descanso sereno do asseguir
me embalar.

Luzes amarelas
e ruas aqui e acolá.

É tudo dunas,
é tudo sei lá.

Perguntas para quando.
Respondo "amanhã".

É ele que nasce certo
sem interrogações,
sem rasteiras.

Eu aguardo.
Eu aguardo ele.
Eu guardo-o.
Fui à livraria "Desassossego" e quem não vem comprar um livro,
um livro por acaso escrito pela mesma minha pessoa,
que a minha prima Marta!
O mais interessante foi que, lendo eu outro livro,
estava pensando o engraçado que seria,
naquele momento, haver quem quisesse o meu livro.
Queria e era a minha prima!

Direito à assinatura do próprio e tudo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Um cão à janela


no Bairro Alto.



A tristeza com a cerveja é só sabor
não tem valor.
Four lightnings to the floor
dance at his heart on flames.

To gain the wisdom he falls.
To get up he awaits.

Maybe a hand,
maybe a smile
- nice to hear a foreigner
known language
close to his skin.

(But) he did the unthinkable.

He has fallen in love with a she of stone.
Crystal stone; unbreakable to what goes down,
unbreakable to what stands and demands.

He has placed some chains
around her neck, chest and hips
for her to be steady and ready for him.

He flies...

domingo, 14 de setembro de 2014

Eu passei por ela e ela me riu.
Passei por ela e ela me viu.
Passei por ela...
Passei por ela?
Passei por ela.

Ela passou por mim e eu a sorri.
Passou por mim e eu a vi.
Passou por mim...
Passou por mim?
Passou por mim.

O perfume sim!

O quanto hoje me deslumbro
com perfume de mulher.

Principalmente aquele
distraído, como não evidente:
champô ou amaciador, 
creme para a pele...
Coisas de mulher.

Tanto aprecio que prefiro
estar longe e sentir de perto,
enredo perdido pela imaginação.

Mas tocar deveras a razão!

Lábios e vozes
- Olhos(!) -
língua e molhado...

Ah coisas que são demais
para vidas meticulosas
expressas em memórias e
em perigo de perder o que custa
o custo de viver.

Demais emoção.
Reter para criar
não deslumbra o corpo
nem seu andar por aí
ao gosto de quem vê e ri.

Mas há tempo,
tempo para tudo como o meu avô,
que já morreu, dizia.

Ver essas nádegas por aí perdidas,
dançarem odes à vida sem serem introduzidas
ao espaço e tempo de olhar sem ser visto.
Coisa de homem que sabe de mulher...

Pretensão deveras.
Coisa que me guarda e adia a vida.

Eu sei,
sei eu.

Palavras são perdidas
se não relatam o que o dia,
ou a noite, deu.

É só que há tantas
e tantas coisas que nelas encantam
e chamam e lembram e surpreendem.

Um mundo no inicio do toque.
Um mundo além do meu,
além desta imaginação que doeu.

Porque já não dói...

Amanhã há mais.
Treasure inside the bank.

Outside the need to go in
- like a vagina of immense power and delivery.

For the one that owns the bank
lives eternal like not feeling
the skin burned out
of the sun looking him.

Laughs as the stars an illusion
and he the creator.

Falls asleep in a bed of profound
below comfort
just to awake in a breakfast bed
not feeling the wind.

Touches the ground
with his shoes in place
for his legs out of bed.

Information deals and profit greens.

The smile...

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

É interessante ver para colher
o que cai no chão da hora
- colhe quem olha perdido.
Ele, perdido, vê perdição nos olhos
que tentam encontrar afinal.

Chamamentos do ar
ou olhos para amar,
toques ligeiros que guardam
o encontro que encontra sim.

Fala a guerra acesa de viver em paz,
por agora: tenta.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014


Foi de verso assim que nasceu a prosa de mim.
Coração de feto cheio que alarga a raiz, nascendo árvore mais de mim.

Agora, pelas ruas respiro o ar de não saber,
encontrar quem me tem a dizer
e escutar o que antes entrave 
hoje continuação
- pois mais um pouco... ah, continuação!

Crescer é dar tempo ao tempo,
não lhe tomar demais responsabilidade 
porque quem de individual uma identidade total?

Há o quotidiano!
 
Oh, o ver e tocar 
quem de fora ao passado colhe aqui meu presente
em tom de nenhuma saudade mas o estar aqui,
o simplesmente estar aqui e agora.

Porque há continuação,
descobri-a - ela existe!

Fogo de conter lá na hora do chão.
Hoje sou bruma, brisa
que leve leva o pesado 
como quem se não queima com o passado.

Falo quando posso,
mexo quando quero,
penetro quando sinto.

Tem de lado o certo,
tem o lado que o leva ao correcto.

Viver com feridas
é sará-las com alegria de quem cresce.

Palavras os dardos de meu pensamento 
que acertam em cheio num qualquer deslumbramento.

Que o receio é sozinho,
é recheio e não alimento.

Alimenta o tempo com além,
colhe qualquer desdém com ir 
e vem, 
e vem...
 

sábado, 6 de setembro de 2014

Falei ao vento de ti
ao qual ele me respondeu silêncio
e um ladrar de cão.

Desci as escadas e encontrei a rua.
Encontrei também quem me quisesse...

Foi de lá que vi
que tudo que tenho por aqui é o que há.

Havendo se constrói o navio,
a nave; do chão às estrelas,
do coração à razão.

Concreto pensamento
guarda tristeza da sabedoria
e nisto me falo ao outro e tudo
parece bem...

Mergulho mais um pouco
nesta fraqueza de viver inseguro,
passivo de activo económico,
emprego e horas marcadas.

O amanhã escrito em números.

Mas que sabem os números e as horas
sem os olhos e o sentir nelas?

Portanto viver é esta dor de não saber,
esta maneira de "ter de ser",
arriscar perder.

Ver o que dá ser
sem me disso ver.

Candidatar-me à vida
sem repouso, sem chama.

Construir.

Tudo se tem de construir.

(desconstruir o sonho vivendo)

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Calçada do Menino Deus


Ser do vento vela
e resistir a ele
para fazer avançar o barco todo.

Ser o vento e o barco portanto.

Olha o horizonte
feito colaça da mente
que ferve por dentro sonhos
de maresia fresca
depois de sentida quente.

Abraçar o tempo
esquecendo-se dele e acordar ao vento
nu de direcções que a única é a que a vela
resiste levando com ela o barco e o tempo.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Encontrar o rio sorrindo
vendo em cheio o olhar dos outros
em saudade que não sabe mas sente.

Contacto de aparecer pelo olhar de quem vê.
E na hora de cair
renascer quente de bruma infernal.

Manhã de chão amorfo
enquanto levanto a delgada esperança
de crer no passado feito futuro
pela criança cheia que sonha acordada
a noite do dia, o trabalho da imaginação
que guerreia o andar nu em rua escura.