sexta-feira, 31 de março de 2017

Love is, in a way,
a easy way out for life.

Friendship is superior.

quinta-feira, 30 de março de 2017

quarta-feira, 29 de março de 2017

Longe do inicio
passado o fim,
o meio longe daqui.

Sei lá o que nasce agora sua puta mal cheirosa!

A ordem está quebrada e não sirvo nada
e oiço ou vejo, sinto,
perco ou ganho.

Tudo a seu tempo,
a paciência,
a tolerância a esta merda toda.

Vontade de explodir,
não sinto o ir
nem vou.

Fico a recordar
e nisto os diabinhos vêm-me sempre demonizar.

Já os espero
é o quanto já nisto vivo
e estou habituado.

Se não vêm os chamo...

Puta de paciência para esta cabeça!

Um tiro nos cornos seria bem mais sensato.

Vida de loucura,
se a há que se a viva a criar coerência
sem medo ou distância.

Não vejo a noite ou o dia,
vivo por teimosia e alguma esperança.

Não tenho sede só resistência,
não tenho fome só vontade de gritar.

Explodir esta merda
para ir finalmente.

Quem me inventou poeta?

Que coisa mais idiota de ser...
Arte ao Sol de me Ver.
No acontecer de vida passar
e a alma exacerbar o sofrimento
mais que o reconhecimento do presente.

É uma pena diz a parte de mim que tem de andar sempre para a frente...

Eu aguento tudo,
fui de aguentar a morte a cada dia,
sou de saber ir além do sofrimento e ver
com olhos de vazio o tudo que me guarda reconhecimento.

Mas de momento meu pai,
estou mais que demais estranho a isto.

Creio que estou há mais tempo
do que devia num só sítio...

E quando um cai
vêm todos do longe
para perto ajudar
a alma que só quer-se libertar de tudo
e todos
para afinal se auto-criar
nova.

Uma dor no peito gigante
de viver num sítio
que só lembra passado
e me não oferece nada
senão referências a nenhum lado.

Qual futuro,
eu assisto-me resistindo a tudo
tentando o passo em frente apenas
sem cambalear ou dar azo de que sou,
estou fraco.

Como uma coisa tão linda como a partilha do amor
pode, por estar aberto, dar entrada a tanta merda
só porque se não soube como lidar com a coisa
no seu devido tempo?

Sei que sou sensível portanto me guardo dentro
e fora, giro a velocidades inimagináveis
para desviar tudo o que me fustiga e censura
existência - sentida - como divina.

Mas o passado vai contigo para todo o lado
e eu, infelizmente, solto por onde estou
todas as minhas desgraças
na esperança de largar sítio esse do passado
e fugir para o futuro
onde sinta eu,
mais uma vez,
certamente,
perfeito presente e silêncio do tempo
- onde só existo e me sei igual a deus.

Tenho pena de ter caído em tal pântano
que sei não real.

Mas o coração dói
e esse órgão não esquece...

Tenho de me reencontrar comigo mesmo urgentemente!

Tenho de voltar à serra,
à montanha, ao mar
e ver-me além humano,
ser. 

Pois eu,
ó Eu,
se soubessem o que de belo e medonho
já passou por esta consciência!

Vi o mundo antes do humano e depois,
soube das palavras que a mãe-natureza
sussurrava ao índio da amazónia!

Fui-me ao ínfimo da existência
na crença de que tudo, Tudo
é e deve ser real e contemplado.

Agora um índio perdido sem lado,
ausente de sua intuição
por ter sido queimada
por um golpe baixo
de um qualquer mesquinho humano.

Se sozinho, na altura,
minha consciência roubava tudo de energia
e favorecia a plena acção curadora de ordem
para que a ordem que me guia continuasse imune.

Mas pensava nela,
pensei nela,
aquela que me guardava em afecto e amor
e assim me dei a ela e esqueci-me de mim.

Puro erro que demoras mais que tempo a corrigir...

Sabias disso já na altura,
pois a tua intuição vivia o passado, presente e futuro
em sintonia.

Mas deixaste-te levar...

Um erro meu filho.

O conflito tem de ser lidado no momento
senão torna-se monstro e destrói o teu eu.

E depois vêem as desculpas e os desprezos
e os medos que sem culpa
te culpabilizas.

Doença pura.

Por alguma coisa vivias e vives sempre em guerra,
não é?

Pensaste-te forte o suficiente
para aguentar quem te tão lento imagina
e quer...

Mas tu odeias o lento,
a passiva idade e tudo o que não descobre
a cada seu momento a alegria de viver.

Tu nasceste do ideal
de saber a vida eterna dos índios
e vivê-la como guerreiro uno
em civilização:
transpondo todas as ordens possíveis
ao inimaginável de tua crença.

E o fizeste.

O fizeste e conseguiste.

Mas com amor,
afecto e quem te quer para ela
mais...

Aí a coerência dos deuses deixa de existir...

Agora choras a ida deles
não dela.

Agora vives em neurose
de tentar ser novamente coerente
e perfeito de teu pensamento.

Vives a neurose de não conseguir
domar o monstro que não soubeste em tempo
destruir.

Qual a solução?

Nem eu sei meu irmão!

Coisa que com uma palavra,
um murro, um tiro se resolvia
fica a servir de melancolia e frustracção
para um resto da vida.

Eras o maior assassino de tudo o que te censurava,
domava ou arreliava!

Não o foste uma só vez
e tua absoluta necessidade de perfeição,
honra e disciplina
colapsaram como um castelo de areia na praia.

Pobre de ti...
Antes eras capaz de erguer e sustentar uma civilização
e com ela levar este mundo perdido
agora perdeste neste mundo
com todas as suas perversidades
sendo tuas
mais que dele.

É porque sentes muito filho da puta!

O sábio é o maior louco
e vice-versa.

Sei-te o maior dos decifradores deste mundo
mas agora não passas de um emplastro.

Foges do que amas,
ausentaste das pessoas que sabes querer
e que te querem.

Isto porque te julgas sujo,
sujo do pensamento de fraqueza
e cobardice do qual
nem tem razão de ser
- e o sabes tão racional mente...

Os eternos jogos da mente e do coração e da pila!

Pó caralho pa vocês todos!

Eu que tanto tenho de saber disto de mim
e, mesmo assim,
tenho de aturar discordâncias das sombras que me olham?

Eu inventei onde me vês agora, porra!

Sou ordem ausente deste mundo em decadência!

Fui ao chão da terra do campo
buscar forças para querer viver ainda.

Largo por onde ando
noção da divindade que pisamos todos
e mesmo assim tenho de sofrer como um doido?

Pó caralho para isto tudo!

Fugir desta merda.

Porque quando estou fora disto,
do passado,
eu estou em paz,
volto novamente ao que sei ser:
EU.

Por isso sempre viajei e fugi donde me sentia
já não eu.

Por isso preciso de velocidade
para aguentar a vossa tremenda ingenuidade do mundo e vida.

A física quântica de minha consciência
vê-vos como nem sequer esqueleto
mas átomos.

Onde eu já estive nesse real mundo da consciência!

E agora vivo perdido
só porque me dei ao luxo de amar
aqui neste mundo de turistas,
capital fundido em estrutura Lisboeta
mais que demais espiritual outrora para mim.

Meu espírito vive em qualquer sítio
apenas necessita de minha escrita.

Por isso, além todo o sofrimento
e perversidade de meu pobre cérebro e coração
sei perfeitamente ainda e sempre ser São.

Porque a única coisa em que eu creio
é num mundo que foi absolutamente
destruído por este em que vivo.

Utopia então:
viver como que do sonho,
da morte antiga,
da vida plena de outrora.

Aí me sei e curo.

Durmo e lá me vejo feliz vivendo.

Aqui apenas deambulo.

Morte ao chão dos meus pés
vida ao sonho do céu que piso
e, espero novamente, honrar.

Adeus Olá. 

domingo, 26 de março de 2017

A chover por de baixo do tapete da sala.

Salta o gato para a cadeira
e a água vai subindo até entornar.

Ninguém em casa
e só o vizinho,
depois do inevitável,
chama auxilio por telefone.

Onde foi,
onde está,
o dono da casa?

quinta-feira, 23 de março de 2017

Nasceu vazio o filho
e o pai encheu-lhe de ideias
de grandeza, sacrifício, história
e vontade de descoberta.

A doença é a salvação.
Chamo-lhe doença porque cresce e cresce
como um cancro, ao lado, de quem cria
e se, por alguma razão, não se encontra mais criação
então a criatura presta-se a auto-flagelar-se durante
o bastante para ter que encontrar saída ao sofrimento,
saída essa que é perpétuamente inócua ao sentido racional.

Como uma ave
quer-se alto e ar,
céu e talvez mar.

Saber de encontrar, viver
e largar.

Ordem da vida.

Nada, nada que seja bom dura...

E você sabe fazer das coisas desta vida
coisas boas não é?

Como uma espécie de meteorito,
onde chega se propaga
e sem limites ama o que vê
e é deveras amado também reciprocamente
(porquê? porque quando encantado,
este individuo só vê o que lhe colhe
crescimento e o manda para cima,
cima no descobrimento).

Há uma urgência nesta vida
que só sente mesmo
quem se nunca identifica
com nada que lhe toca ou tocou.

Tudo na cabecinha...
Foi e volta
mas para isso há que andar para a frente
com os teus pézinhos - pra que volte.

Há uma guerra tão acesa
de se querer confirmar vida límpida
e sem medo.

E aqui o maior medo é o passado...

Portanto só o presente
feito futuro serenamente e sem pressa
ou demais ostentação ou presunção.

É uma coisa calma
mas só assim é
porque a calma
é resistência às imensas forças
que o constantemente fustigam
para andar para a frente
abruptamente em confrontação directa
com os olhos brilhantes dessa escura morte.

Quem de olhos vê universos
precisa de movimento e velocidade
para não tropeçar em mesquinhices terrenas.

Olha o alto,
abençoado pelo grande espírito
em que crendo
existe e o protege.

Sem ele,
ele, o pequeno humano,
nada é senão um jovenzito assustadito
com tudo isto.

Seu sonho é sua catedral,
sua guarnição, milícia,
templo e mundo.

Ora, o sonho,
se não protegido, guardado, seguido
esvai-se
e chorando (ou reprimindo tal coisa)
fica-se com o peso da mortandade
como sacrilégio à vida,
como culpabilidade irracional
de existir e saber tão mais que isso só ser.

Lucidez é o que faz esta loucura,
lucidez e "alguma" incapacidade em agir,
actuar quando isto é vital ao sonho,
à vida.

Precisa velocidade
pois o hábito, meu irmão,
faz do cérebro escravo
e andas como um zombie
a caminho da morte
que agora, mais que tudo, temes.

Viver à porrada com a morte,
talvez o segredo para a vida
dos loucos.

A depressão e frustracção
são apenas energia contida,
não expressa, guardada
e, infeliz por querer sair,
come-te o dentro como sanguessuga espiritual.

Primeiro de tudo
temos de nos entender,
não é verdade?

Não é admissível
viver a vida atrás de alguém
- ou à frente até -
não é de honra culpar outrem
pelos teus erros e incapacidades.

Há que ser só,
ser apenas bem dentro de ti
em paz.

E paz só vem com alguma guerra,
compreender o inimigo
- normalmente tu mesmo -
compreender o que falta fazer para evoluir
"ali", onde se quer, onde se precisa para "lá" chegar.

Antes de se ter ido a baixo
este pequeno homem,
estava num caminho
perfeitamente em sintonia com os astros,
em elegante seguimento para com deus, vida,
morte.

Todo o dia evoluía onde tinha de evoluir
porque apenas ouvia o espírito dentro dele.

e é tão bom isso...

A vida real é uma desorienta acção
para quem é perfeccionista do espírito,
para quem vive mais do coração do que do cérebro.

Sabe lá do cérebro esse intestino
que caga e come sangue!

Que órgão mais insuportável quando magoado
e mais que capaz de tudo, absolutamente tudo,
quando tratado exclusivamente bem.

Sem ele a vida é apenas o que os outros querem...

Portanto, quando magoado,
há que lhe dar tempo,
bastante tempo,
para ele se orientar.

Esse estranho intestino
é a chave para a vida feliz:
se ele bem tu bem.

Convém estar fechadinho...

quarta-feira, 22 de março de 2017

Desenhos de um Artista


Estava a entrar numa loja para comprar uma coisa 
para a moto e estava este senhor na porta ao lado 
a desenhar, bem sossegado.
Aproximei-me e vi que o desenho em que ele estava entretido
era deveras qualquer coisa de fabuloso.
Perguntei-lhe por quanto me vendia, ele disse 5 euros 
" mas se tiveres aí 3 também vai"...
Oh homem isso vale bem mais!
Perguntei-lhe se podia tirar uma fotografia
e ele disse que sim,
perguntei-lhe se podia postar na internet 
ele disse que sim.
Depois de comprar o que precisava 
dentro da loja 
ia-lhe falar mais um pouco 
mas já tinha ido por aí.

Fugidios vagabundos artistas,
já fui, em parte, um e que vida gloriosa 
e próxima a deus...

Bom, talvez quando o veja ali novamente 
na Av Columbano Bordalo Pinheiro 
lhe compre um acabado
- esse que ele estava a concluir 
ainda precisava de realçar.

"Primeiro desenho tudo em lápis,
depois meto as cores
e depois contorno novamente a lápis
para realçar"

Não foi precisamente esta frase 
mas é como se tivesse sido
porque nos entendemos visto 
que também faço uns desenhos.

Se continuar a fazê-los 
pode ser que chegue a ser tão bom
como este velho vagabundo artista.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Algum silêncio, o mar a bater nas rochas,
o meu pensamento em todo o conhecimento adquirido
e tu no longe sempre.

A obrigação do extremo,
a necessidade de viver sempre a explodir
e se assim não for,
já sabemos...
implodir.

A vida não foi feita para todos...

Há quem sinta coisas demais
e há quem se não tolere falhas,
incoerências que só o Eu e deus sabem.

Vivo no limbo meu amigo,
vivo no limbo.

E de sofrer a vida a sabê-la
eu adio a partida
mas estou sofrido
sendo visto que onde sou
já fui
e isso gasta-me como se
vivesse inverso,
sempre ao contrário
do que a minha alma
e tenacidade espiritual ordenam.

Há quem fuja disto
mas eu prefiro não, pelos vistos.
Sinto bem aquilo que sofro
até não mais dar e ter que morrer ou ir.

O suicídio faz sentido para aquele que acha
que a vida é só "isto".

Ora eu nasci sabendo que a vida é só além,
tudo isto que testemunhamos é bastidores
do que é deveras a vida,
isto é, o sonho, o sub-consciente
ou a Consciência efectivamente.

Escrever a vida a cada momento
e quando largo a caneta
ver tudo tão nitidamente
que parece que existo para existir apenas.

Vida perfeita,
perfeitamente acontecendo
enquanto fumo um cigarro
com sorriso nos lábios,
incertezas lindas na minha cabeça
e a física quântica da consciência
a dar-me e a tirar-me ideias
como se vidas fossem infinitamente vividas
dentro de mim sem minha intervenção.

Perigoso estar fraco se se é poeta de criação
pois perde-se a mística - ao leitor -
do que é que faz este ser criar e sofrer e alegrar.

A responsabilidade de ter de estar no cume
embora que por aqui sentado,
feito emplastro humano
social e pagador de rendas e tal.

Não sei como será esta coisa de crescer
e deixar de ser jovem e crer.

Daí alguns se irem neste momento,
nesta mudança de hora na vida...

Mas eu sempre só acredito na minha criança
portanto creio que sempre serei
- porque não consigo ser de outra forma -
um cínico da contemporaneidade.

Isto porque sou teimoso daquilo que senti
e sei do passado,
esse tesouro que nos leva por todo o lado
- se cuidado.

É preciso ter cuidado para o não esquecer
com as sensualidades de uma donzela
que pensa que por tu seres incapaz de a tratar mal
ela te pode dizer por onde ir,
ir com ela para onde ela quer.

Embora elas saibam de muito e boa coisa
para quê ir se tu conheces o teu ir
e vais nele bem?

E é difícil ir com ela
quando o teu ir não coincide com o dela.

Mas para quê disto falar?

Só me apetece estar além...

Inventar razões para o meu sofrimento
quando sei que a única razão
é o de estar cansado de ser conhecido
e pensarem que me conhecem
e as rotinas e o quotidiano
me já não surpreenderem.

Sei lá.

Não estou situado em mim,
é só.

Se tivesse iria ou ficava efectivamente.

Assim só deambulação
com alguma esperança
que a coisa ganhe nova razão.

Pode ser que sim
mas acredito que não.

É um gozo meu tal sofrimento
se decifrar por linhas tão elegantes
e cordiais
quanto o que mais me apetecia era matar-me
ou matar alguém.

Talvez aí a graça de escrever...

Decifrar o sofrimento como prazer de compreender.

Sofrer é ridículo mas existe efectivamente quando se sofre,
é curioso.

Bastava, talvez, uma carga de pancada,
ou um acto terrorista alheio
- seja mau ou bom -
para rebentar esta bolha.

Mas por agora sofro,
parece que gosto,
herança de família e cultura.

Ser português, de vez em quando,
é uma bela merda...
   

quarta-feira, 15 de março de 2017

Colher o que de vida é para sempre.
Largar tudo o que pesa e ser apenas
como o vento,
sem pretensiosismos, sem manias contemporâneas.

Desafiar a possibilidade inventando o impossível
com o facto de seres apenas tu,
sem magia senão a da própria vida. 

Aluar a respiração
ao dom da voz ser
afirmação.

Mais que os outros
mas só porque a visão do homem livre
sagra-te igual a todo o ser alguma vez existente nesta terra;
com suas falhas e virtudes,
fraquezas e maiores forças.

Além de tudo
saber estar em paz contigo
meu jovem velho pai criança.
Fugir não é assim tão mau
quando o que tu procuras
é o encontro.

terça-feira, 14 de março de 2017

luA




Há qualquer coisa estranha na vida,
na minha vida.

Uma absoluta vontade de recriar o que vejo,
o que sinto e vivo.

Cada dia não pode ser igual ao anterior.

Cada dia tem que haver a novidade actual.

O presente sempre,
uma arte de viver em infinito
esta vida mortal.

Então minhas forças nunca estão
compreensíveis aos outros,
os meus sofrimentos são ridículos
e irracionais.

A solidão me persegue
e a imaginação a acende em chamas
de iluminação ou absoluta escuridão.

Tenho pena que assim seja
mas me nasci assim
e minhas sensibilidades
guardam deveras suas verdades...

Quem me dera ser simples, coloquial
e racional
mas minhas forças tão todas dobradas
ao sobrenatural.

O que amo é o além e o mistério de saber decifrar
o que para os outros - por acreditarem no que têm -
parece impossível.

Eu nunca acredito no que tenho,
vivo da descoberta
e meu único consolo
é algo novo descobrir.

Rápido morre tudo o que sei,
rápido pesa fétido tudo o que antes alegre inventei.

Para mim nunca haverá calma nesta vida
porque nasci de uma invenção e sou pleno de lucidez
que rasga qualquer outra razão.

Sei dar a volta à vida
e ver-lhe em sangue de olhos
mentira.

Sei de tudo e não esqueço nada,
não acredito em perdoar
ou despressões longínquas
pois aquilo que sempre sinto
me fica e está no peito.

Quem me fez nascer assim?

Sou uma alma antiga
que de si
descobriu a Humanidade
e vive a vida à porrada
de a afirmar, ainda,
depois de tanta Tecnologia,
VIVA!

Afirmação de vida selvagem,
afirmação da incompreensão do espírito
querer viver em tão tamanha descrente e perversa
civilização.

Como um leão em vestes de menino,
como tempestade num dia lindo,
sou o que de maneira nenhuma é compreensível
aos demais.

Sofro infernais invenções pessoais
pela teimosia de achar que isso leva a algum novo lugar.

Vivo as maiores loucuras de conhecer e ver Espírito
quando todos andam por aí sempre a morrer.

Sou o maior grito de tudo o que sei e conheci
e estudei,
mas isto no maior silêncio que só a galáxia mais distante
pode conhecer.

A doença de ter de viver com isto...

A coisa de viver o cérebro como vida
e a vida como dor.

Se houvesse-me dinheiro iria viajar
e inventar nova vida
mas eu sou trabalhador.
Aquele que de baixo nível
faz da noite,
da vida da noite,
o seu maior esplendor!

Não sei dessas "coisas" dos outros...

Tentei, eu tentei
mas, por algum motivo, Sinto
mais do que vivo.

Fodasse para toda a humanidade consumista
e pobre de espírito
(isto porque tive de ir ao centro comercial colombo hoje).

Eu nasci para dar honra a este corpo de merda
que deambula em tão mera sobrevivência económica.

Olhei os pardais, os pombos, as gaivotas
e os patos hoje antes de almoçar
(ali ao pé do Marquês de Pombal).
Todos de um lado para o outro
acompanhados por suas esposas e amigos
e rivais.
Olhei tudo isto com o maior carinho e respeito
porque sei eles maiores que qualquer ser humano
com que partilhei esplanada...

Não pagam impostos,
não pagam a vida,
vivem de comer, cagar e foder
com a maior das alegrias.

Vivem de pertencer à única lei
alguma vez estabelecida por deus:
nascer e morrer.

Nascer e morrer apenas.

Poetas...

A Natureza gera poetas
e a civilização actual
gera consumistas.

Que pobreza vejo em seus sorrisos...

Ainda mais agora que a minha amada Lisboa
se tornou igual a todas as outras cidades:
uma puta turística.

Vejo os patos e são felizes,
a abanar os rabos
e a fazerem aquele barulho que fazem com a boca ou bico,
engraçado.

Preciso de férias ó deus maior!

Preciso de ir além desta neurose de trabalhador!

Preciso conhecer novamente
que a água que bebo
e o ar que respiro
são, deveras, as únicas Identidades
que superam todo este sofrimento humano actual.

Na febre de pertencer a tudo isto
ao menos, de noite,
me dê a calma o conhecimento,
o passado e a consciência disso.

Mas lá não chego!

Preciso de IR!

IR onde?

IR!
 

domingo, 12 de março de 2017

A invenção da vida.

Perderes-te tão nitidamente na lucidez de teus sonhos
que o mundo te desaparece visto e aparece matemática.

Lanço fumo da noite eterna,
caminho na saudade de existir
e reapareço pelo meu descomprometimento
pela vida em si.

Plano de tempo,
pensamento virtual
de danças de lobos e fadas
e bruxas e shamãs e dores de cabeça imensas
que geram a pura vida de conhecer deus.

Na guerra de teu triângulo interior
expor à santa realidade
tua existência divina.

Calar a flor que murchou,
emanar violência e autoridade
para que haja espaço para a plenitude
e coerência e elegâncias cordiais ao diabo.

(Preciso de água do mar,
água salgada.)

Matar como quem ama,
sentir com facas,
comer os dentes e a língua
reinventando saída.

Qual dom de te saberes iluminado
quando tudo anda por aí no escuro,
escondendo-se de si.

Eu abro-me ao mundo porque invento caminho
além real.

Não preciso de confirmações de ti ou de você,
vós não existíeis em meu mundo!

Qual ousadia de conhecer o fim
e assim poder fazer o meio
como inicio de sempre:
criança eternamente.

Na névoa de andar com pensamentos em chama
concluir o samba com penetração longitudinal à vida.

Além tudo há o eu,
sangrando a vida a doer o céu,
amando o chão por conhecer levitação.

No canto do encanto
encantar a criança que te olha com ar
de quem quer brincar.

Inventar destino fora deste
e saber glória antiga
da conquista certa
do olhar recto
ao horizonte certo.

Chamar a grande lança
que faz morrer a vida da identidade
e nascer tudo o que de sonho é movimento
e saber.

Sentidos ao máximo,
ser novamente aquele que desconhece medo
e barreiras pelas selvas e florestas interiores.

Sentar a morte no lugar dançando-lhe entrega
e destreza física do coração ser orgão de criação total.

Reconhecer infinito e eterno
como fim e inicio do mesmo
fazendo de qualquer acto pessoal
uma afirmação de glória e sensatez espiritual.

Pôr-te sozinho no centro da vida
e deixar cair em ti toda a sabedoria curadora
desta e de todas as outras realidades
e universos que te não conhecem
mas sabem.

Além aqui
sempre o nada
e tudo para a frente vazio:
a invenção da vida.


sábado, 11 de março de 2017






Existo criado por um pensamento,
emoção do passado.

Existo outro e o que sou aqui
é máscara desse
e esse não é humano nem físico
mas apenas pensamento.

O equilíbrio do Eu
é então essencial
para que esta alquimia
gere vida e alegria.

Se pára um,
pára o outro
e parar descarrila
a locomotiva de minha vida.

Hoje bebi uma cerveja com o mar,
o sol, as gaivotas, as pedras e rochas,
e escrevi,
escrevi ao longe donde nasci.

Escrevi as saudades dessa emoção
que me inventou poeta da vida
e recriador da realidade.

Lembrei o alto que voo se em calma e sossego,
a perfeita eloquência do pensamento
e a elegância dos gostos e prazeres
subtis que fazem de apenas existir
uma coisa sublime e não tão afastada
dos índios e dos povos "livres" do passado.

A vida não mudou,
mudou a civilização e o mundo humano.
A Natureza é sempre igual a si mesma,
sempre redonda e correcta.

Agora, afastado que estou do mar e da paz dos subúrbios
relembro que abomino a civilização.

Apenas amo o meu mundo
a minha calma e destreza mental.

Viver comigo é um prazer e um esforço,
é uma honra e um dever.

Ser protagonista do meu sonho
é o real trabalho desta vida.

Ser realizador desta toda vida mortal.

Ver os outros a ir e vir
e só tu a ficar
e olhar.

Viver infinitamente
esta coisa finita.

O dom dos sonhos
e o amor próprio essencial
para estar de bem com a vida
e perpétua-la por aí,
sendo somente veículo dela.

A arte de viver
é saber dar tempo ao tempo
e carregar para a frente sempre.

Se em sombras estás
olha o sol de frente
e caminha por lá.

Hás de lá chegar novamente.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Este dia de Prima Vera diz a mim que preciso muito de umas grandes férias.

Desaparecer do Mundo
e reaparecer no centro de apenas
e absolutamente o Meu Mundo.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Barcos


Encontrado numa dança amena
a pena de minha escrita não inventa,
nem cria,
é apenas peso.

Pesa-me toda esta ousadia de saber e imaginar
e não o poder fazer por ter que decidir seja o que for
neste insuportável mundo real e físico.

Eu sou do outro ó gente!

Sei que é absurdo e incompreensível
mas eu vivo de um outro mundo só meu.

Mundo de plenitude e harmonia,
onde tudo é possível e encorajado.

Onde a ordem do dia é fazer o impossível
e viver cada momento como se o universo nos devesse toda a vida.

Então, quando assim estou,
frustrado, fechado
(porque demais exposto ao mundo)
complicado de tudo
mas a cima de tudo negro
- absolutamente negro -
de todo o movimento eterno
estar impaciente com minha demora:
esta demora de me decidir.

Que dor de cabeça me é viver...

E as coisas que invento para sofrer!

Uma parte de mim ri-se disto
mas chega a um ponto em que tudo se deixa de rir
e dentro apenas um imenso pântano onde sombras vagueiam.

Porque sempre fiz a vida à porrada e em plena velocidade!

O que é preciso é IR!

Se não por aqui, por ali,
se não por ali por acolá,
o que é preciso é IR!

Tudo à pancada cá dentro
com pressa de vida porque
tanta a tem dentro que precisa
de a filtrar pela experiência real,
para dar lugar a Algo.

Um algo que se torna o mundo,
meu mundo,
universo perfeito e seguro
onde em colunas rectas
eu assumo o meu trono,
governo sem pestanejar
a ordem que me fez por aqui andar.

Imune, ileso, impenetrável
é esse meu mundo
quando perfeito o reino
e ninguém o sabe se não eu.

Assim, quando este mundo rui,
rui tudo, nem vale a pena tentar
aguentar a era de decadência deste reino
- foi-se.

Mas lá vem outro com o sofrimento...

Vive então uma civilização dentro de mim.

Eu vivo de a formar à perfeição
de elegância suprema e arte sublime
de a ser aqui na terra sem que ninguém veja nunca
o que só eu imagino e crio para ser uno e único.

Ora, já fiquei assim antes...

Mas antes era mais novo,
e a genica da adolescência
mete em ordem esta incoerência
com mais velocidade,
isto é, fuga.

Crescendo a fuga se torna mais difícil
porque há comprometimento
e vai-se ganhando umas escamas velhas
de contemporaneidade horrenda,
enfim, um certo conforto que se vai desejando...

É o amor, ou tão somente eu me partilhar com
uma mulher que aprecio e gosto de ter ao pé
- para aprender, para me ser e tudo o mais.

Ela vai entrando com o seu mundo
enquanto eu sacrifico o meu,
esqueço ele pela sedução dela.

Claro que isto tem sempre data de validade
desde o começo,
eu o sei e sinto antes mesmo de começar
a cair.

Mas queria sempre persistir,
conseguir vingar neste (meu) mundo
e erguê-lo aí na terra para que todos o vissem
e apreciassem e ela feliz a ver tudo isto
a meu lado e dentro desse, deste mundo.

Mas tudo isto dói e exige muito mais forças
que as forças que herdei e consegui até hoje.

Sei ser rei de mim e meu reino
mas quem consegue ser rei de uma mulher?

...ela é rainha.

Difícil ser rei e manter o reino
com uma rainha que o não sabe pormenores,
detalhes e delicadezas necessárias
a um Homem sentir-se rei de tudo o que antes Criou.

Assim a mulher, para mim, é para renovar o reino,
mudar a história, escrever uma tempestade,
um tsunami, um brutal terramoto.

Rápida é a passagem dela pela minha vida
mas os danos e aprendizagens ficam para sempre
- ou quase...

Até uma outra.

sexta-feira, 3 de março de 2017

O perto está longe e o longe está perto.

No começo de cada coisa se desenvolve o meio
e depois fica cheio e é o fim.

O fim não é fim só
porque há sempre um começo
em cada fim.

Seja de amargura ou felicidade,
seja dos dois ou de nenhum.

A vida é um ensinamento dos astros
ao que há de estar atento
e lembrando passado
fazer futuro com um presente bem assente na realidade
mas também, e principalmente, nos sonhos.

Além toda a desgraça que acontece
há o movimento e a descrença no sofrimento.

Lembrar a meditação de estar a criar
ou a observar sem estar pensando isto
ou aquilo ou alguém.

É preciso tempo e espaço
e chatice que o sonho se perca por vezes...
mas se houver concentração, disciplina e afecto por si
ele volta, volta a ti.

O segredo é viver como se fosses observado pelos deuses que sonhas
fazendo tudo em honra deles e nunca de ti mesmo...

Porque tu, teu ego e suas manias,
teu passado e cobardias,
tua família e hereditariedade
são demais esquivos para guardarem coerência maior,
coerência de espírito falo eu aqui.

Assim, voltando a ti, ser pelo menos dois
e ajudar sempre o mais fraco desse momento.

A ajuda exterior não ajuda quem não se quer ajudar
e como orgulhoso de teu caminho és
tens de fazer de teu amigo e inimigo
tu mesmo,
dentro de ti a união.

Não te deixes fugir aos outros,
sejam amantes ou rivais,
sê-os dentro
fazendo dos outros
meros personagens dos afinais
teus medos e vontades.

Ter de ser maior,
ter de ser imune à coisa do outro.

Ter de ser mais que o que se é
ou pensa ser
a cada momento.

Fazer arte do tempo
e dançar o espaço sem ninguém ver.

Pois a grande arte é invisível aos olhos,
só a vê quem a sente também.

Assim passas como brisa,
como lufada de ar fresco a este mundo
parado de espírito e ansioso de coração.

Qual coração não é
se não for além espírito.

Cobardia amar outro
quando tu mesmo te não amas.

E quando te amas te puxar ela
para seu coração
te não deixando em paz o teu.

É preciso calma para ser maior.

Porque depois da calma compreendida
e conseguida
nem a maior tempestade pode destruir
esta alma e sua vontade
(aliás, é bem vinda toda a tempestade!).

Continuar pela via do sofrimento
se o sofres
terá seu tempo.

É preciso não forçar
porque o organismo físico demora
a assimilar a tua cabeça,
a tua intuição.

Levar o conhecimento ao tempo
e nascer limpo
por entre águas de deslumbramento:
a vida há, outra vez, afinal!

quinta-feira, 2 de março de 2017

Quando acontece que te és
te expandes aos céus
porque afinal guardas
em ti tudo o que de negro
recebeste deste mundo.

Em termos de cores
há muitas
e alguma dentro
e outras fora.

Todos nascemos com a mesma dose de luz e cores.
Uns vestem-se de negro para as guardar dentro
outros soltam as cores para fora ficando por dentro escurecidos.

O que há na vida somente é equilíbrio,
equilíbrio de tudo.
Assim quando vês demais de algo
é porque por dentro disso ou dessa pessoa existe o oposto.
Compreendendo isto se pode compreender o mundo,
a Natureza e ser mais perspicaz na inteligência de viver em paz.

Há sempre luz
e há sempre escuro
a questão é saber onde nivelar a balança
do Eu.

E o eu perdido tem luz no negro
e negro na luz
porque além de centrado em algo improdutivo
ele se cansa em procurar solução nesse problema.

Ora, toda a alma racional
compreende que a solução está fora do problema
e o problema é muitas vezes o próprio eu
- principalmente quando este perdido e desorientado.

Sempre me demoro a encontrar depois de me intensamente partilhar...

Sou perfeccionista e vejo os erros
os "ses", os "porquês" e tudo o mais.

Parece que estou a ganhar anos
estando perdido numa ideia de quem sou
sendo que sempre duvidei dessa mesma ideia
sabendo perfeitamente ser, a cima de tudo, silêncio.

Aquele silêncio da alma em calma e em comunhão
com a Natureza e tudo que a rodeia.

A beleza de tudo isto é continuar escrevendo,
criando (além escrita) e sabendo que isso nunca perco.

Quando a vida está torta
entorto-me para dentro
vivendo sofrendo calado
o que inventei de tormento.

Quando isto resolvido
eu saio para fora e conquisto
tudo o que me antes atormentava
e alinho-me com a vida à luz.

Depois, esgotando essa luz,
encontro novamente uma sombra que me atormenta
e me obriga a fechar-me então, outra vez,
à vida e dar-me absolutamente à arte.

Fecho-me e expando-me tal universo,
tal coração,
tal respirar.

Isto, creio que para manter sincronia
com os astros
e para, a cima de tudo,
manter independência em relação a este mundo
contemporâneo.

Vivo de perder e ganhar
e meu sonho sempre foi
encontrar a doçura da mais insuportável dor.

Tornando-me assim imune à dor,
ao sofrimento,
à vida enfim.

Ver com olhos de águia, lobo,
urso e leão a vida em plena criação.

Dói esta visão.

Posso dizer isto porque a já tive
por várias fases desta vida mortal.

É como se o próprio corpo e sentidos
vivessem perplexos
com a fenomenal consciência
da identidade que os detém
- como tal conhecimento e estado de consciência
fossem um vírus, um impossível
aos dados da Natureza corporal e física.

Viver o impossível em primeira pessoa.

(Tudo isto sem ninguém ao redor se dar conta:
Invisível)

Isso sim é arte em vida,
isso é poesia andante e vivente.