domingo, 28 de agosto de 2016

paradoxOxodarap
É um privilégio ser lisboeta.
Ser outro.
Constantemente ser outro.
Constantemente ser outro até não ser mais.
Para ser completamente.

Para completamente ser
apenas e sobretudo
a passagem do tempo pela vida.

Ser a vida.
Ser tudo e nada.

Ser apenas e sobretudo esse Eu
que É sempre.

Esse que é infinito, eterno - como omnipresente.

E, porque não dizê-lo: ser tudo isto
para ser aquele que não se conhece mas sabe.
Aquele que é grande mas não tem tamanho.

Aquele que dizem chamar-se deus.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Eu antes morria e renascia
todos os dias quando dormia.

Faça o Favor de Gostar de Si Próprio

O que é preciso para uma pessoa gostar dela própria é que ela faça o favor de fazer quanto a si tudo o que é preciso fazer para a partir de determinada altura se esqueça completamente daquilo que é ou daquilo que precisa. Se a pessoa não fez consigo tudo quanto achava que seria necessário fazer para se esquecer de si mesmo, está errada. Então deve ser egoísta até esse ponto. A pessoa só deve poder deixar de ser egoísta quando olhar para o espelho e nunca vir a cara própria, e ver qualquer outra coisa no dito espelho, em vez de si própria. Enquanto se vir a si própria, está errado e precisa de ser egoísta.

Agostinho da Silva, in 'Entrevista'

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Tens de criar em ti a guerra de que tens medo na vida
para seres sempre rei, deus e imperador dos afinais,
apenas, teus medos.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

É bom sempre saber a diferença entre a realidade e o Teu pensamento.

Se se deixa um entrar no outro haverá confusão e desorientação.

A única coisa que se deve fazer na vida é manter esse limbo limpo.

Viver nele.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Onde está a morte?

Engraçado que a tento encontrar
para saber perfeito de minha vida.

A morte é um filtro de claridade,
mete tudo em perspectiva
e o resume em belíssima simplicidade.

Os números são um ou zero,
como um computador.

Um para sim e o Zero para não
- ou será o contrário?

Não sei,
só sei que é assim.
Sou assim.

A morte é o meu Norte.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Falta-me inspiração...

Estou a viver uma miragem,
um desalento, uma evolução que não foi,
uma queda que não caiu, uma dança que se adiou,
um fogo que não queimou tudo à volta.

Estou a viver para juntar bem material,
longe do perfeito sentido que sempre a minha vida teve.

Aqui vejo a maresia de merda que é fazer algo
que já não se é.

É além caminho que preciso descobrir,
é além destino que preciso voltar a conhecer.

Me perder em sonhos malandros e vivos
e consequente vida cair em mim em pedaços frescos
e novos.

É para breve, sei-o bem.

Junto o bem material que se tanto hoje também precisa
e vou para outra, outra margem,
fazer novo caminho e
sorrir ao passado como pai de um filho ido,
independente.

Pois aqui vivo numa inércia de distracção.

Já não mais me vêm sonhos mas pesadelos.

Eu bem sei que é o que acontece
quando esforço meu espírito a algo
que ele não mais quer
ou tem onde se alimentar.

Pois eu vivo de explorar,
conhecer e descobrir
formas de sentir e tocar.

Depois, só depois disto, recordar.

Mas recordar numa penumbra de esquecimento
pois eu, eu sou o Agora, o Presente.

E esta coisa de pensar "lá para a frente" me destrói
e corrói.

Cheguei ao cerne de mim mesmo.

Para quê querer outra forma de ser
se nascemos assim,
perfeitos se,
e só se,
nos conhecermos.

Vá lá meu senhor,
só mais uns dias,
mais umas semanas,
se tiver que ser.

A mudança anda aí,
há que a deixar vir.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Acordo o sol à chuva
e recordo ter morrido antes
de agora vivo.

Vida florescente mente minha.
No tengo nada que ver con la vida moderna
yo soy espíritu.

Cuando hablan conmigo
yo pensó
"con quien hablan?"
Y solo después
mi espíritu mi dice
que me habla a mi.

Ahí tengo que responder
no lo que soy mas lo que quieren como respuesta.

Yo soy serpiente.

(Algo extraño todavía a mi mismo.)