terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Se de sincero ser me ilustro pela vida
é por a ter conhecido como amiga
só.

Na aurora do cântico da ave grande
olho ao alto e figuro cristalina novidade.

Há mais que o que há a ver.

Sentir como que sem querer.

Na novidade desta vida
a cada momento deslumbro prazer:
vigoro o direito a viver.

Quem, por outro lado, corre,
olhando em frente sem lados
é triste e ignóbil ao deus que pressinto ser
parte.

Que os lados é que contam
o que há frente haverá e não há.

Esquecer os lados é não saber ir em frente
meu amigo.

Na madrugada de olhar sem ver,
sentir sem tocar,
escolho o nada para que me descanse o tudo
que julgo ser e saber.

Ah... aí lembro o tempo
e sua majestade.

Lembro o não ser
para saber tudo ser
e não correr.

A vida perfeita
logra aqui, ali,
em todo e tudo.

Assim simples é a vida
quando invés de querer
tu crês.

Fazei do sangue espírito
e da pele reflexo
pois por seres tudo isto
serás eles também.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

You should always expect the less of you
to make the rest of you worth.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Vêm aí a guerra.

A guerra que alguém criou lá longe...

A guerra começada por idiotas
que não sabem nada mais
que guerra e seus benefícios económicos.

Vem aí a guerra para nossos passeios,
ruas e avenidas.

Vem aí a guerra.

A idiota guerra que idiotas começaram
e pensavam que não lhes atingiria.

Atinge-nos a nós
- talvez não a eles
que a começaram.

Que merda a guerra.

Matam eles uns em Paris
matamos nós uns na Síria.

Mas nós já matamos há mais tempo eles dali.

Não nós
mas infelizmente a cultura
à qual de alguma maneira - intrínseca -
eu pertenço.

Vem aí a guerra
- uma grande guerra -
e, no entanto,
falo na rua a amigos e conhecidos,
vejo noticias e videos,
e todos me parecem não querer
deveras a guerra.
 (Só os idiotas mais uma vez...)

Mas assim foi
assim será.

O ser humano
por mais que evolua
não chega a nenhum lugar de sabedoria
porque tem sempre quem lhe agarre e raspe,
raspe de humilhação e ignorância.

Em sociedades tão evoluídas,
tão civilizadas...

A sério?

Parece-me que não.

Sempre me pareceu
mas agora creio que vamos ver
a merda que aí vem.

E não sou de religiões...
Não sou de uma,
respeito e entendo um pouco do porquê de todas.
Todas com sua cultura
mas todas com os seus erros de pensar ser a única.

Tão evoluídos,
tão laicos
mas novamente numa guerra de religião.

A nossa talvez seja só a do dinheiro já,
a deles é outra coisa que não quero dizer sim ou não.

A mesma merda de sempre...

Interesses económicos:
isso é a guerra.

Que tristeza.
 
(Mas não há que ter medo
pois como Gandhi dizia:
o inimigo é o medo.
Nós pensamos que é o ódio
mas é o medo.

Sem medo a vida sempre tem razão.)

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Não há nada maior que a morte.

A morte é a proporção da vida.

Digo isto porque não há coisa que mais me descontraia,
em momentos de incerteza e indecisão,
do que o pensar e saber que um dia eu irei morrer.

Isso leva todo o trabalho mental de apocalipse narcísico
à retrete da existência física.

Sai.

E volta a vida,
em sua perspectiva e tamanho
ao seu lugar:
tudo pequeno.

domingo, 15 de novembro de 2015

Ao menos em cima há baixo...

Por baixo do mais baixo
não há altura
apenas o tamanho do corpo.

Mas o tamanho do corpo
pode ser distribuído
pelo tamanho da mente.

Julgando-se livre
cairá em peso
na altura do corpo.

Questionando a liberdade
que atinge
perspectivará o corpo,
juntando e separando
ao longo da compreensão.

Aí nasce a realização,
a realização da alma
talvez,
a busca dela.

Não sabemos como a vida se desenrola.

Como o poeta que aqui escreve
não sabe como e porquê isto escreveu.

É a dúvida que é o ganho
quero eu dizer.

E não mais bela vida podes ter
que viver em dúvida
e a poderes ser
vendo tudo a se esclarecer
por si só.

E, assim, só não mais estarás...

olhÓ gato


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

É demais o consolo para um adulto
querer comer e ter de o fazer.

Somos simples e ligeiros
mas a mente carrega o peso
da lembrança, da não eficiência,
da tristeza e assim.

Fui ali ali dar uma volta
pela avenida Almirante Reis.
Vejo de tudo,
vejo o mundo
e perco-me a mim.

Agora, sexta-feira, quer-se a loucura,
fantasia e a aventura.

Mas eu saí ontem...

Ontem um copinho de nada
- chama-se "shot" -
levou-me toda a coerência e alegria.
Vejo-me prostrado em pensamentos desconexos
e estúpidos - absolutamente infelizes.

Tristeza, não venhas a mim...

Tenho demais a combater neste mundo,
sendo eu que sou,
e pensamento bruto
que me constrói e é,
e é, enfim.

Falemos de coisas ridiculas e felizes.
Falemos sem nos complexar com as coisas da vida,
do amor e do afecto.

(Queria um abraço teu...)

Ontem quis me ver livre
hoje é a ressaca.
Ontem fui eu,
hoje és tu.

Parece que não sei destas coisas...

Fui-me embora demasiado cedo.

Despedi-me com medo.
Esse é o meu enredo:
esta coisa de olhar e gostar
mas não poder dizer
para poder andar.

Caminho é destino
e se até um pé o pode
porque não o corpo absoluto?

Visto a carne de azul,
a ti de cor-de-rosa
e o mundo de branco
 - para poder escrever, rabiscar, desenhar
por cima.

Vou ali e sem mim
me sabem vivo
e paradeiro.

Escolho perder-me na infelicidade
quando a coisa não corre bem.

Engoli a pedra que me chateava
e tornou-se ela minha musa
- que coisa estranha...

Fala-me de coisas maravilhosas,
no além medo,
pouco desprezo:
um amor elegante,
sábio até.

Mas de que se fala aqui
senão de uma certa falta de habilidade
para ter razão?

Por vezes desejaria-me explodir,
pois assim me sinto quase todo o tempo.

Olho o fruto do ventre.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A tentar chegar lá.

A tentar chegar lá sem dor e sem entraves.

A tentar chegar lá.

Não sei onde mas sei que há.

Esse haver que sempre sinto e senti.
Esse olá daqui longe
mas um longe perto sim.

Desconstruindo-me ou não
a espera perde a razão
e fica um pedregulho,
nem redondo,
virado no chão.

E aguardo o caminho
que afinal está aqui
à espera de minha vontade,
à espera de eu olhar e ir,
ir por aí.

Vens comigo?

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

No terraço da pousada estava ele
olhando os pássaros
imaginando a chegada
como uma eterna partida.

Ida, foi vendo que o tempo de sua vida
foi chegando até este momento.
Sentado na mesa do céu,
a beber uma cerveja
com fumo de cigarro no ar.

Olha ao longe e há mar e horizonte,
parece que soube estar,
parece que chegou.

sábado, 3 de outubro de 2015

Não sei em que é que acredito
se o que vejo se o que sinto.

Qualquer estrada pode ser cruzada
mas há tantas e todas tão infinitas
que o nenhuma fazer e apenas ser
me parece mais sábio.

(Certamente o é.)

domingo, 6 de setembro de 2015

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Por vezes não sei porque me stresso.

Se é o nada que convém,
se é o tudo de ninguém.

A vida saudável só me abre os sentidos
ao nulo sentido de meu tempo.

Aí me largo na perdição.

Uma perdição leve
que sabe-me a muito, afinal.

Sou de equilíbrio entre extremos.
Sou de me conter para despertar o além.
Não quero confusões senão a minha.

Mudar a moda,
mudar o tempo,
mudar o sangue de meu ventre.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Eso Lisbon


Basílica da Estrela

Homem

É preciso ter pais.
É preciso tornar-se pai de si mesmo.
É preciso encontrar (outra) mãe para o mesmo crescer.

Mulher

É preciso ter pais.
É preciso tornar-se mãe de si mesma.
É preciso encontrar (outro) pai para a mesma crescer.


If you bring forth
what is within you
what is within you will save you.

If you do not bring forth
what is within you
what is within you will destroy you.

Jesus, from the gospel of Thomas 70


...not bad, not bad - coming from the Bible...




Hoje apaguei a luz que me liga à vida moderna.
Desliguei ali ao pé da ponte Vasco da Gama.
Fiquei ouvindo as pessoas passar,
os pássaros piar, os carros a se moverem lentamente pela ponte,
dum lado para o outro da terra.

E quando desliguei lembrei
que no "final" há aquele nada/tudo
que observa e lembra que tudo universal,
a cada instante, momento.

Desliguei o cérebro que me liga às coisas desta minha vida.
E, com isto, ligaram-se os sentidos, memórias e projecções,
tanto de passado como futuro.

Absoluto encontro com a vida
que ilumina a mina que sou afinal
- e somos todos, dentro.

Tal encontro, de tal intensidade,
faz brotar enorme felicidade
junta com majestosa tristeza
(digo majestosa porque é aquela vital
que nos faz sentir vivos e nisto sabendo
que um dia morreremos também).

Sou grato à vida.

Sou grato a ela
embora tenha pena de não me mexer o tanto que ela me mexe a mim.

Portanto assim parado pareço, pelo menos, sentir tudo isso que ela me faz sentir.

Ser homem de acção é complicado...


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Lisboa - do outro lado: Almada








 Donde tirei as fotos:





...e depois, fui lá a baixo:





 ...beber uma cerveja.