sábado, 29 de abril de 2017

Em tamanho de pequeno se imagina a terra a rodar,
os mares a dar à terra, a maravilha do sol e lua,
a saúde dos velhos nas esplanadas.
Curioso se havista o melro a fugir enquanto
manda aquele seu característico piar.
Foi ao rio e viu o sol cair até ficar noite
e prosseguir jornada a dentro pela boémia
das ruas Lisboetas.
É tanto de pequeno que o imenso se torna perto.
E de perto se havista sempre saída
ao grande de qualquer tormento.
Alegria, alegria,
vai a passar o comboio que me leva
a terra nenhuma prometida.
Alegria, alegria,
vou sem olhar onde
e descobrir paisagens que não sei.
Na chamada eterna dos céus
viver a terra como os deuses.
Colher a fruta que cai ao chão madura
e conhecer o que ela dá ao comer.
Sempre um qualquer desconhecido
por parecer outro e neste outro
aparecer eu,
límpido, concreto
em sua abstracta similaridade
com o eu que conheci antes.
É o tempo, o tempo de ir e ficar,
o tempo de largar para afundar
aos precipícios da solidão
e poder depois voar
à velocidade da luz
para fora dessa fonte.
Maresia da vida tão nítida,
lúcida e elegante
que mata aquilo que dos outros não tem.
Só tu e teu caminho,
alegra os pés a conquistá-lo.
Sempre em frente! 

sexta-feira, 28 de abril de 2017

"A Poet, I think it is, once said that the all universe is in a glass of wine.
I don't know, I don't think we'll ever know in what sense he meant that,
for the poets don't like to be understood."

Richard Feynman

heard it here

Cerveja.

Cerveja é o rio dos deuses
do império do além
que sempre está perto
se te abrires a isso
bebendo-a.

Cerveja
é fluidez de leveza,
é caminho para a incerteza
com a elegância de ser fresca
sempre.

Cerveja ajuda-me a viver,
saúde-me à alegria e sofrimento
com os astros atentos;
fugir do estado louco da sobriedade
que me tão cansa
e para a qual não nasci.

Cerveja,
desde novo te tomo
e nunca senti que me quisesses mal,
algo que o cigarro que te acompanha
não possa, deveras, dizer o mesmo...

Cerveja,
li que os egípcios te bebiam logo
pelo pequeno-almoço
para dar azo a um bom dia de trabalho
nas temperaturas altas do Nilo.

Cerveja, existis desde antes de cristo,
ensinaste possivelmente ele também
a encontrar leveza na existência.

Cerveja,
não há melhor amigo
que aquilo que despertas em mim:
leveza, compreensão e uma leve intoxicação
saudável a meu ver e a meu ser.

Cerveja,
nasci vazio e me encheram de coisas.
Tu ajudas-me a encontrar a utopia
e vazio que preciso para me ser
novo, novamente, a cada momento.

Cerveja, tu compreendes-me
e fazes de meu cansaço
poesia e maneira outra de estar,
ouvir, olhar, até cheirar.

Cerveja, agradeço tua existência
por estares próxima da pobreza
- não há bebida mais barata -
e ofereceres a maior das riquezas:
um leve e elegante universo
paralelo de alienação. 

Cerveja, contigo se pode viver
e falar, amar, inventar maneiras de ser.

Cerveja,
não és como o vinho que interioriza,
nem como outras bebidas mais fortes
que brutalmente alteram o estado de espírito.
Não, tu és elegante, barata e ancestral.

Cerveja, mistura-te eternamente
com meu sangue para o libertares
de peso emocional,
passado e dor de futuro.

Cerveja, conheço-te há tanto
e tanto de mim
é consequência de ti:
o que despertas em mim!

Cerveja, uma infinita noite
e um último golo
que vou para a cama
contigo pelos meus sonhos.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Conhecer deus pela invenção dele em ti.

"Toco no céu porque o crio"

Escrevi isto há bastante tempo,
nos primórdios de levar a escrita
como única saída à vida.

Se morrer morro em paz e tranquilidade
porque inventei o que me era proposto pela vida.

A morte é talvez a única coisa que me acarinha a vida,
acarinha-me a existência e identidade.

Tão destruído fui e sou e serei pelo mundo
que o amor, demais afecto, carinho e tudo isso,
enfraquece-me.

E eu não gosto de enfraquecer...

Há forças no mundo maiores que as do ser humano
que precisam ser mantidas, equilibradas
ou pelo menos ouvidas.

Há que manter o "acreditar"
e para realmente e sinceramente "acreditar"
é preciso ser bastante forte,
mais que forte,
como que ausente,
plena intuição,
para que as mentiras do mundo e actualidade
não te dispersem de teu caminho uno.

A vida está sobre ataque tão severo
por ordem das ordens mundias,
da economia,
dos donos do sistema civilizacional
e corporativo
que é preciso manter paz de espírito
para abordar o tema com plena convicção
do que é realmente real e "verdade".

É preciso então ser forte para isto,
para afinal poder ser
absolutamente e completamente
inocente e vulnerável:
radar e antena das forças da vida em si.

Uni Verso Aqui.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Não costumo relatar assuntos mundanos da vida profissional aqui
mas a questão é tão curiosa e absurda e, a cima de tudo, comum neste país
que sinto que quero deixar um recado aqui porque sim.
Bom, fui hoje a uma entrevista de uma empresa bem grandita
em que o recrutamento consistia em dizer que o trabalho era um Inferno,
muito difícil, muito exaustivo do ponto de vista físico e tal.
Bom, e para o começar é preciso formação, sendo a formação paga pelo,
ainda não, trabalhador da empresa.
O contracto é de seis meses apenas, sendo que a formação está incluída
neste período e, como já disse, não é remunerada, antes tem de se pagar
para ser formado no trabalho que se só vai ter passado um mês, visto que a
famosa formação tem a bastante útil duração de um mês.
Depois do contracto de seis meses, disse a oradora de recursos humanos da
empresa, o mais provável é irmos para a rua,
pois o trabalho, como é "sazonal", diminui bastante.
É isto, tem de se pagar e, com certeza, obviamente, ter dinheiro durante
um mês para sobreviver à formação paga pelo formando para um trabalho
que se só vai começar passado um mês.
Isto tudo, pois ainda não disse a coisa mais famosa,
aqui vem...: para um Part-Time!

E, quem estava interessado numa sala com quase 25 indivíduos?
Creio que todos, menos um ou outro que tinha alguma outra saída
deste absurdo.

Viva Portugal e a precariedade absoluta,
viva o mundo globalizado em que o pobre tem de pagar para trabalhar
e as grandes empresas não se dão ao luxo de formar seus trabalhadores
com o seu dinheirinho...que, obviamente, não é pouco.

Viva o rico que vive no alto de seu conforto e não compreende porque é que se queixam as massas.
(queixam-se? A questão é essa: é que já nem sequer se queixam! Isso é que é preocupante.)

Viva o turismo que impede o português de viver dignamente numa casa, apartamento,
inflacionando os preços imobiliários de uma forma exorbitante e por todo o lado.
 
Viva os turistas que andam por aí felizes da vida a dizerem que é tão bonito e barato aqui em Portugal
enquanto o trabalhador português passa por eles de cabisbaixo e como que com vergonha
de sua vida não estar a correr como sente que devia, podia.

Viva toda esta hipocrisia de não se entender porque é que a extrema direita
e a extrema esquerda e todas as extremas do liberalismo e de tudo mais estarem a crescer.

Não se fala disto, nem do povo, nem do assalariado básico,
nem da vida normal e comum de qualquer ser humano normal e comum.

Fala-se de tudo menos disto!

A normalidade hoje é a perversidade de tudo. 

Decadente decadência de todo o mundo fugir do óbvio
que é o absurdo em que vive e vivemos todos.


Viva a idiotice do mundo em que tenho de viver!


domingo, 23 de abril de 2017

Na rua ali ao lado há um sossego que não tem estado.
Um silêncio que quer algo,
uma maneira de reconhecer o tempo
que te reconhece a ti.
Ali na rua que me conhece
eu vivo,
mesmo quando por aí prossigo
caminho que dói
por estar difícil de andar em frente.
Sem saber o passado
e sem o apreciar de alguma forma
o futuro não aparece
e a vida é uma perpétua repetição.
Agora, ali naquela rua,
eu vivo sossegado.
Não preciso estar nela fisicamente
mas convém estar nela espiritualmente.
Carrego um sonho que inventei
pelo que senti meu coração pertencer
e merecer.
São sonhos de outros povos, culturas, religiões
e indivíduos,
são sonho meu agora.
Consequência de viver só para o que sinta valer a pena morrer.
Há aquela rua,
agora me lembro e sinto.
A dor escondi-a, como que me afasta dela
mas é preciso ser forte e manter-te a acreditar nela.
Aquela rua onde o espírito aparece
porque em sossego estás.
Atrás de tudo na vida
está a razão de tua existência,
propósito e ímpeto na terra.
Nascer disso dia-a-dia
é talvez a única maneira de te manteres são
neste mundo estranho, dividido e ganancioso.
Não há ânsia no espírito
porque ele entende e vive
no centro da vida em si.
Reconhecer essa rua que te conhece
e prosseguir esta vida que por vezes dói
mas sempre ensina.

sábado, 22 de abril de 2017

E quando eu fugir novamente
e vir que tudo o que aqui sou
não é nada comparado a ali.

A arte de saber estar como és
num novo sítio, desconhecido,
e no silêncio de vida passada
e repetitiva apareceres
recto, certo e hirto
à razão, destino de teu ser.

As dores do corpo dissipam todas
e tudo que és agora
é a descoberta do Momento,
presente perpétuo de tua alma
viver com deus.

Haverá coisa mais bonita que isto?

Todos se cansam com as exigências do mundo
mas poucos seguem esta seta
que é o sonho a se querer manifestar.

Que maravilha poder estar num sítio
que te vê como estrangeiro!

Reaprender a ser e estar
como os astros querem,
como tu queres estar.

É por isso que fugir
é a cura
para aqueles que pensam demais,
sentem demais,
vivem demais!

Não há mais
quando deixa de haver novidade
e todo o teu ser sofre e grita
enquanto tentas, sem sucesso,
fugir disso.

Só mesmo a fuga Real,
a fuga impossível e sem sentido do IR
para onde nunca te chamaram
mas onde encontras,
encontrarás chamada tua,
íntima pah!

Oh, a fuga é afinal o que sou!
A fuga disto, a fuga daquilo,
a fuga perpétua de algo
que me evidencie como Eu.

Ora, nem eu me sei,
eu que tanto me exploro
e tento entender!

Senhor da fuga,
deus da descoberta
e do encontro.

A minha certeza é o Ir!

Ir para todo o lado
a todo o tempo,
nunca me comprometer
comigo mesmo.

Falam os astros por mim,
enquanto fujo e fujo
e lá me encontro
por momentos
fugindo disso também.

A fuga,
a fuga divina,
a fuga infernal!

Fugir de tudo
e ver que é fugindo de tudo
que se encontra afinal
o momento,
o presente,
o Real.

A fuga é então o meu deus.

A fuga é saber fazer da vida
uma ode à perdição do Eu.

A fuga é certamente
encontrares-te a ti
tão completamente
que só podes espalhar por aí
o teu Ser.

Bola inflamável
de água fria,
encontras a solução
em render-te ao maior dos teus
íntimos medos:
a fuga.

Foge da fuga até
e encontra-te no espírito.

Evidencia tua certeza dele
ao mundo
e morrerás como os deuses!


(Escrito esta tarde no caderno.
Tenho escrito bastante no caderno
mas são escritos diferentes dos do blogue
e já não os transcrevo para aqui há muito tempo.
Acontece que este senti que queria expor virtualmente.)

sexta-feira, 21 de abril de 2017

There needs to be a way outside.
Oh, it shall be what will define the future of I.
Such a stone I feel in this ways of conformity,
no life bearable for money or future
if the heart wants more and the mind keeps going on.
It's such a suffering this days of absolute hypocrisy,
all torn inside but with a smile imogy we all comply
with this insupportable miserable material life.
Not even material I get
cause no money I can keep on the pocket;
I just see the faces rambling around
my once treasure town that is Lisbon city.
Once a soul walking through it streets,
drunken by the mysteries of the past,
imagining life together in peaceful solitude,
everybody else asleep...
Now "cockroaches" buy and sell  constantly
the absurd hypocrisy of life nowadays.
Hipsters capital,
the capital of cool
they say now.
What an insane way to portrait my town...
But then again, it's no longer my town.
It's someone else's town.
Perverse tourism all over the world
that doesn't give nothing other than money
and occupies space and energy with an arrogance
that no native could ever consider.
I thought my town would be far away from this
contamination but it's here now
so plentifully obvious
that it makes me feel like puking,
daily.
Got to get away
but no money to convey this action.
Movement,
need of movement urgently
cause my soul is stuck in swamp matter
and I can no longer resist
the temptations of giving up.
Not even the sweet violence
and absolute contempt for society
and life itself in this anthill
I seem to grasp now.
I used to be full of this,
my protection from all exterior interference.
Now I stumble on it any given moment,
so tired I am of seeing and seeing the same stuff
over and over again.
My soul doesn't believe in human difficulties,
doesn't tolerate them on me,
and this is why I am constantly pushing my self forward,
like bunging-jumping me towards life itself.
Not easy to live this universe
more believing
than in this idiot world.
I so envy almost all my contemporary people
cause at least most of them think that what they see,
with their eyes, is what there is.
I've seen so much more inside my brain and soul
that it makes it difficult to control
and tolerate this present world.
Just be careful not to share your life
with more than yourself and you'll be fine again
man.
Go deep to your essence
and keep it going till fed up of it
and then dive again in this world.
You know there's both...
Much more than two really
but this are the basic ones.
The in and out.

   

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Enquanto permaneço ausente de ofício paradoxal de me observar vivendo
escutando o vento como mais que um, outro e nisto perfeita sintonia em saber
o que a vida me quer dizer, eu persisto em me redescobrir Essência.
Pois de um ao limite vai-se ao zero do ser apenas sentidos
e emoções do passado que realmente criaram este "estado"
que aqui vive, se cansa e alegra com e tudo da vida.
A lucidez que se atinge é vertiginosa e destrói razão à vida vivida,
persistindo apenas uma perplexidade com o suposto social, cultural,
da vida em si, como que, mundial.
Pertencer a uma cultura, país, é coisa inevitável se numa, num se fica...
Ora, minha consciência nem em humano se identifica,
é tudo imagens, sensações e emoções
mas basicamente intuição.
É sempre um Algo
que me mantém de pé,
a saber o que devo ou não fazer
e quando o posso ou não fazer.
Uma espécie de ordem maior que sigo
mas não faço a menor ideia do que é realmente.
Tem-me levado por caminhos sempre interessantes
e tem feito de mim um ser que afinal aprecio e admiro:
eu.
É a minha religião por assim dizer...
Ora, eu na verdade não acredito em nada
e vivo de me destruir absolutamente
para encontrar, além ego, uma voz
que perfeitamente vive em sintonia com o em redor.
É a "verdade", é a intuição.
Cheguei lá por vias de muita e muita solidão,
eremita caminhando por aí apenas procurando "isto".
Porque sempre me cansei com o mundo.
O mundo actual não me é nada
ou é ainda afinal o que me recuso aceitar
como a norma.
Nem é preciso mudar de tempo
basta de país ou cultura,
latitude
e tudo é diferente
e assim podes ser isso também
simultaneamente.
Mas isto apenas se e só se
estiveres apenas focado em ti,
queimando tudo e todo o resto
como limalhas de tua obra final:
tu mesmo descoberto por ti.
Uma espécie de círculo que te protege do resto
que não és tu.
Uma espécie de aura que inventas intelectualmente
para te protegeres do mundo e nisto
viveres livre, tão livre quanto é possível ser
dentro de ti:
consciência, respeito próprio
e disciplina individual.
Quando este mundo está perfeito,
fechado
(nunca o está realmente porque este eu é infinito)
 começa então o desafio de desbravar o mundo (exterior) sem medo,
perfeitamente seguro de enredo
porque as precauções são inertes à tua formação cerebral.
A vontade de amor,
a vontade de dar e dar tudo o que tens para dar
- porque tanto recebes desta máquina que criaste -
é das coisas mais impressionantes que pode haver na vida.
A solidão está lá,
absolutamente,
mas como "protegido"
a entrega é também absoluta
porque não há quem possa conseguir entrar
num círculo que tu mesmo criaste e sabes fechar completamente.
Mas quando o amor pára numa bela menina
que apetece abraçar, falar e outras coisas mais interessantes na cama
e sofá,
a "coisa" abre-se,
e tu queres que se abra,
tu queres porque já não tens medo
e acreditas "nisto" que agora vives.
Mas o curioso é que essa aura que criaste
vive de tua completa devoção e disciplina
que a mantém intacta e certa
em prol de viveres em ti e no mundo
absolutamente entregue e sem medo.
Mais tarde ou mais cedo o vácuo é maior
que a criação e começa a queda até às profundezas
dos teus maiores medos:
vulnerabilidade total.
Angústia, frustracção, depressão,
neuroses e infinitos diabinhos que antes gostavas,
porque estavas afinal em perfeito controlo de ti,
vêem te reclamar criança destruída por este mundo
e dizer-te que não passas de uma grande mentira,
uma grande falsidade de medos substituídos por evoluções
e contradições que tu próprio instruíste a te esconder deste mundo.
Porque no fundo, dentro, bem dentro de cada um de nós
há as grandes tristezas do puto que cresceu sem o auxílio,
ajuda ou força que merecia.
Há a questão de sermos todos uma consequência
de faltas imensas que houveram e foram passadas a ferro
pelo mundo, por si, pelo tempo, como se nada fossem,
mas agora somos "nós":
Eu.
Ora, eu gosto de ser responsável pela minha vida,
não tolero ser consequência de algo que eu mesmo não quis.
Daí a arte ser a minha máquina de resolução cognitiva
que me ajuda a tolerar esta vida
que me irrita e me enoja
mas quando equilibrado é
simplesmente perfeita e linda:
divina certamente.
Há que tratar do Eu.
Perdermo-nos em ordens de outros,
questões sociais, morais e mais é simplesmente inadmissível;
então, há que recuar para resolver e poder andar
afirmativamente para a frente novamente
sendo apenas Eu.
É preciso desafiar o mundo com esta possibilidade.
É preciso resistir à tentação de aceitar e não pensar.
É preciso viver a vida como se, sem esforço, a "verdade" fosse dita
e vivida.
Verdade essa que é apenas do "eu",
não de todos ou de outro também,
cada um com o seu.
Claro que esta verdade quando atingida com sinceridade
é praticamente universal;
quem não quer ser ele próprio?
Assim, com isto,
ganha-se uma responsabilidade enorme,
uma energia que deixa de ser só do eu
mas passa a ser do mundo,
porque o mundo,
universo e a vida
São.

Sejamos então.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

The door of the palace is open...

The midget farmer looks at it
and runs away.

For it's not the palace he wants
but the palace of his brain.

Midget he knows too well
life is not for him
but imagination
loves him so
that there he is in control:
loving creature of the nights and hearts.

Creates and sees the stars.

Life is not for it to be living
but imagining and being in the eyes
of the creation itself.

Soon the master returns to the palace
and looks for something stolen.

Nothing,
everything in its place...
 
Bleeding for knowledge is the only way to be for me.
Tenho tido momentos de prazer quando escrevo,
momentos onde me largo pelas folhas do caderno
e adormeço - acordando - feito caligrafia e palavra,
verbo e conhecimento.

São pequenos momentos de absoluto prazer,
o único real prazer - posso-o dizer - nesta vida.

Do que escrevo,
desse ofício estranho,
resolvo tudo
e descubro novamente o nada
que me guarda o todo da vida:
o momento, o presente,
o reconhecimento que não vale a pena sofrer
pelo que se nada pode fazer mais.

Se a vida me é difícil por saber deste ofício
não sei bem.

É aquela coisa que a maior salvação é a maldição
e a maior maldição é saberes-te dono da tua própria salvação.

Sem este ofício talvez não me deixasse cair tanto,
talvez reconhecesse que a vida é deveras mais importante
que a imaginação.

Mas é?

Claro que não!

Ora, eu sou quem sou
porque me larguei pelo que crio e criei.

Alegoria acesa de meus sonhos
tornados realidade
com a disciplina e sensibilidade
de os ouvir em calma
e sozinho
sem nada mais a responder a algo
ou ninguém.

A família...

A família é uma dor de cabeça imensa!

Pessoas que te demais viram e vêem
desde criancinha ao adulto que te tornaste.

Mas vêem eles mal...

Fiz as pazes com tudo isto afinal,
apesar de tudo,
gosto de quem me criou e é minha família.

Mas é como um adulto beber leite:
depois de feito Homem
para quê a família?

Há uma parte de mim
bem assim...

E tenho pena de não levar essa voz
à absoluta dignidade de existir
e não poder mais voltar atrás.

Mas sempre volto afinal
e desgraço-me em pesos que não são reais,
orgulhoso que sou,
se falho
falho-me até disso me esquecer
ou perdoar.

É fudido ser eu,
sempre o disse e sempre o direi.

Não me fodam a cabeça!

Pensava ter encontrado
o santo graal
visto que minha vista avistava
todas as ínfimas pequenices e grandices
desta vida;
a ligação era tão suprema
que nem descanso havia,
o dormir e estar acordado quase o mesmo,
a certeza de estar em perfeita sintonia com tudo
uma naturalidade tão intensa
que queimava qualquer coerência
ou possibilidade de expressar
nitidamente a outra pessoa
o que me estava a acontecer.

Mas eu sei o que me estava a acontecer...

Absolutamente dado à vida
ela se estava a oferecer também
por completo a mim.

Viver sem um milímetro de medo,
absolutamente entregue à vida.

Sei que é coisa rara e doida
neste mundo de infelicidade consumista
mas eu que tão pouco acredito nisso
enlouqueço apenas com o meu sonho
e vivo.

Depois a coisa cai
e há a ressaca do sonho se desmoronar.

Minha intuição torna-se desilusão
e frustracção
e a honra que tanto prezo
e sempre, de uma ou doutra forma, consegui
vira-se cobardia para comigo mesmo e vida.

Mas já vivi isto
ou algo parecido antes...

Sei que é um erro estar demais aberto assim à vida.

Pelo menos se se não tem dela saída física,
isto é, economia para viajar,
mudar de lugar,
conhecer novo
para continuar,
ser desconhecido
por conhecer um novo lugar
que te mostra um novo eu
que continua perpétuamente.



Pobrezito Portugal que te colas a mim...

Esse dramatismo que também amo
é das coisas que mais desprezo em ti.

Nada cresce aqui
senão esta melancolia,
este sofrer a alegria a algo diferente.

A tua sabedoria é a pobreza.

Sabes ser pobre,
foste-o sempre,
o és ainda
e o continuarás a ser.

A tua riqueza está na tua pobreza
e é essa pobreza que em parte procuro descobrir.

Pobreza essa da qual já fui muito rico
e sei delicadezas supremas
que desafiam o mundo "lá de fora"
de uma maneira esmagadora.

Mas se se quer um pouco mais,
alguma estabilidade e decência, como que, familiar,
logo desprezas coisas dessas
- em mim.

És pobre e ai de quem tente ser rico aqui!

Deixa de te sentir a riqueza...

Daí o turismo do qual agora estás cheio
ser perverso demais para mim.

Toda a tua arte é delicadeza, demora,
poesia e elegância que sabem do sofrimento
de nem sempre - ou quase nunca - conseguir o que se quer.

Essas almas por aí a sorrirem demais
não te vêem a riqueza
que o bêbado perdido no canto da rua
conhece bem.

Eu sei,
eu sei...


Torno-me agora um pouco
esse velho do restelo
porque tento fugir de ti um pouco
ó Lisboa.

Não sei se conseguirei
mas sei que me já fizeste todo o mal que devias
e agora só me cansas.

Quero além
não mais na cabeça tua
mas noutro universo,
cultura, latitude.

Em ti tudo é para dentro.

Fui-te ao filho
- Brasil -
e todo se largou de ti para fora,
com muita ajuda dos africanos que lá meteste à força
e os índios que já lá estavam antes.

Vês?
Na verdade ninguém quer saber de ti
e é por isto mesmo que te agarras a quem
mais sonha, ama e vive.

Enlouqueceste já tantos...
Alguns meus amigos
como aquele que há anos era um jovem "bem sucedido",
feliz responsável de um bar que espalhava e abraçava alegria boémia
(viu-o noutro dia ali no Intendente e falou-me conversas desconexas
- tinha vindo do Brasil quando estava bem de vida...)

E, por falar em boémia,
onde está ela agora?

Tudo a fechar cedo,
difícil de fazer noite a dentro.

É para o turista dormir bem,
não se queixar do lixo
e de alguma delinquência essencial
a uma saudável boémia.

Bom, já chega...

Na verdade apenas estou com pouca energia
para te tolerar discrepâncias normais
a seres agora vista - finalmente - pelos demais.

Antes só eu e uns poucos te viam,
por entre escombros de decadência
a luz que sempre brilha em ti,
esperança na vida além,
coisas bonitas do escuro,
do silêncio,
da conversa mansa de entendimento.

Vou para a cama,
cansado de te pensar
invés de te viver...

(dá dinheirinho dos turistas
ao bolsinho do português,
dá?) 

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Gostava de saber o que me guia...

Não é o coração
porque se agora o ouvisse
matava-me.

Não é o cérebro em si
porque perdido está de efectivo sentido
a esta vida e direcção.

Não é a pila, sexualidade,
porque assexuado fico
depois de por algum tempo
conviver com uma mulher.

O que me guia então?

Creio que é a escrita,
a possibilidade da escrita
e da invenção;
a reinvenção de mim mesmo
pelo largar a caligrafia
em ordem rítmica,
caderno e alma a dentro
e descobrir SEMPRE
alguma esperança, brilho,
concordância e serenidade. 

Sei, desde cedo, que não fui feito para viver.

Vivo por teimosia
mas a minha alegria advém da escrita e criação.

A arte me dá olhos outros,
sensibilidades que me não são minhas
mas se tornam minhas por observação alheia.

Portanto,
é como se eu não fosse eu
mas um outro que aparece e desaparece e reaparece
pela arte e ofício de escrever a existência ao prazer
de tolerar a vida a algo que valha a pena viver.

Porque para ser mais um contemporâneo,
consumista e alma perdida deste mundo materialista
preferia me deixar ir, por vias da morte, para outro sítio.

É algo que Sinto.

E para o sentir
preciso escrever
e para escrever preciso sentir.

Máquina auto-criadora de si mesma sou.

Se sou humano
sou-o em parte,
a outra parte é qualquer coisa de além.

E que se foda a vida do corpo,
eu conheço a vida além dele
e faço dele carapaça de descoberta
à guerra acesa que é esta minha intuição.

Acorda a vida à visão do espírito
e esquece a confusão de viver
enclausurado num sistema
que vive de matar o humano que dele vive.
 

terça-feira, 11 de abril de 2017

O verdadeiro artista vive além da mentira,
além da verdade.

Porque encontrou ele caminho certo na utopia
e sabe esta ser a única com a sua própria identidade.


segunda-feira, 10 de abril de 2017

Getting Closer





Weekend of Wilderness Arrábida






















O Patrão do Farol do Cabo Espichel




Getting Closer




Vi antes no googlemaps e pensei possível
- dizia 1 hora e meia a pé -
isto é, ir do Campimeco ou praia das Bicas
até ao Cabo Espichel.

No começo passei pelo restaurante "Cabana do Pescador"
e perguntei quanto tempo demorava até lá
a dois trabalhadores que estavam a arrumar a esplanada:
um deles disse que não dava para ir 
o outro disse que eram 3 horas.

Ora, nestas coisas acho sempre que os outros exageram os esforços...

A verdade é que foram exactamente 3 horas até o farol do Cabo Espichel!

Vale a pena;
cuidado é com os cães que andam por lá
- felizmente não tive contacto com nenhum
apesar de os ouvir de longe.




Nossa Senhora do Cabo, Sesimbra



terça-feira, 4 de abril de 2017

Endless breeze...

Remember the days and nights
when life flew at you and you would dance to it
like unconditional truth was the way of life.

Promises of the knowings that you unveiled
were tools of your brain to casually embrace life itself.

I guarded the sun and moon
for this to become true.

I imagine life beyond with imagination
and all that is mortal dies quickly
for the shadows to appear
and only the light ones be revealed. 

Magic sorcery of the believings
and of the acknowledgement that
you are what you dream.

Far away in life's forgiveness
lives your childish soul;
the one you came off
and the one you're running towards.

Be this your believing
and life can be so crystal like
that it hurts the eyes and mind.

For some darkness needs
to be kept really close to the heart
to absorb some of this, too beautiful to be true, light.

So, like an universe,
you have your sun
- your heart -
and you have your black hole
- the darkness close to your heart.

In this way you can move elegantly
and without fear of others
or anything
- only the perseverance and discipline
to keep the dream alive and well
close within.

If something breaks inside
or out,
go to this sun and black hole
and you'll prevail unknown
and unshakable.

Live the stream of your own organism
as the universe itself
and you'll find yourself
in the center of it all.

Shining bright
your mind will turn into madness
but the light will prevail
if you are sincere and strong.

No life is still
so go on.

Saber quem és a cada momento
para poderes ir a todo o lado.