domingo, 30 de julho de 2017

Pedras minhas riem-se quando me confundo com a vida.
Sabem elas tudo e eu nada.
Oh, filho de um sentimento próprio
que sugerindo mudança se agarra a ela
como comboio que me leva às estrelas.
Viver perdido
acreditando somente na melodia
de meu coração de criança velha
que brinca o chão de meu céu a perder
e ganhar um qualquer além que me conhece tão bem...
Amanhece na sombra de minha vida
e o que eu sei, deixarei pintado
na estrada do desdém pelo de aqui, agora.
Pois existo numa ideia - sem tempo -
num sentimento de me saber completo
mas desconhecido às ordens modernas de minha raça.
Inventar para poder por aqui subsistir,
vivendo o sonho bem dentro e cuidado,
a fim de luz de nenhum estado,
criar a ilusão tão nítida
que afinal manifesta a vida em si.
Por detrás de tanta máscara
sou eu,
eu mesmo,
perfeitamente ninguém
e toda a gente
simultaneamente.

Olá Adeus.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

The chief enemy of creativity is good sense.

Pablo Picasso

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Tão perto, tão longe
o pássaro pia.
Caminha o céu a ele
e ela foge pelo pensamento.
Não há coisa que o governe senão a teia de aranha que o desenhou há tanto.
Cai na teia meu filho e és comida para a aranha que criaste.
Sai da teia meu filho, vai viajar, ser outro noutro lugar.
Há maneiras de estar tão estranhas, tão curiosas e interessantes lá fora.
Maligno, na teia, o pequenino é comido pela aranha.
A aranha sempre esteve, está e estará lá
mas é a melhor amiga quando se está ao nível dela,
em pé e hirto, forte e destemido.
Ora se se tropeça e cai
logo a aranha vem e come
quem antes inspirava a viver em guerra e sonho.
Sai da sala, vai à varanda, conhece o cheiro do mar.
É Verão e acontece que hoje se sente bem na cadeira
a fumar um charuto e a beber um whisky. 
À noite terá plateia por onde deambular sociedade sua
com arte e destreza como quem toca todo o singular instrumento
de uma qualquer orquestra.
Mas não, cai de pé ao chão e morre.
Vem brisa, leva a alma dele a descansar e viver
na terra do nunca que ele tanto sonhou em vida.
Há coisas que a vida não tem e cansa ter de acreditar que tem aos outros.
Quem são os "outros"?
Para quê existirem os "outros"?
Não gosto de me sentir preso.
Oh, não gosto que me pressiones e penses que sou um qualquer que pensas.
Seja que eu vivo de me reinventar,
tão pesado estar nasci com que se não viver com a morte,
a aranha, o escorpião, a violência, a noite, etc
canso-me infinitamente de ter de pisar esta terra sem
constantemente estar a brilhar a ela.
Protege-te meu filho, protege-te dos cães cobardes deste mundo.
A aurora sonha-o agora, deus de quem não é,
certeza larga de quem um dia reconheceu perder
e daí, tudo para a frente conquistou com serenidade e alegria.
Oh, que o filho cresceu e o pai morreu
mas vive o avô dele e o pai do pai.
E a Mãe?..
Coração de quem não quer nada que se possa dizer com a boca.
Coração de saber de coisas que só sente.
Coração de já ter visto o mundo antes da civilização moderna
e o depois dela.
Coração poderoso por sua sensibilidade nunca posta em causa.
Haja o juiz, o advogado, o médico e o banqueiro
mas o que é aí o coração meu bem?
Haja quem faça de ser humano a derradeira e única profissão neste pequena e singela vida.
Haja quem de comer não precisar tanto mas muito antes viver
como quem, sem limites, imaginá-se mais do que pisasse a terra com descaramento.
Tua consciência a deliberar tudo, a tocar tudo, a saber tudo e a não poder dizer nada.
Pois quem ama como quem vive não pode dizer o segredo que o mais atinge.
Inventa-se a vida para não ter que lidar com os factores freudianos da humanidade.
Oh, escreve meu filho, escreve.
Tão longe está essa vida que sabes teres de ter...
Não há quem te possa negar a existência suprema.
Mas sem disciplina, respeito, humildade, eficácia e esperteza
não se faz o sábio andar a vida a ganhar dinheiro e, eventualmente, ter mulher e filhos.
São dores de cabeça inimagináveis aquelas de quem Pensa, Cria.
E esta coisa de estar a ocupar espaço à vida com pena de si
e desgraça alheia faz-me ter um ódio a mim...
Eu que sempre vivi me amando tão naturalmente como nada neste mundo,
nem sequer a natureza, creio, chega a esse nível.
Pôr em questão a própria vida é coisa especial,
coisa que não é para toda a gente...
Ora, a vida há de aí andar,
há de andar por aí,
algures.
Viva, boa tarde, como está?
Está tudo bem, venho de casa para o trabalho e não sei o que faço mais,
se compre um carro ou um fogão novo para a minha mulher. 
Ora, estava pensando mesmíssimamente na mesma coisa, já viu você?
Cenas.
Explodir ou implodir,
algo que tenha de ir meu amor,
algo que tenha de Efectivamente IR!

(Não fui feito para viver esta vida)

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Oh noite, o quanto me dormes em respeito dentro.
Para ti não há pressa, há boémia ou simples contemplação.
Madrugada vem a mim, esqueci-me de ti.
És a mãe dos sonhadores.
O dia anda perdido demais em economia
e felicidade social.
Tu guardas a felicidade real,
aquela que descansa intocada
dentro, bem dentro de quem se cuida.
Noite és minha mãe e mundo,
o dia é para os outros.
Seja noite para sempre
para me proteger dos raios
excessivos do sol.
Tenho os meus próprios raios oh sol!
Guardamos a noite e a lua
que tem luz tua também.
Compito contigo sua atenção.
Strange days know me well...
When loosing the horizon
the weight of the body and soul
is deeply felt and lucid eyes
create monumental demons.
Those demons that yesterday
created a civilization
in my head, are now on their own,
destroying my sanity and familiarity
with life and others.
No little thing is inspiration
cause the ways of invention
need force, guidance and orientation.
Without, there is only confusion
my dear friend.
No life felt only submerse feeling
of nothingness and no imagination
or looking forward for tomorrow.
When I go down I just go
cause I get tired of my own head
and soul.
Life is too much sometimes,
the need to invent some death where
to lie your dreams and fears
and be reborn, fully lightened
by that motherly beautiful rest.
And no reason have I to feel so low,
it's only repetition and not knowing
how to deal with some negative conditions
of the head, body and soul.
Going away soon,
going away for to be felt life
again deeply inside me.
Going away to where I'm not known,
to where I can be and feel and see
exactly what I am in that precise moment.
I'm so away of the living that all of that
is going to make me mad,
but that is, that needs to be, the cure for me.
It has been always like that for me.
Challenging myself in the world
alone and unknown makes me forgive
the world, others, life and my own self.
So much rage inside, so much tension
and violence, despair and disdain for some
creatures of this world.
So much of nothingness,
so much of unproductive thought.
I serve forces that really do not have patience
for human sensibility and weakness.
I do this to myself because I carve myself
with some wrong doing and go down with it.
At the same time I always know that this is
a consequence of not changing,
not obligating myself to evolve and
put myself in absolute discomfort
for life to rush me in solutions.
Even today I went to the streets and felt
life greeting me, pushing me towards her.
But I'm too tired and heavy, I can't give more now,
I need to receive new light, new information,
new creation, thoughts and magic.
My vision needs new stuff,
I live from killing, dissecting life,
beautiful life felt in the past.
That's why I run myself to this
horrible coffins sometimes
- my life is only asking for more life,
nothing more to dissect, nothing more to kill.
Art is not a kind thing to the one
who chooses to be one of its ministries.
Or it is kind but it needs extreme care
for life to be felt and art to be done.
No creation, just trying to get a bit out
of my glooming mind, life.   

sábado, 22 de julho de 2017

Hoje passei a tarde com o mar, o céu e o sol.
Bons amigos.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

There's a sadness inside me that I don't know exactly where it comes from.
I know parts of it, I know kind of where they come from
but I can't control it.
I just have a tendency to break down when I don't feel well
or at least not perfect, not in my exact way.
Alone, there's something of alone in me
that needs to be always alone,
no interference.
The need to be away if need so,
no complain or apparent reason.
There's a sadness strong in me,
a unusual way of being that needs
and fights to be through me
and if I get so entwined in this physical life
I start to break down, like I need to be somewhere else
aswell as here, all the time.
I need to have that safe space inside
that meets my needs completely,
that doesn't judge, that knows that reality
is maya, illusion and only space where to manifest life,
my own little strong life.




The need to be as you are all the time
and let the immense forces of intuition and power
give birth to your being every single moment of your
not so important life for others but for you the only one you know,
are and be.

So sadness is needed to bind the parallel universes of your own little conscious
that after all connects you to the overall song of life and universe where you truly
and intimately belong. 

Belonging to life itself,
nothing more,
nothing less.

(cry your strong power of acknowledging more)

terça-feira, 11 de julho de 2017

Mais vale beber até encontrar vida
do que viver morrendo sem beber,
sem encontrar vida, sem encontrar
o além daqui e esta chatice de estar vivo.

Não sei quem me fez assim, se a família,
se o mundo, se a minha cultura, se amigos,
amores passados
mas o que há de se fazer quando se vive
em sofrimento? É bom que se faça dele estrume,
cinzas para que algo novo e bonito possa crescer
calmamente em direcção à luz.

Nunca soube a razão desta minha luta impossível
e interior,
esta minha razão de viver torto,
ao contrário do que os meus olhos vêem por aí.

Eu sou do contra apenas porque desgosto deveras
do mundo que me viu nascer, que assisto em ver
e que afinal, de forma penosa, vivo.

Mas sempre que escrevo numa tasca de velhos
a olhar o mar, o rio, a coisa rola, a coisa se faz
com alguma alegria e infantilidade que me regozija
um pouco a alma caída.

Não sou de facto de estar aí a dar a minha luz a quem passa,
só o faço quando a tenho demais e me cansa ela a mim.

Normalmente sou sombra feita em ferro fundido por pensamento,
morte integrada, consciencializada em vida.

A ausência de luz da morte dá-me certezas, calma
e discernimentos que nunca conheci na luz,
pois a luz,
neste mundo,
evidencia demais a merda que anda por aí
e eu deveras me tomo demais em conta
para perder minhas atenções em distracções
improdutivas e deveras desconstrutivas.

Sou do além que só sei se criar.

Se me caio na realidade por um episódio qualquer
me logo odeio e desprezo,
vida tão física e desconcentrada
que nada pode vingar no além conhecimento
de, vivos e mortos, estarmos neste mundo sem o saber porquê.

Acontece que a cada dia que vivo
morro mais um pouco
e esse conhecimento,
por mais estranho que pareça,
me alegra um pouco.

É como se meu deus fosse deveras a morte e apenas.

Tudo que vá muito além dela
me cansa e distrai e me pica a autoridade brutal
de ter de ser real para com ela e não necessariamente
para com meus contemporâneos.

É preciso além quando não se consegue sentir o aqui.

É preciso ir além para descobrir
o novo destino dos pesadelos
virados sonhos em tom de quem sorri
de seu mesmo sofrimento.

Como posso eu alguma vez explicar minha vida a vós?
 

segunda-feira, 10 de julho de 2017

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Quem sou eu para dizer não
à voz da intuição,
voz da Mãe Natureza em mim?
Tenho um ódio grande guardado no centro do coração.
É guardado à passividade e a tudo o que é igual a tudo
de contemporaneidade.
Ser só actual é tão doentio que me magoa a estria espiritual.
Fico meio que doente quando vejo seres de hoje que parecem robôs
e orgulhosos disso me metem ainda mais nojo, pena, desprezo
e... ódio.
Mas é um ódio lixado porque minha "religião" não me permite
deveras odiar o outro portanto tenho que tentar reprimir este ódio
com auto-mutilação mental.
Bom, não gosto disto nem daquilo mas para que o equilíbrio exista
e já que essa gente existe e eu a vejo, tem que assim ser.
Normalmente estou demais distraído pelos meus sonhos e ideias
mas como hoje estou perdido, dou-me ao encanto desencorajador
de odiar toda esta gente.
Que é cada vez mais e cada vez mais orgulhosa...
Bom, com trump nos Estados Unidos e o putin na Rússia,
Coreia do Norte com aquele "filósofo"
e o berço da civilização - Médio Oriente -
em chamas,
é difícil encontrar alguma coerência espiritual
neste mundo economicamente histérico e sinistro. 
Também reparo que estou sempre agora a falar de espiritual...
Um gajo fala do que não tem, né?
Porra, inverso do que queria se tornou minha vida,
sendo que nunca quis mais do que paz de espírito interior.
É o mais difícil de alcançar, eu sei
mas como nisso me sempre foquei e pó caralho
com tudo o resto, sempre foi "fazível" até agora.
Algum ódio é essencial para viver a vida em civilização -
e até sozinho diria - há que haver discrepâncias emocionais
intimas, pois sem ódio o amor é demais frágil,
tanta merda neste mundo pronta a o tão tranquilamente destruir.
É como a árvore que graciosamente cresce devagar
a caminho dos anos que poderá viver
e se uma besta humana a quer cortar
o fará em minutos...
Crescer, para crescer é preciso paz,
compreensão, tempo e espaço.
Para destruir basta o fazer.
Aí, deveras o diabo ganha a deus...
Sendo deus o crescimento lento
e o diabo a destruição, a morte da árvore.
Mas também não julgo o diabo
como coisa negativa só.
A negatividade tem muito que se lhe diga...
E num mundo perpétuamente entorpecido
pelas engrenagens da industrialização
e hoje, tecnologia, o diabo é tão mais fácil que deus
para a poesia, para a arte, para a "nova luz".
O fim deste mundo, começo de um outro
finalmente interessante e respeitador.
Neste aspecto gosto e faço de misturar
o ocidente com o oriente.
(sendo que o diabo no Oriente é só
mais uma força integrada no divino geral)
Diabo para mim é o verdadeiro conhecimento
que dói fisicamente em quem o pensa.
Isto, porque é luz nova que o próprio
consciente e identidade do momento
tem dificuldade em digerir.
Deus, é só uma força
que está sempre lá,
sempre a querer crescer, se manifestar,
nem luta nem nada: É apenas.
Ora, em tempos de absoluta desorientação,
sem diabo deus é absolutamente substituído por "algo".
Portanto acredito no equilíbrio,
acredito que há tempo para tudo
e para lidar com as forças rápidas que desprezam o além de si
para depois, finalmente, poder-se viver em paz,
aí sim!
O pessoal quer viver em paz e saudável
com um mundo doente...
aí só dá merda.
E é essa gente que vejo por aí
e tenho algum ódio sim.
De alguma forma
muito mais digno é,
nos tempos que vivemos,
um vagabundo
que vive de comer e dormir apenas.
Está tão mais ligado à razão de viver
que quase todos nós.
Digo isto
porque noutro dia
estava a passar por aí desorientado
e vi, um vagabundo, sentado a dormir
enquanto milhares de seres, tiravam fotos
e sorriam, com roupas de marca
feitas em países de terceiro mundo.
Por mais que se queira ser sábio na actualidade
é difícil não cair na corrente do absurdo.
É preciso estar bastante equilibrado,
consigo mesmo,
para poder perder (neste caso ganhar)
o seu tempo com as pessoas do mundo.
Porque a pessoa equilibrada sempre vê
o equilíbrio nos outros,
e nisto, perpétua o equilíbrio.
Mas quando uma pessoa,
por razão qualquer,
está cansada de se equilibrar
porque já se habituou a estar desequilibrada
e não consegue encontrar o seu caminho,
o mundo só descarrila mais e mais o seu destino.
É por isso que quando perdido
mais vale fechar as orelhas e deixar o mundo
andar por aí e, com tempo, com mudança pessoal eventual,
a coisa volta ao compasso normal.
Não me gosto de permitir ódios demais
porque sei que guardam um problema meu
e não dos demais
mas quando se olha, com olhos de ver,
o mundo de agora,
só dá vontade de lançar bombas
e coisas idiotas como se vê hoje
nas notícias em todo o lado.
Palhaçada, é o que é.
Nunca houve tanta escravatura como hoje em dia,
incluindo claro a assalariada.
O terrorismo actual
é menor do que o dos anos 70, 80.
Vivemos em guerra de informação
sem nunca ir à janela e ver e ouvir
o pássaro nativo piar
em alegria do verão ou primavera
estar a chegar.
Tá tudo maluco
mas não pela realidade,
vivemos tempos virtuais
em que o próprio físico humano,
mente humana,
espírito humano,
está confuso e desvirtuado de seu propósito na Terra.
Se calhar é tempo de eu ir para a Terra,
desconectar-me da "rede".
Não me identifico com nada do que se passa hoje em dia...
Peço desculpa por esta sinceridade
que deveras não me dou à liberdade de expor neste blog
em tal força de obrigatória elevação artística e humana.
Mas às vezes cansa escrever, ter ideias e ideais,
ser poeta talvez,
num mundo tão absurdamente perdido
e desinteressante.
Até Lisboa que foi sempre o meu berço espiritual,
começa a ser - ou já é, claramente -
uma cidade como todas as outras:
starbucks, hipsters, burguer king, h & m,
etc etc etc etc etc etc etc.
Monogamia económica que vomita
seres humanos e caga marcas
que as pessoas TODAS comem!
Ah, que se foda tudo isto.
Estou cansado e apetece-me
caluniar o mundo.
O que eu quero é criar,
o que quero é ir,
ser nómada para que este sedentarismo económico
não me pegue.
Mas aqui estou e vou ficando
enquanto não vou
e assim posso caluniar o mundo
daqui à vontade
porque já não acredito nele,
é verdade.
Estão a vir os homens do lixo,
acho que vou para a cama.
Sonhar é melhor...

terça-feira, 4 de julho de 2017

No chão do meu cão encontra-se o céu.

Ao lado da porta de ouro,
invertidamente,
está a porta da casa abandonada.

Abandona a ordem que te guia a vida
e ordena o lar que te conhece além.

O aqui existe só aqui.

Existir ali é mais do que aqui
pela simples questão de criar
expansão.

Espaço acorda.

Expansão é existir completamente. 
Onde está o meu anarquismo?
Onde está o meu potencial ser?
Onde está esse ser que com forças do vento
limei à aventura da vida viver?
Onde estou eu?
Porra que nem me encontro,
sei tão bem e pronto de mim
que tudo de confusão que possa acontecer
no mundo nada é à minha realização de além
de mim ser afinal "eu".
Concluo que em tempos de desorientação
tu és todos os teus medos e nada de ti,
és o oposto de ti, na verdade.
És algo que foge à tua verdade
e verdade só há uma,
é singular, e fantástica como tu teres
nascido da morte e voltares a ela
sabendo-a!
O que amo é o instincto misturado
com o racional, misturado com a intuição!
Sem isto és pior que animal.
Vives protegendo-te de teus medos,
vives adiando a confrontação
com o teu eu
que afinal se despachava numa coisa
bem menos dramática
do que aquilo que agora se tornou tua vida.
Aceita o ralo onde te quedas,
dele faz ritmo donde dele te ergas.
A alma sozinha sabe disto tudo
e conhece absoluto.
Ama a vida além das possibilidades,
reconhecendo-te a ti Só.
Ama a vida e deixa tudo para trás
que em tempo te há de amar em frente,
seguro, presente.
Escreve e sê.
Só.
Adoro a autoridade que uma pessoa tem sozinha.
Qualquer acto ou maneira de olhar é singular
e não necessariamente consequente.
Qualquer pessoa nota, a seu tempo,
essa singularidade de momento,
sendo que o que é sentido é apenas ali
manifestado, dentro,
não mandando ao ar,
pelo social, pelo gasto físico,
apenas dança mental.
Há qualquer coisa de singular
no acto de estar sozinho
que me encanta mais que tudo nesta vida.
A tangencia à angústia da solidão
e a presença física no acto social:
esse paradoxo faz desse momento
uma coisa poética,
uma coisa prenhe de significado,
momento, compreensão.  

Essa voz terrível da tua cabeça que te manda a baixo e distrai,
se for ouvida, compreendida e domada te levará ao divino,
te levará a ti mesmo.