quarta-feira, 30 de abril de 2014

"Os índios não faziam distinção
entre estar acordado ou a sonhar."

Disse-me alguém ontem.

A verdade é que o sabia
mas me foi docemente lembrado ontem.


Há qualquer coisa neste mundo moderno,
civilizado, globalizado que não entende
que a vida pode ser uma coisa redonda.

(Não que eu o saiba...)

Há um cansaço,
um esforço constante,
a máscara triunfante
que esconde a carência.

Nem sempre,
nem sempre...

Tantas culturas,
religiões,
tribos, povos, civilizações!

Tanta coisa do tempo
que é esquecido por
essa actualidade incessante.


As coisas só fazem sentido
fora do sentido que lhes dão.

Jardim Botânico























Não me surpreendeu por aí além 
mas, no entanto, um passeio calmante e elegante.


terça-feira, 29 de abril de 2014

Não sei o que procuro nem o que alcanço,
a prova dura mais que a conversa.

Quem sou,
quem fui,
conversas e danças sem fim
que me colhem direito
ao stress mortal.

Há que ser a coisa por final.

Vejo de mim
cuidados outros
enquanto espanto a monotonia com rebelião.

É estar sozinho que ganha espaço ao crente
que não apalpa nem ousa tocar a realidade.

Mais um tempo e tudo demora,
novamente, a entrar.

Vem de mim
quem olha
que eu esqueço,
eu esqueço...

Sê moderno
e acalma a ânsia tua.
De ser tua é só
e isso cansa
mas cansa...

Posso pedir o isqueiro de volta?

Calma.
Deixa o cigarro
se apagar e acende outro,
finalmente pedindo de volta,
o que de origem era teu.

A cidade tem coisas
que não sei.
E isto é metrópole:
mais colhe de ti sem dar,
se assim o esperares...

Dança acorda outro
e sê novo.

Tudo ensina,
tudo olha
- descansa nisso e acorda.

Antes da coisa acontecer
a única coisa que acontece
é temer a mudança:
e se algo dá, de repente,
terrivelmente mal?

Dor que é dor
sente-se
não é magia que
o cérebro só imagina.

Descobrir o que é
fora do que se sente.

Caber no mundo nosso
e só, com calma e humildade
trincar a porção que nos cabe
(e um pouco mais, talvez).

Manter o tempo a avançar
e não deixar os fantasmas
queimar a pouca coerência
que mantém a cabeça a cima
das cabeças vistas na rua.

Será até importante vê-las de cima?

Parte de mim diz que sim
a outra quer-se nivelar,
integrar nesta coisa da vida.

Constipado e segunda-feira
a coisa que me espera é fatal.

A mudança vem de encontro se não se vai ao encontro dela.

É bom não esperar e avançar.

É bom tentar para integrar.

É bom,
é bom...

domingo, 27 de abril de 2014

Tempo ao tempo.
Ser tudo,
descoberta de nova plataforma,
termo que creia além.

No espaço
alento e conquista
ser esperar
e nela acordar, acordar...

Talvez,
quando cansado,
saber o que há, chegando
a estado sem lá.

Coisa de não ser mais frio,
coisa de passar.

É tempo de poder,
raça nova que não teme
mas treme
em concordância.

Nascer aos pouquinhos...
 
Tudo precisa precisão,
especialmente o que não tem prescrição.

Tudo tem valor,
especialmente o que não tem valor:
amor, tempo.

Tudo gasta noção
mas é a noção dela que fá-la ser.

Tudo nasce de algo.
Poder ou reacção,
é ter vida e não tê-la perfeitamente.

Oh,
guerra à mente,
destruir a barreira que a acolhe,
nada mais.
Ela cresce fora os demais.

sábado, 26 de abril de 2014

Amanhece fora de hora,
e aí o que você tem de conhecer
é o além feito desprezo sensual.

Nascer profundo
no leito de continuar,
falando nocturnas conversas.
Sem sono, sem tempo,
companhia e alento.

Corre a pestana do céu
se tornar azul
com o amarelo do sol.
Tristeza ambulante,
oh mas que tristeza ambulante!

Regras da rua suja
serem meu astral.
E pessoas cambaleantes serem
expressas formas de vida universal.

Porque é universal estar bêbado.

É universal estar tão fora de ti
que estás como estás apenas...

Guerra ao sim,
guerra ao não,
fascículos de Platão...

Também,
sempre sofre o actual.
Mas tão maneiro em sua dança
- ingénuo...

Não as gosto:
reticências;
mas me servem complexo sentimento
de chamar a cama sem que me ela chame.

Talvez se não fosse eu outra vez...

Reticências.
Merda a elas;
mas a escrita mas chamas.

Então na sombra
de ouvir pássaros - parecidos
com corvos de meu lugar -
eu calo-me ao quase não luar.

Dorme bem.

Casa


Casa é ter tecto.

Casa é possuir um abraço físico,
material;
e, nesse abraço,
conseguir respirar o mundo
sem ter de o viver.

Casa é dormir,
é festejar com mais quem se quer,
é comer só ou alguém.

Casa é amar com elegância,
descobrir a esperança 
no compasso paz do tempo.

Casa é ter onde pertencer
sem ter de pertencer a ninguém
ou a nada, necessariamente.

Casa é se saber onde está,
por mais longe que se esteja dela.

Casa é acordar sem pressa,
ouvir os pássaros,
bocejar.

Casa é preguiça,
coisa tão útil 
e menosprezada...

Casa.


(atenção que pode não ser uma casa...)
 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Let's not think
about tomorrow
while there is only today.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Tudo o que se sente
mentira se a vontade
prolonga o tempo de entrega
a um novo.

Guerra há sempre
e é essa pena
que se deve escrever
na vida, a tinta preta.

Vida querida
aloura meus sonhos
em coisa horizontal
que toque os outros
e retribua a mim
afectos seus.

Pois estou tão,
tão sozinho
que só minhas pernas
não sustentam peso além.

Queria-te cá
mas te não sei paradeiro.
Te sempre quero
mas és bengala de meus sonhos.

Há a noite carioca
com pouca gente...

Noite quente: t-shirt e calções,
serões de crer no impossível:
Eu estou aqui.

There are cursed nights

The nights when you go out
because you don't want to feel in.
And still,
the out doesn't caress you
with new or different
but unspoiled normality.

The sound it's so close
to silence that you believe
it can be of some good
but no,
it isn't,
it's just sad.

All the demons join
when alone you feel together.
But the streets show
true nature
and your alone falls,
like burning wood,
its true form:
ashes.

So learn to be unkind
to your kind nature.

Dangerous are the ways
of pure and simple
if the world
only knows
of violence and control.

Beginning always hurts
but time makes it simple
with no words.

Begging for mercy
or gods,
that you don't know,
it's wrong for the task
it's yours to fulfil.

So, get together
by no means
other than fear
and smile
like a conquest
of dark times.

Never was I so challenged
by all and others,
yet everyday teaches me some.

I want to make a whole
from all those pieces
and realize that my life
is singular and worth being.

There is suffering
but in all challenge
there is growth.

The beginning is tall
but make life to it
and you'll get there.

Shine silence into it
and sleep your fears for tomorrow
like arrows of a mistaken blood.

Grow me strong,
for as little as I feel
I'll prevail.

Sadness is a way
of the ones who go along
with their fears and barriers.

A cold heart
doesn't know
about freckling emotions...

I imagine something
but it is imagination
so I try not to.

Life just.

But life it's too soft,
mind lighted by consumption lost.

Get together still
for it is the one that minds
matter over mind.

Alone no nothing can be conquer.

Rocks to fill
in that universe that we call
individual.

Hello.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Te encontro em qualquer lugar
mas te não sei tocar.

Te sinto e vejo
mas não o sei expressar.

Tenho palavras entaladas
na garganta que me esquecem de falar.

Às vezes te lembro,
mais quando sonho,
e creio-te para sempre ficar.

E ficas, e ficas...
Mas como coisa sem lugar,
coisa quase dos outros
e os outros não o sabem
nem eu o sei dizer.

São palavras na garganta
e sombras de fantasmas.
Eu não estou a ir a lado nenhum,
de alguma forma sempre acho
que sou o lado em si.

É estranho.

Como desconhecido
ando por aí,
tentando encontrar direcções
e prazeres óbvios à minha mente,
vontade.

Ocorrem-me poesias e ideias
mas a vida não ocorre tanto.

Me escondo dela, talvez.

Atrás dela há aquele espaço inviolável...

Mas, lá está,
crescer é ir perdendo aos poucos
esse espaço
e ganhando, com a perda dele,
amigos, amores,
acontecimentos, noites,
dores e dicas.

Resistência não compensa
quando fora da roda se joga.

Há que arriscar,
perder,
ganhar.

Está mais calmo por aqui
e não gosto do calmo
porque me acalma
e a calma não propõe desafio.

Nunca sei, ao certo, o que fazer.

É uma dor que começa na mente
e cai para o corpo como lava.

Madrugada à chegada
assisto a tudo ileso
e choro esse sorriso.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Portugal,
para mim,
é Fernando Pessoa
e todos os seus
sonho.
There's more about silence
than not speaking.

Silence it's talking
without words
rather expressions
or not even.
You just reflect
like crazy in your own head.

It feels like you're talking
to the universe
and yet you're
not talking to no one.

Strange the ways of deliverance...

Get to know.

domingo, 20 de abril de 2014

Film me on light
for my blueness to shine.

Not to get there
and arriving somewhere new,
better cause of the lie.

Smile,
I smile.  

sábado, 19 de abril de 2014

Parque Lage







































 Quando entrei fiquei logo enfeitiçado pelo lugar. 
Bruta vegetação tropical, grito imenso de selva verde e incessante.
Não há disto em Portugal, nem na Europa; Brasil é índios...
(curioso que ontem, estando a assistir a uma ou duas rodinha de samba
na Praça São Salvador, senti que aquele som, cantado todo junto em coro,
parecendo como que chants ao divino (antigo), tinha tudo a ver com a herança
dos índios daqui do Brasil)
Andei muito por lá e andarei novamente. 
É um local maravilhoso e brutal de Natureza tropical.

Saindo de lá, para o barulho dos carros e ónibus e tal,
cai uma certa tristeza ou amargura - a civilização é dura e dura.