segunda-feira, 22 de maio de 2017

Quando se não dá o salto em frente
caminha-se para trás.

Quando se perde o impulso
vai-se caindo,
mais e mais,
para a cova
que se cria
por não criar alternativa.

Parar é morrer
e parar o espírito
é viver morrendo.

Há um investimento no futuro material,
educativo sim
mas a alegria de viver comigo
desapareceu.

Não espero nada,
não ambiciono nada,
a única coisa que queria
era ir por aí,
fugir e viver cada momento
como singular
e fruto do tempo.

Vou por aí quando for,
é em breve, sei que sim,
não sei ao certo onde
mas vou e vou ficar lá
algum tempo a escrever;
que aqui,
estagnado,
o tempo não passa
e vivo o passado
putrefacto
sem presente,
sem nada.

Desculpa ser mundo
parece que quero voltar
à essência...

terça-feira, 16 de maio de 2017

É um tamanho desperdício viver cá dentro
mas depois logo vejo que sem dentro o fora
é despersonalizado e nada conhece de ti.
E eu quero sempre ver o mundo como um reflexo
do eu que ambiciono sempre ver crescer e ser ele.
É então uma guerra acesa mas silenciosa que se vive aqui
dentro.
Fazer dele, eu e eu, um ele maior que eu.
Um jogo bipolar de arte, amor e conhecimento.
Um jogo esquizofrénico de tudo o que fiz até hoje
foi sempre a plena competição entre os meus eus.
Tentar ser maior que eu, e eu só, é o derradeiro propósito
desta minha pequeníssima vida.
E quando olho e me perco em distracções dos outros
ou do mundo, ou uma exigência social, material, etc
me logo canso de lógica e sobriedade e lucidez.
Porque vivo eu de plena perfeita compreensão
do sub-consciente e muito menos dessa maneira de estar
e compreender o teu lugar na vida como só mais um
pagador de impostos e de roupa e tal.
Vivo e sempre vivi além e quero me manter como tal
se o não consigo, começo nisto a me repetir
e a estorvar a arte e o leitor e o tempo
com esta conversa sem fruta e sem sabor...
Mas escrevo na mesma porque me propus a isso agora!
Minha visão turva tem saudades daqueles meus olhos de menino
que via tudo com uma curiosidade imensa e sincero amor pelo desconhecido
sempre sem medo ou preconceito.
Viver em paz com o mar, as gaivotas, o luar,
estar longe da cidade para a poder reorientar.
Saudades tuas meu filho.
Filho esse de quem nasci e de quem sou pai,
irmão e tantas outras coisas...
A aurora do singular individuo é saber
que em si existe o universo
e se algo entra nesse universo
que não lhe é de essência
põe em questão.
Pôr em questão é sempre bom
mas há limites quando a intuição
sabe e leva o próprio à alegoria
da consciência suprema
de poder morrer a qualquer momento
já que a vida sente-se como divina.
Há tanta beleza neste mundo
que não pode ser travada.
Há tanta beleza neste mundo
que deve ser escutada.
Há tanta beleza neste mundo
que se deve trazer para dentro
e só isso ouvir e viver.
Cai o mundo
- que o vejo cair -
mas não cai o sol,
nem o céu,
nem o mar,
nem os pássaros
que sabem do ar o seu lugar.
Eu jurei-me existência nessa plena consciência
mas por fruto de repetição, estupidez e distracção
me esqueci disto.
A única coisa que me conhece
e eu sei saber e amar,
é esse silêncio que verdadeiramente conheci
em olhar o horizonte,
com o mar e céu em sintonia azul,
continuar pleno
para sempre e infinitamente
em frente,
sendo o desconhecido
a única coisa a despertar
em mim
vontade de viver.
Nesses momentos de meditação
descobri ser,
além de eu,
a consciência de minha visão
e meu entender
do que a vida me queria dizer.
E ela me disse tanto....
Tanto que a qualquer momento
morrer seria uma espécie de dádiva
pela simples noção de gratidão e consciência
de que a vida se deu a mim.
Amar a vida
é poder fazer dela
uma dançarina que espanta a morte
e infortúnio e brinca o sofrimento
à noção de conhecimento e entendimento.
Assim o mendigo é mais ilustre
que qualquer rico.
Assim o rico é só mais um ser que morrerá
e nasceu.
Assim a questão da vida
não é o dinheiro mas o tempo.
Assim a vida é tão bonita
que por vezes - muitas -
apetece deixar ir,
morrer.
E ao deixar-te morrer por ela
te vês sempre e sempre
te rejuvenescer na graça dela,
na absoluta certeza de que estás vivo ainda
e completamente por causa dela.
Então sim, a vida é uma mulher,
e deus te olha dos céus
resignado a esta tua consciência
de que encontraste ela
sem precisar dele...
Filho da mãe
e o pai se verga a ti
como filho maior,
filho único.

Filho teu
e pai és dele agora.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Na guerra interminável da mente
a luz só se faz em frente.

Um passo basta
e continuar
é já a conquista.
Saudades do tempo em que as coisas faziam sentido.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Falei ao tempo noutro dia curiosidades do sol
ao qual ele me respondeu com vento
que eu estava era maluco.

Tem algum sentido de humor o tempo...

Ora que a noite e o dia me estejam agora interditos
por uma qual estranha feitiçaria, mau-olhado e tal,
eu caminho igual por aí,
ainda que com este medo,
antes estranho a mim,
faço questão de,
na mesma,
andar por aí.

Sei o caso,
conheço este traço em mim.

Fui feito nómada de nascença
pela simples questão de ter sido tão sedentário antes...

Já conheço estas maldades de meu espírito,
ele quer só movimento
e passar a ferro cada dia
como se de todo um universo
se tratasse.

E trata-se, quando neste estado
consigo me estar.

Meus olhos guardam a visão absoluta
de viver a vida além mortalidade
e nesta quântica física
de consciência
eu vivo bem,
estou bem.

É demais confuso aos outros,
sei-o.

E agora adio esta manifestação
porque me julgo preso
mas será que estou efectivamente
ou apenas quero estar?

A dádiva de um dia de cada vez
não é para todos
no sentido em que
a única coisa que nos guia
é apenas o alerta real
e metafísico da visão física
conciliada à intuição.

Viver para o futuro
parece que todos vivemos,
querendo o conforto de uma carreira,
família e carros e casa.

Enquanto no esforço de querer isto
viramos fantasmas da vida em si,
questões sensíveis à alma que persiste
em se querer manifestar.

Como um sonho que se tem
mas se acorda e logo se vê
que o real é a porrada do dia-a-dia
rumo a um futuro que nos pode nem chegar,
visto a morte estar em qualquer lugar também
na vida.

E viver a vida como um sonho?

Acreditar o sonho ao acordar
e viver fisicamente também ele por aí.

Desacreditarmo-nos de falácias da vida moderna...

O curioso é que é sempre quem mais mente a vida
que se safa de cair,
pois quem pode cair na vida
se o que vive é uma mentira?

Assim cai aquele que realmente acredita e ama a vida
e se responsabiliza por ela, por si e pelos outros.

Não digo isto num tom cristão mas
como toda e qualquer - julgo - religião.

Ser verdadeiro para consigo mesmo
é viver com deus ao lado
e perceber que o que se sente
deve ser sentido e interpretado,
gerido e redireccionado se em conflito
com os verdadeiros ideias do pensador.

Não se pode viver a vida como um castigo,
se ela te pesa é porque algo está errado contigo
ou com o que andas a fazer para com ela.

A vida só dá suas fenomenais graças
a quem está em paz para consigo.

Isto digo porque sei
e perdi,
nos últimos tempos,
este saber.

Tenho de lançar fogo ao chão onde estou agora,
foi sempre assim que consegui andar para a frente.

Quando caio fico pegajoso,
pesado e incapaz de me mover.

Portanto a única coisa a fazer
é pegar fogo a tudo e todo que sou agora
para ter que fugir e encontrar finalmente
onde ainda não sou
mas serei,
novamente,
eu.

Fogo e água.

Fogo quando estás no chão,
Água quando estás no céu.


Dois dentro,
um chora outro ri.

Dois dentro,
um sofre a vida em angústia,
o outro torna-a em alegria para os outros.

Dois dentro,
um conhece o segredo,
o outro só tem medo.

Dois dentro,
um fortalece o desejo além conquista
generosidade alheia,
o outro guarda para si toda a angústia
e despreza os outros todos.

Dois dentro,
um caminha o caminho da canção de seu coração,
o outro quer-se ver tão forte que deixa de alguma vez mais sentir, sofrer.

Dois dentro,
um é a hereditariedade de toda a humanidade,
o outro sofre apenas a dor física e pequena
(mas imensa)
de ter a hereditariedade da família de sangue.

Dois dentro,
um acha um absurdo a vida e só precisa, quer morrer,
o outro vê nisto plena alegria e goza seu sofrimento
a um alto gracejo que ecoa pela rua.

Dois dentro,
um ama,
o outro tem medo de amar.

Dois dentro,
um quer ir,
o outro quer ficar.

Dois dentro,
um mesmo
e para sempre.

Dois dentro:
há que haver amizade cá dentro...



Equilibrium

segunda-feira, 8 de maio de 2017

É um qualquer espaço que caminha entre o tempo e o estado que consegue alcançar Algo.

domingo, 7 de maio de 2017

Sempre um mais passo, sempre possível o inimaginável
e na sombra do medo avançar para a frente segredo profundo.
É na luz que me turvo e em pânico fujo
mas é uma luz dentro que me guarda segredo negro,
com pura luz toda dentro.
Há um medo mágico por aí,
há um medo dentro que pode sair
e descarrila toda a emoção, vontade, razão.
Viver contra esse medo tem sido o caminho que levo,
apenas isso e apenas esse medo que me ironicamente
leva para a frente.
Portanto tão de maldição tem como a salvação me obriga
a alcançar, chegar, ter em conta o ir e apreciar.
Paradoxo é o reino dos sonhos
e a intuição goza com a razão sóbria e estritamente racional
porque ela, a intuição, conhece o além morte,
além medo e vive tudo com o gozo de uma criança
que conhece os deuses como papá, mamã, tios e avós.
Uma grande família cá dentro que preservada
leva-te aos sonhos do nada que retém o tudo com calma.
É uma alegria viver com essa família em paz
e regozijar a vida em plena sabedoria de viver
tão mais bem o além que o aqui
que só cansa, estorva e molesta a grande sabedoria e amor.
E há esforços que querem que a coisa se junte
à realidade, feito pleno o sonho em forma física de acção e ser.
Mas há uma tremenda força bruta no mundo de desilusão,
ou de ânsia por quem isto expõe ao mundo e à vida tudo.
Portanto viver em paz para contigo e saber levar-te por aí
dócilmente para que a guerra e paz vivam plenas em ti
e te protejam da vida por aí.
Quando o mundo interior equilibrado
aí pode-se expor ao mundo exterior
essa magia e vontade interior.
Mas quando torto no interior
há que voltar à essência e preservar energia.
É toda uma roda viva de aprendizagem e sabedoria
que tem como moeda de troca o tempo somente.
Tempo mais Espaço próprio é a divinização da existência
singularmente pessoal.

sábado, 6 de maio de 2017

Reconstruir aos poucos a Catedral de minha existência e crença.



Religião Somente Minha.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Onde é que está Portugal Lisboa?
Viajar, viajar
ver a vida a passar;
ser menos que um pássaro,
fantasma do espaço
em tempo constante de descoberta!

Oh, alma minha morta de novidade,
o que precisas é Fugir com toda a Alegria de IR!

Amar a vida por a sentires apenas em movimento
e o tempo ser um espaço que habitas perfeitamente.

Viajar, meu filho, viajar minha mãe,
preciso de ir por aí e perder-me em mim
somente.

Nasci nómada, não nasci para ser daqui ou dali,
sou filho do Grande Espírito e ele só conhece movimento
e simpatia pela descoberta aberta à frente crente do Mundo ser além
e tu muito, mas muito mais que isso!

A arte de saber que o que viver é falácia e preguiça
das almas que por aí andam perdidas
e tu sempre que demais encontrado,
se ficas por aí apenas,
morres tão mais completamente que todas elas juntas.

O meu cérebro não entende o capitalismo,
o falhanço absoluto do futuro possível à alma e corpo junto.

Morre diz o sedentário,
mata a tua essência,
sacrifica a tua alma
em prol de fazer parte
e pertencer a esta escumalha
que é o ser humano desacreditado.

(Isto são os meus olhos cansados de agora que vêem...)

Que pena meu filho,
juraste a ti mesmo
nunca mais te desacreditar do ser humano
que és tu, afinal, visto de fora.

A desacreditação é a coisa mais Horrível
que destrói qualquer capacidade da Vida.

Por mais que fumes e bebas e socializes
nada te vai saciar da infernal vontade de IR!

Desistir de tudo e confiar ao destino todo o teu mundo!

Niilisticamente acreditar na vida como se de impossível fosse
a tua simples existência.

Um astro dos céus que habita um corpo
e vê tudo como se de deus se tratasse.

O presente feito eterno
pela singela e ingénua
mas intensa e madura
capacidade de te deixar ir.

Será a vida pagar impostos,
ter filhos e carreira?

Olha que não,
olha que pelo menos só isso,
com certeza que não.

O sonho, os sonhos,
são a única coisa que verdadeiramente existe.

Se a vida sedentária te está a matar disto,
há que reagir a isso.

Vida futura de presente absoluto,
só sonho isso!

Demais lúcido e perfeitamente consciente
de quase tudo,
se me não há novidade e descoberta
a descobrir,
o falecimento começa
e nada há a crer.

E tu nasceste a e para Crer...

Inventar deus pela forma como levas a vida a entendê-lo.

A arte de conhecer o desconhecido
como O verdadeiro amigo.

O passado, deixar morrer
para te apenas aparecer
quando disso surgir vontade
e necessidade.

A vida é presente e tudo o resto
dor de cabeça para a alma que sonha
muito mais do que vive.

E viver, viver,
é o que tu vieste para aqui fazer...


A vida foi feita para viver
e se a alma não é pequena,
como o FP dizia,
então a tens de viver
em honra dela
e desse senhor também.

Guerra à vida para haver
aquela linda infernal harmonia:
física quântica de teu coração,
mente e pila alinhados com esse som,
espaço e tempo que é a existência do espírito:
PURA VIDA!