Um mês é tempo. Tempo de descobertas e desafios, tempo de lembrar um fim. Um fim novo
que reflicta novidade de ser. Ser outro, por excelência, de não conhecer os princípios daqui.
Nascido num outro lado e a direcção desse estar longe deste. Comer variado, juntar algo
de afectos e conhecimentos que renovem. Estar nervoso é o prato do dia, vulnerável mais ainda,
e na incerteza rumar não ao norte mas ao luar de noites quentes e sem fim, até nascerem
finalmente dias de mim. Hoje um dia de descanso. Amanhã com certeza que não. Fui à
rua comprar um latão - cerveja de 473ml vendida em lata grande. A cerveja ajuda ao movimento.
Não o mais saudável nem fulminante mas um movimento que conhece o parado também, como
se se movesse em poesia, dançasse nela e aqui; realidade vida que cresce, cresce até desaparecer.
Oh, coisa de poeta, paixão pela melancolia - coisa pesada que mia. Antes ladrasse...
É duro ser homem em vestes de poesia. É duro sê-la e sê-lo em pleno e simultâneo. Mas dura
nem é a vida embora que ela dure, dura como uma estrela. Preciso sentir outro odor perto de mim,
sorrisos doces mas persistentes nessa doçura. Que coisa que não dura não me agrada, agrade
à arte... A essa agrada a coisa rápida que marca. Só a vida aceita o que lhe damos e nos dá em troca
ela por meio de outros, outras que conhecem o além de nosso fim só. O difícil que me está sentir vivo.
O quanto sonho me isolar ainda que sabendo que o maior e mais cobarde erro... O direito a falhar.
Falhar junto e nisso acordar, levantar, andar correr e de novo andar. Estar junto, acompanhado -
dormir com alguém alado. Sinto-me velho nesta maneira de ser. Sinto demais. É só isso. Sinto e fico.
Aprender a ir, ai sim o partir.
Escorregar nas sebes da certeza.
Cair certo em e com nobreza
e levantar - aprender a levantar.
Tanto de figuras mitológicas
que só anulam jovens.
Tanto de profecias
que afinal mais não são que cobardias.
Ter outra mão com outro sangue
e um sorriso irónico e maroto
que me dê a mão ainda a outro.
Porque a solidão só guarda sabedoria.
Nada mais ela guarda ou dá
senão esse fogo de magia
que não queima mas faz sentir queimado
por todo o lado.
Vivo de memórias
mas sou jovem demais para vivê-las só.
É ridículo,
é escrever.
É ter o dom de poder não ser
e ser na mesma
como que por castigo.
Oh Portugal
o que fazes em mim ainda,
não vês que estou no Brasil!
30 dias já são uma soma considerável de dias. A rectidão deixei-a de lado - mas está lá ainda.
A adaptação vai-me somando à nova realidade e assim se pode chegar a algum lado.
Novo o canto de mim? Ainda não sei ao certo mas que ele canta, sem dúvida.
Um dia de cada vez é o método. O tempo é quem decide, quem tem a última e
sincera palavra. O tempo lima tudo o que está a mais, tudo o que não resolve e não
deixa resolver, tudo o que só lança e não acompanha, tudo o que afirma sem antes
compreender.
Um mês são 30 dias em média.
Um mês fora são 30 dias dentro de um novo tempo.
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