quarta-feira, 2 de abril de 2014



Na rente passagem à água
suo a existência pelo meio
da mistura com a Natureza.

Ao lado,
o trânsito louco e o apitar
constante do carioca enlouquece até habituar.

Todo o corpo hirto, atento a cada movimento.

Aqui a selva urbana é uma evidência
não só uma realidade.

Desço do pedestal Lisboeta,
Português que me formou
e consigo alcançar as novas notas.

Aqui a calma é um bem raro
embora que pareça presente quase sempre.

É incoerente a coerência daqui,
tudo é afinal dança.

A dança do índio, do africano  
roubado a África,
dos imigrantes famintos e soltos 
longe de sua estrutura moral.

Nasce um país,
uma cultura,
que tem de essência a mixagem absoluta
entre partes como que opostas.

Para um Europeu é coisa estranha e
intensa demais, parecendo selvagem,
mas para os daqui é o normal quotidiano
que dança a vida sem parar nem demais dramatizar.

Tudo avança,
tudo tem de avançar.

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