sexta-feira, 7 de março de 2014

Na cidade maravilhosa o respiro é em conjunto e a fala, poder de argumentação, segura a parada
de ser tudo demais, intenso e largado pela coisa de tudo fluir feito rio pronto de amanhã ser hoje e
nunca alcançar também. Muito sorriso e muita beleza, um respeito no ar por tudo e no entanto uma
pobreza de caras baixas e tristes do trabalhador. Tudo corre feito um rio e a fala segura como uma
rocha, pedras por onde a energia é descompensada em entendimento mútuo. Belo. Muita mistura
e o além de caminhos encontrados de origem outra fazem de qualquer momento uma coisa exótica.
De Lisboa ao Rio a  conversa é outra e meu português pausado parece parar a dança desse brasileiro
falado e por mim escutado com atenção. A cidade é muito maior que pensei antes. Como Lisboa,
Portugal cada bairro guarda uma identidade própria, bem nítida e assim ainda maior fica tudo.
Ricos e pobres e a pressão do mundo empresarial e económico a desbastar as poucas colunas
que sustentam tamanha maravilhosa incoerência. "Não vai ter copa" é o que mais oiço, no meio
de tremenda alegria e dança. "Muito caro" é outra, tá tudo muito caro. Para quem visita é, e sempre
será, a cidade maravilhosa mas para quem é de cá, é apenas cidade, casa - mais maravilhoso que
os olhos podem ver e a boca falar. Manter, estou a receber.

Jorge Ben Jor - País Tropical

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