Há um espaço entre o chegar e partir
espaço esse onde gosto de existir.
Aguardo a ida com fervor
mas fico com essa dor aqui
regenerando-a em força de ir
por aqui, ficando no indo.
Qualquer coisa de intermédio.
Quando se não pode,
por alguma razão,
ir
então que se vá
ficando aqui.
Uma espécie de viagem dos pobres,
viagem constante da mente,
entre espaço algum e todos
ao mesmo tempo.
Se não existe viagem
a vida cansa-se de quem a pensa.
O gozo é ficar no meio,
parecendo que se está absolutamente aqui
mas só assim parecendo porque
na verdade se está a imaginar o outro lado
constantemente.
A arte ajuda,
a imaginação cria.
Há que ter espaço na mente para isto
e não perder tempo com erros do passado
ou maneiras de ser demais agarradas a algo físico.
E quando aparecem exigências ao crescer
é que acontece a frustracção perpétua
para a alma que Sabe disto.
É preciso ter cuidado meu amigo...
Crescer sim mas com calma
e sem pretensão.
Mete-se tudo na corrida ao dinheiro
e estabilidade económica e tal
e esquecem-se da paz de espírito
e singular maneira de estar de cada um.
(Pois creio que se nasce para se ser quem se nasceu.)
Um pouco cansado do mundo
mas creio que é do meu mundo.
Um mundo repetitivo onde não encontro saída,
saída de mim.
Quero me encontrar com o mundo
e aprender humildemente a ser eu
novamente.
Uma enorme tensão dentro de mim.
Não sei o que fazer com isto
apenas escrever
porque é barato
- é grátis! -
e só precisa de tempo.
Dêem-me uma revolução,
uma guerra sincera,
algo que me distraia desta coisa de ser eu.
Quem me dera ser como os meus colegas de trabalho
que acreditam no que fazem e o dizem detalhadamente
como fazer e o que os chateia e alegra nisso.
Eu sorrio a tudo isso.
Estou sempre além,
além de tudo
e demais perto de mim.
Tirem-me daqui!
Mas a questão complicada
é que só eu me posso desmultiplicar
para poder, finalmente, absorver o mundo.
Velocidade é a arma
mas não a sei agora.
Perdi-a num amor dengoso
e demais querido
que me fez acreditar
que parado estar se encontra.
Ai, mas eu, com o parar
só encontro obstáculos e fico cansado
de os desbravar ou desviar.
Sou uma alma cansada
que só com velocidade
encontra a jovialidade
de amar a vida a todo o custo.
Com isto, não me posso dar ao luxo de amar só Uma
pois tenho essa coisa de saber amar a vida.
Coisa sagrada a vida.
Coisa que está esquecida
e eu mesmo a esqueço agora
mas aí está a necessidade
de um recomeço.
Para quê estar prostrado no passado
se a vida se encontra aí,
agora, em tudo e em todo o lado?
Explorei já tanto com a mente
que as frustracções que me surgem
não têm qualquer possibilidade de compreensão
racional.
São coisas completamente loucas
em correspondência com a minha natural busca
pela inimaginável complexidade da vida e mundo.
Esta vontade de Saber
é perigosa,
muito perigosa,
se não tiver direccionada
na direcção certa.
E é isso que amigos e namoradas
nem sempre ou nunca
podem entender.
A vida é só uma
como eu só um.
O feminino e o masculino:
o meu amor pela vida.
Passei conhecendo lugares e cheguei aqui.
ResponderEliminarAchei muito interessante seu cantinho, o texto, tudo!
Muito obrigado "Aleatori a mente".
EliminarÉ bom passar, chegar, ficar um pouco, ir e, quem sabe, voltar.
Um bem-haja a si.