sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

E quando oiço aquele brasileirinho do Vinicius,
Tom e Powell,
Elis, Caetano, Gil e João,
a gente toda da Tropicália,
os Novos velhos Baianos,
fico como que enternecido
por o apenas estar vivo
e ter o enorme prazer
de me assim sentir vivamente
por causa deles todos.

Toda a frustracção da vida
se torna ar
dançando com um samba novo
da velha bossa e mais.

Minha companhia querida
de ser, mais que pessoa,
emoção artística.

Que chatice seguir vivendo
o que queriam e querem que seja
quando mais tão feliz sou
no meu enleio sozinho
acompanhado só com minha música,
ideias e imaginações.

A arte de viver vivendo
é coisa que nem sempre fácil
quando se tem um ego que se magoa.

E magoado menos tem a dar,
isto é, receber.

Graças a uma esperança estranha no além
sempre creio que a solução é voltar a mim,
a esta praça de solidão
onde o tempo não é
e o espaço,
oh, o espaço sei lá - nem é uma questão!

Porque o que tenho dentro,
dentro,
bem dentro,
é um mundo minha querida,
é O mundo se quiseres.

E querem que salte para fora,
para ser mais daí,
mais do mundo dos outros...

Mas os outros não existem
ao meu mundo crente e em frente
sempre persistente.

Mais este mundo que decadente
procura colher quem crê
para o despedaçar em profeta
morto.

Só amo o mundo
quando meu amor
grande
está perfeitamente
enternecido de ódio
- consequência de seu amor interior -
por quem não acredita.

Pois acredito,
sempre sigo acreditando.

É a minha chama,
só morrerei quando por morte física,
até lá vou seguindo
ainda que torto.

Não sei.
Agora só sei que o Brasil sabe de mim
nestas coisas.

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