domingo, 20 de novembro de 2016

Oh, minha alma quer-se ver livre da realidade humana.
Os pensamentos mirabolantes de uma mente que foi correr à chuva!
O frio, a chuva, a noite e o desporto fazem a loucura tomar conta de mim.
É que de ficar parado fico torto e não sei como lidar com a coisa de ter um lar.
A pressa de fugir, descobrir o desconforto para nele encontrar conforto a persistir.
É que tanto peso e demora, e tristeza e neurose fútil, fazem-me rir e nunca chorar.
Não consigo dizer o que me enlouquece, não consigo disso me partilhar,
só consigo antes tornar isso pensamentos, ideias e movimentos e daí
escolher linguagem e matéria-prima de conversação intelectual e, também, afectuosa.
É um precipício tudo isto, toda a vida, seja assim ou de outra forma.
A vida é uma coisa de loucos que só quem a vive absolutamente sabe
e sabe apreciar e dar graças aos momentos de alegria e destreza espiritual.
Tento a coisa, tento saber o que me faz louco.
Mas não há nada a saber - porque afinal já o sei...
O movimento é necessário para mim,
o desconforto então é essencial.
O medo que tenho à vida é o consolo que me dá a arte.
Enfrentar tudo isto sem ficar maluco.
Ser tudo isto sendo sempre alguma coisa.
O tempo e o espaço e o segredo de ter de avançar sempre
por mais que magoado ou fragilizado pelo mundo e os outros.
Não é coisa para fracos a vida esta.

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