Fica ao canto, ao canto de qualquer coisa
que não sai, que brilha quando tudo cai.
É uma coisa engraçada mas escura e dura,
pesada também mas óptima quando se mais
nada tem.
Não a via há um tempo mas aqui o tempo
pára e acontece lembrar - em perfeita sintonia -
esse parar, esse parar que anda, esse andar
parado como vento, sem estado.
É um morrer que vive, um viver que morre,
em gozo de se poder experenciar, deixar levar.
Não o aconselho e sei que quase todos nós
vivemos à frente ou atrás disto mas não no meio,
onde ele se encontra e acontece.
Meditação talvez, coisa de solidão e de não
ter que fazer, preguiça de dizer...
Ou talvez cansaço, coisa de troca de horários
abrupta que nasce o que se esqueceu, volta atrás.
Não gosto de voltar atrás, só à frente cresce.
O atrás é solo morto que guarda o petróleo do
espírito que tem tudo de nada morto ou escuro.
Nem pressa, nem nada; não há puxar nem empurrar
e assim fica-se no tempo, olhando-o como um velho
enquanto a criança vai perdendo, dentro.
Nas voltas desta vida a única coisa a aprender
é a esquecer... Talvez para só lembrar essa brisa
de agora e esse olá de um estranho como o derradeiro
primeiro.
Fico assim aqui e é coisa tão melancólica
que se torna doce. Mas de solidão será,
e se torna, venenoso e nisso creio não crer mais...
Ver a vida a passar só se se tem a quem querer dar.
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