sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Um outro ou eu mesmo,
sendo o pouco que de universo há em cada um de nós.
E se me inventar noutro é o segredo?
Que seja sincero e escolhido,
pronto firme de determinação sem igual.
As forças da Natureza só reconhecem a sinceridade
e a ausência absoluta de medo.
Conquista-te e depois o mundo.
Elaborando frente catártica
o humano flutua em sabedoria,
julgando melhor a maresia da vida quotidiana.
É preciso fugir para encontrar, por vezes.
É preciso que a mente esteja onde não tem de estar
para poder precisamente elaborar o futuro
em tom de quem mente, sorrindo, dizendo verdade.
Concordo com a morte
e aceito a consequência da vida.
Namoro os astros e o sol,
o céu e a terra.
Quero, ao ver a ave, sê-la.
Acreditar nisto é poesia.
Preciso clarificar a mente
e deixá-la vazia de comprometimento além disto.
Ninguém disse que iria ser fácil
e ninguém me disse que havia esta via
de uma pessoa se achar por si, sozinha,
feito mundo viral, rival, deste.
E porquê o estar tão vivo e físico
faz com que esta matéria
se não tão claramente se vicie
em minha consciência?
Neurose: tenho a arte ou a vida.
A vida só, sem arte, gera falácias
e distracções mil à conquista da matéria desta vida.
Quero correr o mundo a perder tudo
e deslumbrar-me com o ainda continuar sendo
- sendo apenas eu.
Cansado da vida...
Preciso me embrulhar na arte, morte e verdade irracional
para poder me pôr de novo nos meus pés,
caminhando por mim.
Não é tarefa fácil a vida sã
porque o mundo carrega a doença
de que todos se querem livrar.
A Natureza, essa continua sempre sendo.
A cidade move-se e falta-me a Natureza de outrora em mim
para a naturalizar, isto é, neutralizar.
Afinal, o que é o carro, o avião ou o maior edifício
comparado com o cavalo, águia e a sequóia-gigante?
Uns têm vida outros nascem mortos...
Bom, denigro a civilização apenas
porque, de momento, não lhe vejo naturalidade
- porque eu não o estou também.
É coisa de momento, uma fase de tristeza,
melancolia e irritanço espiritual e mental.
Sou um impaciente com isto do cérebro e das emoções
desse idiota coração.
Só encontro conforto na morte,
nesse juízo final que une tudo e todos
em silêncio e compreensão.
A tristeza é uma boa base.
A felicidade cansa, pa!
As ondas vêm e vão,
e o que fica?
A tua consciência delas...
Vai com calma meu amigo
que por vezes se é conquistador
e por vezes te sentes derrubado por este mundo.
São tudo, afinal, sombras da verdade...
Porque o conquistador não vê pormenores belos
e o derrubado vê-los com tristeza e alegria.
É uma sorte, se calhar, poderes ser os dois nesta vida
constantemente.
O que é, afinal, para sempre? 

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