sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O quanto de amor me expande ao mundo
e me espreme todo cá dentro
esguichando meu sonho à vida e realidade.

O quanto de amor é maravilhoso e assustador.
E perigoso meu amor,
tão perigoso...

Que alma minha que vive de se anular
e perfeitamente existir dentro
em perfeitas e harmoniosas danças
de absoluta liberdade;
quando chega o amor
logo tudo vem cá para fora
numa estridente fluidez de loucura
e acontecimentos.

O Presente total.

Senti isso, sem dúvida,
e tanto senti que tentei fugir disso
mas meu objectivo de vida  actual
não me deixou ou deixava
e assim só para a frente soube ir.

Depois houve as resistências do mundo,
sejam pessoas ou possibilidades,
a dificuldade do tempo e suas verdades.

Essa coisa chata chamada trabalho e dinheiro
que nos dá a permissão para, dentro de seus limites,
existir, como que, tranquilo.

Ora, o amor, a partilha de dois afectos, almas e corpos
não conhece fim nem problemas,
é tudo assim e soluções aparecendo por se querendo.

Mas vem a primeira dificuldade
depois a segunda,
ainda a terceira e a quarta
e o grito perfeito de cá dentro
torna-se a raiz de onde vem todo o sofrimento.

Aí fica sem graça
pois a alegria que se sente,
os sonhos e possibilidades que se libertam para o mundo,
não são todos possíveis,
fáceis ou sequer credíveis.

E quem se pensava ser
torna-se um peso
por querer sempre mais
e pensar ser grande e merecedor de tudo.

O mundo cai em cima de quem ama,
mais tarde ou mais cedo,
e numa cabeça sensível
e viciada em criação,
tudo isto é a maior desilusão.

(foca-se no erro e não no desenvolvimento)

Aí culpa-se a si,
culpa-se a amada,
culpa-se a vida,
o mundo, o passado
e tudo.

O amor abre portas
onde as não havia.

Mete tudo em corrente de ar
dentro da casa da cabeça.

E isso,
quando se quer de novo arrumar,
é uma chatice.

Chatice essa que demora e demora
a passar.

Cada um tem os seus limites.
O amor não.

E é por isto, amor,
que acho que todo o amor
é uma forte tempestade
à espera de chegar
depois de o dia mais belo
de toda a tua vida.

O amor é simultâneamente
um sono na vida
e seu despertar.

É como uma vida dentro desta mesma
com sua respectiva morte.

Quanto mais amares mais morrerás
antes da tua morte física.

O curioso disto tudo
é que quem vive morrendo disto
vive mais que todos os outros
que esperam a outra,
apenas e só
física.

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