Para quando o descanso da vida se virar eterno e o fim apenas uma barreira para outra dimensão?
De esquecer a vida vive o poeta...
Esquece escrevendo
e como só aquilo que busca é perfeição
qualquer ínfimo detalhe é razão para perder tudo
e se redescobrir nada,
para começar de novo a caminhar
nu e sem bagagem.
A dor é imensa
e a dor de não ter feito ou dito na altura exacta
é o pior.
Deixar levar...
Ser preguiçoso e teimoso e descrente
da única razão que o faz crente em si
e na vida,
é a maior das violações
para consigo mesmo.
E demora e demora e demora a passar...
A única coisa que parcialmente cura esta amargura
é o fazer o amor com e só a vida.
Fazer amor, querendo dizer,
se dar ao outro bem nos olhos,
fazendo dos outros continuação de si mesmo,
em tom de simpatia, absurdo e paradoxo.
Que estar formado,
julgando-se ser terminado
é morte à ordem que o faz sempre e sempre crescer.
Não há dúvida que todo o dom
é também uma maldição,
um peso e uma chatice sem qualquer razão.
A morte sonha-o alto
e assim deve ser.
Amando o que de pequeno
vinga ser maior nesta vida.
Amando o que de pouco
se dá e parece muito ao outro.
Quem sabe de que é que sou feito?
E quem sabe para onde vou
e onde me levará tal dom?
Sou mistério do conhecimento
adquirido de forma passiva e activa
em toda esta imaginária vida.
Concreto o sou aos olhos
mas por dentro vive
a satisfeita insatisfação
da ordem que me não quer parado
e desleixado.
E tenho agora uma coisa ridícula na cabeça
que se demora.
E a vida é feita disto também,
talvez, não sei.
Velocidade,
velocidade meu filho
que ela mostra o que és verdadeiramente.
Não te frustres nos medos.
Esse nó na garganta,
vomita-o ao outro em tom de alegria
e sara essa ferida em harmonioso egoísmo
que ninguém vê.
Tudo necessita expressão.
Se algo dentro chateia,
larga-o a fora de outra maneira
e vê o que faz por aí,
nos outros e assim.
Por dentro tens de ser antro de sabedoria
e dignidade,
tens de ser harmonia e serenidade.
No mundo?
O mundo e a vida são para sujar
com mãos pretas e coração de ferro
largar as tuas cores de amargura
que para outro são, quem sabe,
belos laranjas, amarelos, verdes e azuis.
Parece que te esqueceste disto...
(Lembra-o antes que te esqueça.)
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