domingo, 30 de novembro de 2014

Oh decisão, decisão,
não queres decidir por mim?

Manda uma bomba,
uma catástrofe natural,
uma coisa clara e certa
que amanse a mudança incerta.

Num domingo mudar de quarto,
mudar de casa...

Prefiro amanhã.

Mas amanhã chega deveras
e torna-se hoje
e o hoje é coisa de consequências brutais!
(para o bem, para o mal).

É que é à pressa pa!

O inquilino do lado é venenoso
e o ambiente se perdeu:
deixei de ter o meu
e o vazio.

Quero do outro
mas e se o outro me colhe mal?

Leva olhares frios para se soltar de mim?
Oh pois, com certeza,
a defesa natural da sociabilidade forçada.

Oh, decisões, decisões,
o que acarretam vós!
(e o que cresce do estar aqui parado
a vos ver sentado, sem a mínima proximidade
- só fantasmas.)

O palerma sou eu, afinal.

Que do lado pode estar outro
e ser o lado meu o em que ser
independente,
crente.

Palavras não espantam realidade.
Escrever existe para quem não mete o pé à frente
e observa o que lhe cai na vida como criança com demais vista.

Portanto, escrever não
para tomar decisão.

É do vento a vida,
e se me a isto custou
há desvio e provável encontro outro
que nem espera tinha porque não prevista.

Saio porque tem de ser,
fico porque ainda acredito
(que o venenoso se esvai)?

Ah, mas há quem seja dono do dinheiro do ninho
onde dormir, esquecer e querer e crer.

Há que satisfazer as colunas que nos sustêm.

Ser sensato, adulto, inteligente e elegante.

Assim se faz a vida.


Em Lisboa sou só mais um
que luta a vida a viver a perda que está no ar
que sorri, cheia de afecto, para nós que andamos as ruas
(e nos deitamos tarde embriagados).

Oh, que não queria fazer isto!

Mas a vida não é só nossa,
há os outros e os outros são
- precisamente nestes casos -
parte de nós.

Mudam-nos a vida
e só o eu pode levar isso para terras de cima
e não ficar amargurado pela paragem e estadia em terras baixas.

Ah, mas o que digo eu!

É domingo porra!

Mexe-te mas é
ó cabeça sem pé!

Sem comentários:

Enviar um comentário