Fica do canto ao canto,
cidade roubada do espaço
de conforto que já não é.
Resta a mudança,
esse grito de esperança
que parece de amor
porque faz gaguejar,
tropeçar e tremer.
Oh mudança!
Que te fujo mas me mostras,
sendo a mostra a coisa que se não quer mostrar não hoje em dia.
Fica o inevitável,
a força de saber mudar
quando tem que ser
e escutar pouco ou nada
o que não tem nada a dizer.
Vejo que os outros são ilusões de óptica.
Quanto mais próximos de ti querem
mais furados de si são e estão.
Então eu quero aquele, aquela,
aqueles que me não querem por falta sua
mas vontade só.
Aqueles que conseguem perceber
que não há nada a fazer
senão estar bem com o outro
para estar bem consigo mesmo.
Não por fuga,
não por medo,
não para divertir
(e esquecer)
o tempo.
Tou farto de sangue-sugas!
Infelizmente há-os mais que os de só
compreenderem-se bem.
Aqueles
que sabem que do nada se vê tudo
e têm a destreza e coragem de o confrontar.
Não há certezas nesta vida amigo.
Hoje podes estar-te a sentir um rei
e amanhã cair-te um mendigo às mãos,
aos pés
e te veres nele reflectido - tu nítido.
Cheio de ilusões e de ser levado por elas
por simpatia, agradar em demasia.
E eu?
Coisa de espaço em sintonia com tempo,
coisa de futuro, presente, passado.
O Eu.
Coisa que avança com pés de experiência
- se atento, se atento...
Desabafo de ter de estar em sítio,
ganhando o ganho de poder independência,
casa - decência?
(Pois claro, porque não?)
Não gosto que me puxem.
Puxem-se a si mesmos.
Eu me puxo tanto
que não vejo como tenho de puxar os outros.
Assim não me puxes a mim.
Quero só perto quem saiba de si.
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