Foi de verso assim que nasceu a prosa de mim.
Coração de feto cheio que alarga a raiz, nascendo árvore mais de mim.
Agora, pelas ruas respiro o ar de não saber,
encontrar quem me tem a dizer
e escutar o que antes entrave
hoje continuação
- pois mais um pouco... ah, continuação!
Crescer é dar tempo ao tempo,
não lhe tomar demais responsabilidade
porque quem de individual uma identidade total?
Há o quotidiano!
Oh, o ver e tocar
quem de fora ao passado colhe aqui meu presente
em tom de nenhuma saudade mas o estar aqui,
o simplesmente estar aqui e agora.
Porque há continuação,
descobri-a - ela existe!
Fogo de conter lá na hora do chão.
Hoje sou bruma, brisa
que leve leva o pesado
como quem se não queima com o passado.
Falo quando posso,
mexo quando quero,
penetro quando sinto.
Tem de lado o certo,
tem o lado que o leva ao correcto.
Viver com feridas
é sará-las com alegria de quem cresce.
Palavras os dardos de meu pensamento
que acertam em cheio num qualquer deslumbramento.
Que o receio é sozinho,
é recheio e não alimento.
Alimenta o tempo com além,
colhe qualquer desdém com ir
e vem,
e vem...
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