Enfim, nada de novo aqui.
Sou rei e sou mendigo,
vivo feliz por nada
e infeliz por tudo.
Em causa está o meu cérebro e coração,
o mundo nada é a isto
mas os representa e assim turva minha visão.
Consigo vislumbrar ainda
brechas de luz mas rápida a mente
se turva em ilusões de desilusão
que procuram só a mente escuridão.
Fosse eu feito de racionalidade
como meus muitos conterrâneos
e tudo isto se evaporava rapidamente talvez.
Mas sou feito de algo espesso que ama a luz
mas ama mais a sombra.
Daí, quando disciplinado, me envolvo nela
para que não me ela entre por aí,
por espaços que desconheço
por este mundo a fora.
Estou negro meu irmão
e infelizmente nem tu, nem ela
me podem agora ajudar.
Percorrer caminho para pisar isto.
É tempo de tempo e com tempo
se encontra finalmente espaço.
(Hoje no fim de algo interessante
escrever ali num jardim público
senti o vento como único ente
- e essa sensação, esse vazio que causa,
que lembra a morte e o sozinho que se está
neste mundo, fez-me realizar existencialismo
importante a mim.)
Eu sou um buraco negro
que se se pára se come a si mesmo.
Encontro o dom da vida em coisas pequenas.
A minha subtileza, destreza e elegância
não estão.
A fluída ida da vida está tensa,
parada.
Tenho de mandar este pântano
à cara da vida,
ao mundo e aos inimigos do futuro.
A obrigação da descoberta.
O à vontade de poder sorrir
porque se sabe rosnar.
A alegria de dar, tocar e amar
porque se tão mais sente ódio
pelo que se não gosta
e é grotesco, feio e passivo.
O céu está lá,
a lua, as estrelas, o rio,
as velhas à janela,
as gaivotas, os sinos da igreja,
as cervejas nocturnas e suas conversas loucas
com amigos, os carros, as pessoas,
a maravilha de estar vivo a cada momento
e sabê-lo e sê-lo como uma dádiva
e como tal, como uma obrigação.
Não quero mais ser assim.
Estou perro, o universo de minha alma
está perdido.
O trabalho não engraça comigo.
Não consigo dar a quem me tão quer.
Estou perdido.
Sangue tóxico de meu caminho a queimar
e das cinzas abençoar feroz caminho
que tive a capacidade de perdoar.
À noite lembro isto.
De dia outras coisas
mas enfim, sei o que digo e sinto.
São certezas que a escrita me diz,
sem escrever não sei pensar.
Assim tenho disto me entender,
desenvolver e ser.
Na sombra do caminho estará destino
e ver-te luz disso é ilustre à coisa da vida.
Quero prezar isto.
Este entendimento.
Esta coisa de vivermos
e nos entendermos,
a cima de tudo.
Esta coisa de viver
e ser vivido pela vida
e o mundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário