domingo, 31 de maio de 2015

Parece que não passa o tempo
e, no entanto, envelheço a cada momento.

Tenho aquela coisa da "vergonha de existir"
- texto que escrevi há anos.

"Com licença que eu vou passar."
Como se tivesse de pedir desculpa por ocupar espaço,
espaço esse que parece imenso e na verdade só mais um é.

É a sensibilidade que carrego e não fujo.
Já fugi.
Talvez devesse fugir um pouquinho outra vez.
Talvez.

Está quase lua cheia.

(Ontem devia ter ido ao bailarico
invés de ali sentado a falar estar.)

Ainda de ressaca luto alguma vida
mas estou pesado e estranho.

Amanhã trabalho novamente.

Queria mudar de sítio,
quarto, trabalho, aspecto e ter.

Inércia, deixo-me levar.
Como se não tivesse a decidir o destino de meu ser.

Há qualquer coisa que tem de mudar aqui.

Sempre me escrevi para existir em pleno,
própria criação de minha imaginação.

Hoje sou perfeitamente real e espontâneo
mas isso é como que monótono e pouco divertido.

Qual a graça de andar no chão quando já se inventou o céu?

Era invenção, era invenção...

Foi.
Agora é outra história.

Mais um dia meu velho.
Caminha o sol da esperança em sombra de luta próxima.

Ser pela primeira vez
outra vez.

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