Parece que não passa o tempo
e, no entanto, envelheço a cada momento.
Tenho aquela coisa da "vergonha de existir"
- texto que escrevi há anos.
"Com licença que eu vou passar."
Como se tivesse de pedir desculpa por ocupar espaço,
espaço esse que parece imenso e na verdade só mais um é.
É a sensibilidade que carrego e não fujo.
Já fugi.
Talvez devesse fugir um pouquinho outra vez.
Talvez.
Está quase lua cheia.
(Ontem devia ter ido ao bailarico
invés de ali sentado a falar estar.)
Ainda de ressaca luto alguma vida
mas estou pesado e estranho.
Amanhã trabalho novamente.
Queria mudar de sítio,
quarto, trabalho, aspecto e ter.
Inércia, deixo-me levar.
Como se não tivesse a decidir o destino de meu ser.
Há qualquer coisa que tem de mudar aqui.
Sempre me escrevi para existir em pleno,
própria criação de minha imaginação.
Hoje sou perfeitamente real e espontâneo
mas isso é como que monótono e pouco divertido.
Qual a graça de andar no chão quando já se inventou o céu?
Era invenção, era invenção...
Foi.
Agora é outra história.
Mais um dia meu velho.
Caminha o sol da esperança em sombra de luta próxima.
Ser pela primeira vez
outra vez.
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