terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Quando pelo lado ando,
e não tenho onde pousar meu voo,
a rua é o meu chão, serão e tela.

É onde esboço minha solidão e convívio
como se de ninho fosse o mundo.

Quando cansado,
lá durmo na cama paga
mas não é ela a do repouso da alma.

A alma sempre lá fora!

Oh noite,
toda tu,
não interessa o dia da semana,
para mim és sempre sexta-feira!

O dia tem demais atenção
e essa não deixa entrar a inspiração.

É com cuidado
que lembramos o que vem do passado
para o futuro.

E é de manhã que dança a chama do voo
- ainda mais quando dormindo.

Não, não é domingo
mas quase;
é segunda
o que é estranho
pois não houve uma primeira.

Gosto de me esconder.

É uma chatice,
é uma espécie de viver.

Vêm de lá,
lá do longe,
pessoas com notícias e outras
mas eu só sei daqui.

Sou de hábito,
resisto a toda a mudança
mas logo que ela em mim dança
amanso-a em água terna.

Do baixo colho o alto
e quando no alto
o baixo parece-me o maior dos céus.

Vou devagar para a cama.
Queria a rua mas não a há
quem comigo a der.

Que o sono me guarde sonhos
para o que der e vier.

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