domingo, 14 de dezembro de 2014

Qual de vontade absoluta me loucura a imaginação em domingo de ressaca
meio que bruta.
E no tropeçar mesquinho de não ter onde ir,
nem quem escutar,
caírem-me na mesa da esplanada
personagens dúbias de minha estada
neste dia, nessa noite.
São aquelas personagens
que o álcool me conhece
e, ainda antes do pensamento,
o fenomenal convívio e a abertura ao desconhecido.
Cova da Moura é onde ele vive
(vivia em Oeiras quando o conheci)
- e com certeza o amigo que vinha com ele.
Conhecemo-nos no comboio,
linha de Cascais,
quando ainda vivia eu por lados silenciosos
e demais espaçosos.
"Tavas com o telemóvel a tocar som
enquanto dormias ferrado
e fui eu que te acordei à quarta tentativa
avisando-te de libertina conduta
e vulnerabilidade ao furto alheio".
Não me disse assim claramente
mas estou inspirado de mente,
ao que me deixo procriar absurda linguagem
e interpretação.
Boa gente certamente.
Mas interrompeu-me o serão de solidão,
o copo de cerveja e a leitura
- possível futura escrita ou desenho.
Senti-lhe a tensão
e um misto de conforto e desconforto
entre o seu sentar à minha frente
e a minha continuada leitura do que afinal me interessava ali.
Sou de sociabilidade
mas há-lhe momentos e ocasiões.
De resto gosto
- e gosto muito -
de me desaparecer por aí sozinho,
sentar ou andar sem destino
senão o talvez me perder em pensamento
outro, fora do da minha realidade "certa".

Mas o que queria dizer é que com aquela tensão,
aquela interrupção,
a inspiração se foi
e assim invés de escrever o que da mente vi
escrevo-te a ti.

(Nada se perde tudo se transforma.) 
 

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