Tenho um ódio grande guardado no centro do coração.
É guardado à passividade e a tudo o que é igual a tudo
de contemporaneidade.
Ser só actual é tão doentio que me magoa a estria espiritual.
Fico meio que doente quando vejo seres de hoje que parecem robôs
e orgulhosos disso me metem ainda mais nojo, pena, desprezo
e... ódio.
Mas é um ódio lixado porque minha "religião" não me permite
deveras odiar o outro portanto tenho que tentar reprimir este ódio
com auto-mutilação mental.
Bom, não gosto disto nem daquilo mas para que o equilíbrio exista
e já que essa gente existe e eu a vejo, tem que assim ser.
Normalmente estou demais distraído pelos meus sonhos e ideias
mas como hoje estou perdido, dou-me ao encanto desencorajador
de odiar toda esta gente.
Que é cada vez mais e cada vez mais orgulhosa...
Bom, com trump nos Estados Unidos e o putin na Rússia,
Coreia do Norte com aquele "filósofo"
e o berço da civilização - Médio Oriente -
em chamas,
é difícil encontrar alguma coerência espiritual
neste mundo economicamente histérico e sinistro.
Também reparo que estou sempre agora a falar de espiritual...
Um gajo fala do que não tem, né?
Porra, inverso do que queria se tornou minha vida,
sendo que nunca quis mais do que paz de espírito interior.
É o mais difícil de alcançar, eu sei
mas como nisso me sempre foquei e pó caralho
com tudo o resto, sempre foi "fazível" até agora.
Algum ódio é essencial para viver a vida em civilização -
e até sozinho diria - há que haver discrepâncias emocionais
intimas, pois sem ódio o amor é demais frágil,
tanta merda neste mundo pronta a o tão tranquilamente destruir.
É como a árvore que graciosamente cresce devagar
a caminho dos anos que poderá viver
e se uma besta humana a quer cortar
o fará em minutos...
Crescer, para crescer é preciso paz,
compreensão, tempo e espaço.
Para destruir basta o fazer.
Aí, deveras o diabo ganha a deus...
Sendo deus o crescimento lento
e o diabo a destruição, a morte da árvore.
Mas também não julgo o diabo
como coisa negativa só.
A negatividade tem muito que se lhe diga...
E num mundo perpétuamente entorpecido
pelas engrenagens da industrialização
e hoje, tecnologia, o diabo é tão mais fácil que deus
para a poesia, para a arte, para a "nova luz".
O fim deste mundo, começo de um outro
finalmente interessante e respeitador.
Neste aspecto gosto e faço de misturar
o ocidente com o oriente.
(sendo que o diabo no Oriente é só
mais uma força integrada no divino geral)
Diabo para mim é o verdadeiro conhecimento
que dói fisicamente em quem o pensa.
Isto, porque é luz nova que o próprio
consciente e identidade do momento
tem dificuldade em digerir.
Deus, é só uma força
que está sempre lá,
sempre a querer crescer, se manifestar,
nem luta nem nada: É apenas.
Ora, em tempos de absoluta desorientação,
sem diabo deus é absolutamente substituído por "algo".
Portanto acredito no equilíbrio,
acredito que há tempo para tudo
e para lidar com as forças rápidas que desprezam o além de si
para depois, finalmente, poder-se viver em paz,
aí sim!
O pessoal quer viver em paz e saudável
com um mundo doente...
aí só dá merda.
E é essa gente que vejo por aí
e tenho algum ódio sim.
De alguma forma
muito mais digno é,
nos tempos que vivemos,
um vagabundo
que vive de comer e dormir apenas.
Está tão mais ligado à razão de viver
que quase todos nós.
Digo isto
porque noutro dia
estava a passar por aí desorientado
e vi, um vagabundo, sentado a dormir
enquanto milhares de seres, tiravam fotos
e sorriam, com roupas de marca
feitas em países de terceiro mundo.
Por mais que se queira ser sábio na actualidade
é difícil não cair na corrente do absurdo.
É preciso estar bastante equilibrado,
consigo mesmo,
para poder perder (neste caso ganhar)
o seu tempo com as pessoas do mundo.
Porque a pessoa equilibrada sempre vê
o equilíbrio nos outros,
e nisto, perpétua o equilíbrio.
Mas quando uma pessoa,
por razão qualquer,
está cansada de se equilibrar
porque já se habituou a estar desequilibrada
e não consegue encontrar o seu caminho,
o mundo só descarrila mais e mais o seu destino.
É por isso que quando perdido
mais vale fechar as orelhas e deixar o mundo
andar por aí e, com tempo, com mudança pessoal eventual,
a coisa volta ao compasso normal.
Não me gosto de permitir ódios demais
porque sei que guardam um problema meu
e não dos demais
mas quando se olha, com olhos de ver,
o mundo de agora,
só dá vontade de lançar bombas
e coisas idiotas como se vê hoje
nas notícias em todo o lado.
Palhaçada, é o que é.
Nunca houve tanta escravatura como hoje em dia,
incluindo claro a assalariada.
O terrorismo actual
é menor do que o dos anos 70, 80.
Vivemos em guerra de informação
sem nunca ir à janela e ver e ouvir
o pássaro nativo piar
em alegria do verão ou primavera
estar a chegar.
Tá tudo maluco
mas não pela realidade,
vivemos tempos virtuais
em que o próprio físico humano,
mente humana,
espírito humano,
está confuso e desvirtuado de seu propósito na Terra.
Se calhar é tempo de eu ir para a Terra,
desconectar-me da "rede".
Não me identifico com nada do que se passa hoje em dia...
Peço desculpa por esta sinceridade
que deveras não me dou à liberdade de expor neste blog
em tal força de obrigatória elevação artística e humana.
Mas às vezes cansa escrever, ter ideias e ideais,
ser poeta talvez,
num mundo tão absurdamente perdido
e desinteressante.
Até Lisboa que foi sempre o meu berço espiritual,
começa a ser - ou já é, claramente -
uma cidade como todas as outras:
starbucks, hipsters, burguer king, h & m,
etc etc etc etc etc etc etc.
Monogamia económica que vomita
seres humanos e caga marcas
que as pessoas TODAS comem!
Ah, que se foda tudo isto.
Estou cansado e apetece-me
caluniar o mundo.
O que eu quero é criar,
o que quero é ir,
ser nómada para que este sedentarismo económico
não me pegue.
Mas aqui estou e vou ficando
enquanto não vou
e assim posso caluniar o mundo
daqui à vontade
porque já não acredito nele,
é verdade.
Estão a vir os homens do lixo,
acho que vou para a cama.
Sonhar é melhor...
Sem comentários:
Enviar um comentário