A poesia despreza as dificuldades da vida real, física.
A poesia encontra o seu consolo na destruição
dos limites pessoais.
Vai ao existente do existencial conhecer,
finalmente,
algo.
Esse algo é a poesia.
Se a poesia sempre me foi vida,
hoje me não é
porque procuro outra saída.
Mas sei que me és minha
e sei que sou teu.
Além vida física que me canso
sei que existe esse irreal mais que real
teu.
Então, és deveras a minha única deusa.
Deusa que dá e tira vida,
deusa invejosa e ciumenta
que me mete todo torto
se não me sirvo a ti
só.
São tempos de espera.
São tempos de procura material.
São tempos de teu longe perto
espiritual.
Minha mãe, filha e amante,
coisa eterna do canto de crer
mais que querer.
Eu sei que sou isso...
Mas agora tento algo outro
mais perto desta civilização
que sempre quis reduzir a cinzas
tendo meu leito somente em ti.
Esperas-me?
Sei que sim.
Pois dei, dou e darei
minha vida por ti.
Poesia minha que me canta aos céus
terra e nela nem voo mas ando
como santo de lado algum
senão imaginação.
Algo outro,
outra algo,
o descarrilamento do humano
que conhece
finalmente o real
que é sonhar acordado.
Nado o sonho
com as preces
deste mundo
que me consola vivo
e perdido.
Achei-te
e disso nunca me perco!
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