sábado, 11 de fevereiro de 2017

É preciso tudo estar certo,
isto é, nada identificado como um erro
para que a vida seja prolificamente neutra
e assim como que infinita.

Se o coração sente e identifica coisas
à mente, na e da realidade,
(que o chateiam)
então não há paz e todo o potencial
de inteligência e intuição está obstruído.

Bem dentro de cada um de nós
há uma identidade fortíssima e
uma consciência brutal do que se é,
do que se deve ser.

Se esta foi interceptada por algo
que a magoou ou evidenciou à realidade
então o coração sofre brutalmente
e não deixa esquecer
- pois esse nunca esquece...

Assim, há que ou mudar de sítio
ou mudar de situação ou até mudar de identidade
- sendo que se mantém a mesma sempre igual dentro.

O problema de alguns seres é serem demais lúcidos
para coisas iguais e comuns a todos nós.

Rapidamente tudo se perverte se a obediência
a essa identidade prima e original
for posta em causa ou mesmo traída.

A maioria de nós esquece esta identidade de essência
à primeira grande dor, seja pelo amor dos pais,
seja pelo amor por outrem exterior ao antro familiar.

Outros vêem esta identidade como a única real
e merecedora de toda a nossa atenção e intenção.

Como recuperar esta identidade?

O amor magoa porque evidencia-a...
O amor é uma força brutal e esmagadora por isso.

É a única coisa que a evidencia ao mundo.

Por isto, muito cuidadinho quando amas alguém...

Pois primeiro que tudo no mundo
é preciso saberes te amar a ti mesmo
e só - nada, absolutamente nada, mais.

Se o amor que sentes por alguém
faz-te esquecer esse teu amor
cuidado com o salto
porque se falhar
vai demorar a encontrar
essa identidade própria,
esse amor teu e só.

E pode nem ser a tua amada
a te magoar mas uma outra pessoa
ou coisa ou situação.

O amor é só para os realmente fortes de espírito.

...ou então é distracção para aqueles
que vêem o espírito uno como única arma
e solução para esta vida.

Como o Vinicius dizia
"é preciso amar"
e sim, é verdade,
mas alguma calma nesse real sentimento.

Mas o que digo eu
que sempre que o sinto
me lanço de cabeça para explodir
e implodir todos os meus conceitos e pensamentos
e ideias e pressupostos?

Gosto da transformação
mas dói irrealidades esta coisa
parva de amar.

A vida, a realidade, o tempo, o trabalho,
a família, os amigos,
nada sabem destas coisas.

Só tu as sentes
e isso é que é a chatice da solidão.

...pois a outra, a outra solidão
que eu tanto aprecio e amo,
essa é sempre bem vinda
mas esta não.

É o problema de não reconhecer limites
e pensar que a vida é uma brincadeira...

Aí a vida, a realidade, o mundo, diz
nã, nã:
volta lá à tua pessoa e momento
e contempla o que fizeste, perdeste e ganhaste,
por muito tempo
até chegares a uma solução.

Até lá sofre cabrão!

Sem comentários:

Enviar um comentário