Quando em vida carregas o dom da luz
por seres sozinho e pedra preta de teu conhecimento
e de repente entra outra pedra
que te quer olhar, ouvir e partilhar.
São duas pedras então.
Uma quer o céu
e a outra quer o chão.
São pedras juntas e pedras sempre serão.
Memórias de tempos em que a coisa quase voou,
voou um pouco, sem dúvida e me esqueci
ser pedra até.
Mas aí está, esquecer ser pedra quando se é
é erro absoluto da disciplina que me faz ser da luz
sempre.
(Mesmo e principalmente porque sou pedra preta,
triste, fechada, fraca e cobarde
- erro acertado apenas por ser por mim consciencializado:
daí luz)
Ai, esta coisa de nos tocarmos e partilharmos
dá para o bem e para o mal.
Vi umas fotos e sei que houve e há...
Mas agora só distância.
Cansam-me as emoções.
Metem tudo numa ridícula organização
a que o racional e até o coração não chegam.
Tenho medo disto,
tenho medo daquilo.
E sinto o medo a cima de tudo.
É essa a minha merda,
sempre foi.
Quando chego a algum lado,
algo ou alguém neste mundo me distrai
e caio no pântano irreal e irracional
de me demais saber
e saber disso tudo afinal.
Voltar à essência
para voltar a mim.
Voltar a essa inevitabilidade:
nascer e morrer só,
em individualidade.
Oh, que eu sou de estar fechadinho no meu cérebro
e mundo imaginado.
Que mentira seja
não me interessa,
só sei que é a minha verdade.
É complicado ser espírito
em corpo de humano
numa cidade astral.
Falar de mim deus.
Só quero aprender a dar, receber
e afastar quem não quero e não me quer.
Angústia de o mesmo cérebro que amo em conquistas metafóricas,
oníricas e fantásticas
ser o mesmo que se magoa com coisas tão pequenas como lhe dizerem isto
ou aquilo.
Depois se retrai e retrai até só poder cair
e renascer.
Assim nasci,
assim sou.
A vida parece ter de ser descoberta sempre.
O que já sinto e sei
se perde em angústia
e morre ou me mata.
É noite
e amanhã será dia.
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