quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Quando em vida carregas o dom da luz
por seres sozinho e pedra preta de teu conhecimento
e de repente entra outra pedra
que te quer olhar, ouvir e partilhar.

São duas pedras então.
Uma quer o céu
e a outra quer o chão.

São pedras juntas e pedras sempre serão.

Memórias de tempos em que a coisa quase voou,
voou um pouco, sem dúvida e me esqueci
ser pedra até.

Mas aí está, esquecer ser pedra quando se é
é erro absoluto da disciplina que me faz ser da luz
sempre.

(Mesmo e principalmente porque sou pedra preta,
triste, fechada, fraca e cobarde
- erro acertado apenas por ser por mim consciencializado:
 daí luz)

Ai, esta coisa de nos tocarmos e partilharmos
dá para o bem e para o mal.

Vi umas fotos e sei que houve e há...

Mas agora só distância.

Cansam-me as emoções.
Metem tudo numa ridícula organização
a que o racional e até o coração não chegam.

Tenho medo disto,
tenho medo daquilo.

E sinto o medo a cima de tudo.

É essa a minha merda,
sempre foi.

Quando chego a algum lado,
algo ou alguém neste mundo me distrai
e caio no pântano irreal e irracional
de me demais saber
e saber disso tudo afinal.

Voltar à essência
para voltar a mim.

Voltar a essa inevitabilidade:
nascer e morrer só,
em individualidade.

Oh, que eu sou de estar fechadinho no meu cérebro
e mundo imaginado.

Que mentira seja
não me interessa,
só sei que é a minha verdade.

É complicado ser espírito
em corpo de humano
numa cidade astral.

Falar de mim deus.

Só quero aprender a dar, receber
e afastar quem não quero e não me quer.

Angústia de o mesmo cérebro que amo em conquistas metafóricas,
oníricas e fantásticas
ser o mesmo que se magoa com coisas tão pequenas como lhe dizerem isto
ou aquilo.

Depois se retrai e retrai até só poder cair
e renascer.

Assim nasci,
assim sou.

A vida parece ter de ser descoberta sempre.

O que já sinto e sei
se perde em angústia
e morre ou me mata.

É noite
e amanhã será dia.

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