É uma coisa estranha
mas na verdade
tenho saudade de morrer.
Saudade de na verdade
saber nada importar ao mundo
e nisto vê-lo cheio de graça
todos os dias, como que agradecido por existir.
Saudade de saber
que ao deitar ia ter com a minha criança,
sonho, amor.
Não tenho tido isto
e isso é esgotante.
Parece que tenho de estar
todo o dia vivo,
todos os dias acordado e não em sonho
como, antes que conseguia morrer, conseguia.
Porque a vida é um sonho,
uma perspectiva,
uma circunstância,
fruto de teu intelecto
- se ele suficientemente poderoso.
Não consigo chegar ao âmago de mim.
Será porque me mudei a fim de?
Decidi largar a minha essência há uns dois, três anos
e largar-me por aí.
Sabia-a certa.
Sabia-a.
Agora não.
Agora pareço não saber,
de verdade,
nada.
Assisto-me por aqui,
mais enfrentando medos
que verdades.
Estou perdido no mundo
e não perdido em mim.
Trato dela e não de mim.
Penso no material e não no espírito.
Penso em muito invés de no pouco.
Como o meu dia de hoje:
a qualquer momento posso ter de ir trabalhar
fruto de uma mensagem positiva.
A qualquer momento
posso ter de ir a casa buscar uma encomenda.
A qualquer momento tenho de mudar
o que estava a pensar.
A qualquer momento,
a qualquer momento.
E o meu momento?
Onde está o meu momento?
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