domingo, 4 de setembro de 2016

É uma coisa estranha
mas na verdade
tenho saudade de morrer.

Saudade de na verdade
saber nada importar ao mundo
e nisto vê-lo cheio de graça
todos os dias, como que agradecido por existir.

Saudade de saber
que ao deitar ia ter com a minha criança,
sonho, amor.

Não tenho tido isto
e isso é esgotante.

Parece que tenho de estar
todo o dia vivo,
todos os dias acordado e não em sonho
como, antes que conseguia morrer, conseguia.

Porque a vida é um sonho,
uma perspectiva,
uma circunstância,
fruto de teu intelecto
- se ele suficientemente poderoso.

Não consigo chegar ao âmago de mim.

Será porque me mudei a fim de?

Decidi largar a minha essência há uns dois, três anos
e largar-me por aí.

Sabia-a certa.
Sabia-a.
Agora não.

Agora pareço não saber,
de verdade,
nada.

Assisto-me por aqui,
mais enfrentando medos
que verdades.

Estou perdido no mundo
e não perdido em mim.

Trato dela e não de mim.

Penso no material e não no espírito.
Penso em muito invés de no pouco.

Como o meu dia de hoje:
a qualquer momento posso ter de ir trabalhar
fruto de uma mensagem positiva.

A qualquer momento
posso ter de ir a casa buscar uma encomenda.

A qualquer momento tenho de mudar
o que estava a pensar.

A qualquer momento,
a qualquer momento.

E o meu momento?

Onde está o meu momento?

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