sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Acordando o sol à noite
filha da madrugada
anoitece a minha espera
enquanto na penumbra
do pensamento eu me tento iluminar
de tempo e espaço com a floresta daqui.
É do silêncio, da paz, da terra, do ar
que vêm as grandes questões a resolver
na mente de quem só vive para criar.
Em tal triste mundo onde a glória
está num bem material que se tem de ver
para ser, tento redescobrir a luz de dentro
no compasso frágil mas certo da consciência
do eu só, do eu tudo e todo,
aquele que viveu, vive e viverá em concordância 
com deus
- a fim de ser ele mesmo deus novamente.
Cada passo uma possível abertura
a esta conquista pessoal e silenciosa.
Sei de onde venho
mas tenho distracções a mais
na cabeça para poder lá chegar inteiramente.
Isto da cidade cansa...
Viajo para outros mundos, culturas
e países e vejo que a base está toda igual,
capitalismo brutal e descrente de humanidade,
verga-nos todos a uma passividade que abomino.
Tenho de ir à floresta, ao rio, ao mar,
ao céu, buscar forças para continuar a habitar
este mundo tendo por certo, mais certo,
o meu.
Aquele que pertence a todos,
aquela da natureza cheia de vida,
aquele que nos deu a todos vida e nos há de a tirar.
A esse mundo quero pertencer mais do que a este
que meus olhos vêem.
O mundo da vida, da criação, da beleza e da possibilidade.
Este por onde os homens se vergam para conseguir ter um
espaço onde dormir e a pequena soberania de pagar para existir
não me chama muito para a vontade de viver.
Aliás, se fosse por este mundo
já me teria ido há muito.
Mas eu conheço o Outro
que guarda os infinitos Outros
da criação.

Bem, já chega de "esoturismos" escritos,
vou à rua...

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