Derradeiro passar do tempo
que lembra futuro ser passado do presente.
Ó reis da criança que ferveu em desesperança tanta
que esqueceu, desistiu e perdeu
as danças aladas que riam o tudo não querendo nada
senão mostrar-se absoluto como se sentiu.
Crescer é assim escamar, deixar cair a pele morta,
queimada do tempo as não ter vivido mas tão somente imaginado.
Mas a imaginação é vida também, não?
Imaginação é viver tão perto que tudo e todos alcança
- aqueles que perto ouvem, sentem e vêem:
perto daquele que em imaginação tanto mas tanto viveu.
Crescer é talvez dar espaço ao outro,
à vida até.
Saber senti-la como um deus que observa sem julgamento,
sorrindo o erro e a conquista como faces da mesma moeda.
Tento crescer e ver com olhos de nada o que me acontece.
Aprecio e conto os dias como algo de novo,
felizmente.
No entanto, sempre resta e há,
aquele espaço tão infinito quanto,
parecendo, eterno:
a mente.
Esse universo tão vivo se quem o sente
acredita e nele se revê presente.
Por vezes me cansa o viver...
O estar, parecer e falar por aí
a tudo e todos.
Parece que perco invés de ganhar.
Estranho, é?
No meu canto,
com os pormenores que me surgem,
ligações se formam perfeitas e delicadas,
acarinhando-me o intelecto com coração de voz.
Tão simpático é este meu espaço pessoal,
e como que interior,
que muitas vezes não queria era dali sair.
Mas tem que sair,
tenho que de lá sair.
Porque assim é a vida
e a vida manda e é para mim
esse deus de que os outros falam.
Eu não falo.
Eu oiço.
(ela fala...)
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