quarta-feira, 25 de março de 2015

Derradeiro passar do tempo
que lembra futuro ser passado do presente.

Ó reis da criança que ferveu em desesperança tanta
que esqueceu, desistiu e perdeu
as danças aladas que riam o tudo não querendo nada
senão mostrar-se absoluto como se sentiu.

Crescer é assim escamar, deixar cair a pele morta,
queimada do tempo as não ter vivido mas tão somente imaginado.

Mas a imaginação é vida também, não?

Imaginação é viver tão perto que tudo e todos alcança
- aqueles que perto ouvem, sentem e vêem:
perto daquele que em imaginação tanto mas tanto viveu.

Crescer é talvez dar espaço ao outro,
à vida até.

Saber senti-la como um deus que observa sem julgamento,
sorrindo o erro e a conquista como faces da mesma moeda.

Tento crescer e ver com olhos de nada o que me acontece.

Aprecio e conto os dias como algo de novo,
felizmente.

No entanto, sempre resta e há,
aquele espaço tão infinito quanto,
parecendo, eterno:
a mente.

Esse universo tão vivo se quem o sente
acredita e nele se revê presente.

Por vezes me cansa o viver...

O estar, parecer e falar por aí
a tudo e todos.
Parece que perco invés de ganhar.

Estranho, é?

No meu canto,
com os pormenores que me surgem,
ligações se formam perfeitas e delicadas,
acarinhando-me o intelecto com coração de voz.

Tão simpático é este meu espaço pessoal,
e como que interior,
que muitas vezes não queria era dali sair.

Mas tem que sair,
tenho que de lá sair.

Porque assim é a vida
e a vida manda e é para mim
esse deus de que os outros falam.

Eu não falo.
Eu oiço.






(ela fala...) 

Sem comentários:

Enviar um comentário