terça-feira, 10 de março de 2015

Não há espaço à inspiração.

Tal espaço precisa da não razão
para se suceder a si mesmo, preciso
e ideal.

Nem demais sedução da mente,
nem números dançam e se resolvem
noutros mais altos, leves, dados...

Há só trabalho, tempo e dinheiro.
Coisas sem graça para a arte.

Longe o refúgio da memória
por tudo ser absolutamente imediato,
esquecido superficialmente pelo a seguir.

E penso se não será melhor
algo simples e só
que alivie a tensão e a liberte em espaço:
espaço de tempo - aquele de que mais sei afinal.

Ou não?

O hábito faz o animal.
O hábito cria o (novo) querer e crer.

Portanto sempre duvido dessa coisa do Ser...

Vai-se sendo de acordo com as circunstancias.
Mais prazeirosas ou não sempre ensinam algo
- sempre deixam algo marcado.

Portanto perdido
tento o passar dos dias e noites
me adiantar tecido, tela, terra
para andar, cultivar, sarar
esta coisa estranha a que se chama vida.

Chamo-lhe existência...por agora.

Melhor dizendo ainda: aprendizagem,
o infinito leito da curiosidade!

...mas há limites.

Coisas como compromissos e
coisas que se não deviam dizer,
relacionamentos essenciais e outros.

Sim, sim: coisas dos outros que tocam a mim.

Coisas que vejo hoje como, possivelmente, essenciais a mim.

Por isto, nem tudo infinito
e nem tudo absolutamente criança
pois o tempo tece marcas na cara e coração
que têm de ter a nossa maior atenção
- pois deveras têm razão
(pelo menos a sua razão de acontecer).

Vibro agora a escrita ao entendimento
e sorri a véspera da angústia
à compreensão.

E assim vai comboio este que dirigi
e hoje me dirige a mim.

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