Quando acordo
sei que vem a cima
a tristeza de não ter sido quem imaginava.
Pena que a vida te diga
que és quem mais desprezas.
Mas ao mesmo tempo
tu não mais acreditavas em mesquinhez
e que coisa horrivelmente baixa
pode-se sair de tão nobre irmã alma.
Mas aconteceu,
e o quê?
Um murro,
desprezo absoluto?
Não, continuei conversa
como se nada fosse.
Nada esse que se tornou um tudo
numa minha vida de continuação,
em perpétua monitorização de movimentos
e pensamentos por mim erigidos.
Mas que merda é esta?
Sou deus
ou deixo-me ser recluso de infelicidades alheias?
Difícil ser homem
para meninices de alguns fracos deste mundo.
Se têm merdas fiquem com elas,
não as projectem para mim
- ser fidedigno de toda a serenidade e sinceridade humana.
(Não há coisa mais grandiosa!)
Agora,
no bairro das colónias,
na maior das serenidades,
a vida parece-me mais do que imaginei.
Aquela solidão de morto que penso necessitar
nem sempre encontra o céu.
Se a alma dói há que,
se calhar, sacrificar coerência
e destacar o convívio com o próximo.
Aqui há família, cães e gatos,
festa e culturaS.
Aqui parece haver Vida.
E vida é o que se quer.
Que se fodam os meus
- que nem sequer meus -
demónios.
Fala e sê
e que a mesquinhez alheia
se evapore
por meio de tu seres quem és,
sem medo, sem remorso,
sem arrependimento.
Que te amem, muito bem.
Mas ama-te tu, a cima de tudo,
demais também.
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