sábado, 25 de junho de 2016

Quando acordo
sei que vem a cima
a tristeza de não ter sido quem imaginava.

Pena que a vida te diga
que és quem mais desprezas.

Mas ao mesmo tempo
tu não mais acreditavas em mesquinhez
e que coisa horrivelmente baixa
pode-se sair de tão nobre irmã alma.

Mas aconteceu,
e o quê?

Um murro,
desprezo absoluto?

Não, continuei conversa
como se nada fosse.

Nada esse que se tornou um tudo
numa minha vida de continuação,
em perpétua monitorização de movimentos
e pensamentos por mim erigidos.

Mas que merda é esta?

Sou deus
ou deixo-me ser recluso de infelicidades alheias?

Difícil ser homem
para meninices de alguns fracos deste mundo.

Se têm merdas fiquem com elas,
não as projectem para mim
- ser fidedigno de toda a serenidade e sinceridade humana.

(Não há coisa mais grandiosa!)

Agora,
no bairro das colónias,
na maior das serenidades,
a vida parece-me mais do que imaginei.

Aquela solidão de morto que penso necessitar
nem sempre encontra o céu.

Se a alma dói há que,
se calhar, sacrificar coerência
e destacar o convívio com o próximo.

Aqui há família, cães e gatos,
festa e culturaS.

Aqui parece haver Vida.

E vida é o que se quer.

Que se fodam os meus
- que nem sequer meus -
demónios.

Fala e sê
e que a mesquinhez alheia
se evapore
por meio de tu seres quem és,
sem medo, sem remorso,
sem arrependimento.

Que te amem, muito bem.

Mas ama-te tu, a cima de tudo,
demais também.

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