É demais o consolo para um adulto
querer comer e ter de o fazer.
Somos simples e ligeiros
mas a mente carrega o peso
da lembrança, da não eficiência,
da tristeza e assim.
Fui ali ali dar uma volta
pela avenida Almirante Reis.
Vejo de tudo,
vejo o mundo
e perco-me a mim.
Agora, sexta-feira, quer-se a loucura,
fantasia e a aventura.
Mas eu saí ontem...
Ontem um copinho de nada
- chama-se "shot" -
levou-me toda a coerência e alegria.
Vejo-me prostrado em pensamentos desconexos
e estúpidos - absolutamente infelizes.
Tristeza, não venhas a mim...
Tenho demais a combater neste mundo,
sendo eu que sou,
e pensamento bruto
que me constrói e é,
e é, enfim.
Falemos de coisas ridiculas e felizes.
Falemos sem nos complexar com as coisas da vida,
do amor e do afecto.
(Queria um abraço teu...)
Ontem quis me ver livre
hoje é a ressaca.
Ontem fui eu,
hoje és tu.
Parece que não sei destas coisas...
Fui-me embora demasiado cedo.
Despedi-me com medo.
Esse é o meu enredo:
esta coisa de olhar e gostar
mas não poder dizer
para poder andar.
Caminho é destino
e se até um pé o pode
porque não o corpo absoluto?
Visto a carne de azul,
a ti de cor-de-rosa
e o mundo de branco
- para poder escrever, rabiscar, desenhar
por cima.
Vou ali e sem mim
me sabem vivo
e paradeiro.
Escolho perder-me na infelicidade
quando a coisa não corre bem.
Engoli a pedra que me chateava
e tornou-se ela minha musa
- que coisa estranha...
Fala-me de coisas maravilhosas,
no além medo,
pouco desprezo:
um amor elegante,
sábio até.
Mas de que se fala aqui
senão de uma certa falta de habilidade
para ter razão?
Por vezes desejaria-me explodir,
pois assim me sinto quase todo o tempo.
Olho o fruto do ventre.
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