sexta-feira, 31 de julho de 2015

De vez em quando
minha criança me acorda,
bem de madrugada,
e me faz chorar.

Quando isto acontece
sinto uma absoluta felicidade
misturada com enorme tristeza.

(Vivo em perfeita harmonia cá dentro
- o que, na verdade, representa acesa natural guerra.)

Minha criança vem-me lembrar nascimento pessoal
e confronta meu tempo de corpo, e experiência,
com uma espécie de amorosa tirania.

Nesse confronto
sinto a absoluta razão da vida,
o grito do amor
rebentar a disciplina do dia-a-dia.

Perfeita sinceridade,
é tão bela que apetece morrer
- só por a sentir
assim sozinho e como que tranquilo.

Sim, porque aprendi demais cedo
porventura a amar-me cá dentro.

Sei isso ser o grande segredo desta vida
e não deixo coisa ou ninguém
me desviar do caminho segredo cedo descoberto.

Assim quando isto acontece
volto ao equilíbrio.

Volto a lembrar que não só há
as exigências do mundo
mas (talvez) somente
esta absolutíssima tristeza e alegria
que me faz chorar criança minha
ao dia do presente
como um bebé;
como um pai
que se leva a si mesmo
pela vida a fora.

Sempre junto a ele
e a sua criança,
o meu amor.

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