Falta-me inspiração...
Estou a viver uma miragem,
um desalento, uma evolução que não foi,
uma queda que não caiu, uma dança que se adiou,
um fogo que não queimou tudo à volta.
Estou a viver para juntar bem material,
longe do perfeito sentido que sempre a minha vida teve.
Aqui vejo a maresia de merda que é fazer algo
que já não se é.
É além caminho que preciso descobrir,
é além destino que preciso voltar a conhecer.
Me perder em sonhos malandros e vivos
e consequente vida cair em mim em pedaços frescos
e novos.
É para breve, sei-o bem.
Junto o bem material que se tanto hoje também precisa
e vou para outra, outra margem,
fazer novo caminho e
sorrir ao passado como pai de um filho ido,
independente.
Pois aqui vivo numa inércia de distracção.
Já não mais me vêm sonhos mas pesadelos.
Eu bem sei que é o que acontece
quando esforço meu espírito a algo
que ele não mais quer
ou tem onde se alimentar.
Pois eu vivo de explorar,
conhecer e descobrir
formas de sentir e tocar.
Depois, só depois disto, recordar.
Mas recordar numa penumbra de esquecimento
pois eu, eu sou o Agora, o Presente.
E esta coisa de pensar "lá para a frente" me destrói
e corrói.
Cheguei ao cerne de mim mesmo.
Para quê querer outra forma de ser
se nascemos assim,
perfeitos se,
e só se,
nos conhecermos.
Vá lá meu senhor,
só mais uns dias,
mais umas semanas,
se tiver que ser.
A mudança anda aí,
há que a deixar vir.
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