quarta-feira, 11 de maio de 2016

Utopia minha vem a mim que não vou eu a ti.

Não sei onde me andas,
não sei do horizonte
está preso no presente, no dia-a-dia,
na pressa de querer coisas
e saber delas resolvidas...

Mas o que é preciso resolver?

Há vida e é só!

Fazer dela dança e dançar com ela,
ser o movimento a cada momento.

Onde me está a saída em cada instância?

Espírito!

Fala espírito!

Coisa mais linda que a vida!

Coisa além da vida
pois em concordância com a morte,
coisa infinita de negra aos olhos
mas quente de sabedoria e compreensão.

Falta-me o ar
minha querida ave de impossíveis improváveis
e eternos sonhos de outro e outros.

Quanto me preciso esquecer em vento de maresia,
em neblina de irracionalidade, em plenitude de mar oceânico.

Quero-me perder em ti novamente.

Quero, ao menos, saber de ti novamente.

Quero tudo o que posso de ti e nada do mundo.

O mundo pesa,
tu não.

Estou pesado com a vida.
Falta-me a calma de velho e de cão
que tanto ano demorei a conquistar.

Quero mudar,
quero ser outro,
quero redescobrir esta coisa de viver.

O hábito destrói o espírito.

Pior é viver num medo qualquer que não existe
mas se sente.

E o sentir é verdade,
é a verdade...

Peito cheio,
parece que tenho que fazer mais,
ser mais, provar algo que não acho sequer necessário.

Quero a calma do morto em vida.

Quero a paz do velho vagabundo
que goza com aqueles que vão para o trabalho,
vive no seu mundo de passado imenso
e presente resplandecente
- por já não se preocupar em conectar um com o outro mundo.

Quero, quero, quero...

Mas que quero eu porra!

Calma pai, filho de uma mãe que não foi.

Há que ter paz no coração.

Saber do tempo,
saber de meter um pé à frente do outro,
de dizer adeus e olá
bem.

Toda a disciplina da vida tem que ser conquistada
no teu dia-a-dia.

Se o teu dia não te pede mais isso
tens que o mudar ou mudar-te.

A mudança é a transpiração do espírito.

Acordar desperto e rebentar com o mundo!

Fazer de portas pontes
e de janelas voos absolutos de mudança.

Saber chorar e rir com sinceridade tua.

Falar para ouvir,
ouvir para falar.

Procurar a concordância entre os seres humanos,
os animais e o além maior.

Essa é a tua sina,
a tua alegria e fardo.

Sê-a e encontrarás a calma que já está em ti
(és tu que a não vês ou não te deixas ver-la).

Sossego puto
que a vida só existe agora.

Aproveita.

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